segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Drogaria Arco-Íris adulterava e vendia remédios com data de validade vencida

DATA DE VALIDADE FOI CORTADA DO MEDICAMENTO PARA ENGANAR FISCALIZAÇÃO E CONSUMIDORES
Nesta última quarta-feira, às 15h, policiais civis de Itumbiara, coordenados pelo delegado regional Ricardo Chueire, deflagraram operação conjunta com a Vigilância Sanitária de Itumbiara, oportunidade em que uma unidade de uma grande rede de farmácias (Rede de Drogarias Arco-Íris), unidade da Avenida Santos Dumont foi alvo da ação, em seu depósito foram apreendidos centenas de blisters e caixas de um famoso e caro (R$ 160,00 a caixa) medicamento polivitamínico muito usado por idosos e pessoas convalescentes.
O material apreendido estava todo com a validade vencida desde o mês de novembro de 2014 e já deveria ter sido descartado, porém, percebe-se que a data de validade impressa nas caixas armazenadas foi removida, provavelmente com solventes, e a data de validade em alto relevo lançada nos blisters (cartela para venda fracionada) foi cortada com tesoura, assim a empresa fazia a venda em balcão aos clientes dos medicamentos mesmo estando vencidos, pois para descartá-los tais alterações na embalagem seriam desnecessárias.
Foram ainda apreendidas na farmácia uma relação com os nomes dos vendedores e os medicamentos por eles vendidos, que mostra que os funcionários vinham vendendo tais produtos ao público, mediante uma promoção lançada pelo dono do estabelecimento, situação confirmada em depoimento pelos mesmos junto a Polícia Civil, onde afirmaram ainda que tal pessoa entregou ele próprio os medicamentos na farmácia.
A farmácia operava ainda sem farmacêutico responsável e diante disso e das irregularidades a mesma foi interditada pela Vigilância Sanitária e os medicamentos apreendidos pela Polícia Civil e Vigilância Sanitária, sendo que os mesmos já foram periciados, as alterações das datas de validade suprimidas constatadas pericialmente. O dono da rede de farmácias será devidamente indiciado e responderá pelo crime do artigo 273, § 1º-B, inciso III do Código Penal, que prevê pena de 10 a 15 anos de reclusão e só não foi preso em flagrante pois não estava no local.
Policiais mostram caixas de medicamentos adulteradas e blisters para venda fracionada, onde a data de validade em relevo foi cortada com tesoura. Em depoimento na Delegacia, funcionários disseram que o remédio foi entregue pelo proprietário, que criou uma promoção para vender o estoque vencido
Policiais mostram caixas de medicamentos adulteradas e blisters para venda fracionada, onde a data de validade em relevo foi cortada com tesoura. Em depoimento na Delegacia, funcionários disseram que o remédio foi entregue pelo proprietário, que criou uma promoção para vender o estoque vencido

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Farmacêutica é presa por falsificar receitas de remédios tarja preta em Goiânia

A farmacêutica Luana Sampaio, de 29 anos, foi presa em Goiânia por falsificar receitas de remédios tarja preta e vermelha. Ela deve responder por tráfico de drogas, já que os medicamentos só podem ser vendidos com prescrição médica.

http://noticias.r7.com/fala-brasil/videos/farmaceutica-e-presa-por-falsificar-receitas-de-remedios-tarja-preta-em-goiania-24012015

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Profissão: Farmácia, conheça e entenda os desafios da graduação

O curso vai exigir que o aluno saiba física, matemática, muita química, muita biologia e conhecimentos relacionados a àrea farmacêutica.

Profissão: Farmárcia, conheça os desafios da graduação
Quem está se preparando para o vestibular tem o desafio de decidir qual profissão vai seguir. Todo estudante do ensino médio passa por esta dúvida, mas o Purebreak quer te ajudar e por isso sempre apresentamos uma profissão, como a de publicitário, no site.

Desta vez entrevistamos a Juliana Lino, graduada em Farmácia, para apresentar detalher sobre o curso.
A missão do profissional é estudar composições químicas e desenvolver medicamentos, produtos de beleza e de higiene pessoal, além de também poder verificar se o produto está dentro das normas sanitárias e se podem ser adquiridas com segurança pelo consumidor. Imagina um mundo sem remédio para dor de cabeça e antibióticos?! Seria o fim da aventura humana na Terra!

Mercado de Trabalho
O estudante de Farmácia saem "completos" da universidade, afinal a formação abrange áreas como física, matemática, química e biologia. De acordo com a farmacêutica, Juliana Lino, isto aumenta a oportunidade do profissional, como também no caso do técnico em edificações: "Temos espaço na indústrias de medicamentos, alimentos, cosméticos, fitoterápicos, reagentes; drogarias, farmácias de manipulação e homeopáticas além de podermos trabalhar com pesquisas, hospitais e clínicas", afirmou.

Especialização
Quem quer fazer farmácia tem que gostar de estudar muito. Com a evolução da tecnologia novos medicamentos e técnicas vão surgindo e o profissional deve sempre se atualizar. Por isso a dica é sair da faculdade já planejando uma pós graduação "apesar de farmácia te dar um leque grande de atuação, se você não fizer uma pós na sua área pode ficar para trás no mercado", explica Juliana, especializada em manipulação de medicamentos.

Desafios
O curso está cada vez mais concorrido e para o profissional se destacar vai precisar atualizar sempre seus conhecimentos dentro da área. Juliana adverte que a profissão não é respeitada e por isso o salário ainda é baixo: "a falta da valorização do farmacêutico talvez seja o maior desafio, fazendo com que muitos larguem a profissão. O salário também não é alto, o piso é de R$ 2.100 em média", lamentou.

Fonte: Purebreak

BH - Filho de dono de farmácia e funcionário são presos por venda ilegal de medicamentos

Suspeitos lucravam até R$ 3 mil diariamente com o esquema e agora podem responder por tráfico de drogas

Thiago Lemos   

Um esquema de venda ilegal de medicamentos de uso controlado e proibido foi desmantelado pela Polícia Civil (PC) na noite desta quinta-feira, no Bairro Planalto, Região Norte de Belo Horizonte. O filho do dono de uma farmácia onde eram feitas as negociações ilícitas foi preso junto com um funcionário do estabelecimento. No local foram apreendidas cartelas de emagrecedores, estimulantes sexuais, ampolas de anabolizantes, remédios abortivos e outros de traja preta. O esquema chegava a render R$ 3 mil por dia aos suspeitos, divulgou a PC.

Há cerca de um mês, por meio de denúncia anônima, a polícia tomou conhecimento do estoque e do comércio ilegal dos remédios na farmácia localizada na Avenida Doutor Cristiano Guimarães. Os policiais foram ao local diversas vezes tentar flagrar o crime, o que aconteceu nesta quinta-feira. O filho do proprietário da empresa, de 19 anos, foi pego quando fazia uma transação.

De acordo com os policiais, as vendas ilegais aconteciam com horário marcado. As investigações apontaram que pai e filho chegavam à farmácia sempre após às 16h, trazendo os remédios escondidos em uma bolsa. O esquema tinha como objetivo evitar fiscalizações. Entre os produtos disponíveis estavam o Pramil, um estimulante sexual importado que tem venda proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e o remédio abortivo Cytotec, proibido no Brasil desde 1998.

Além dos remédios, a polícia apreendeu na farmácia R$ 6 mil em dinheiro. O dono do comércio, de 48 anos, não foi localizado. Os suspeitos podem responder por tráfico de drogas. As investigações agora se voltam para a origem dos medicamentos e a identificação dos fornecedores.


Com informações de Fernanda Penna - TV Alterosa

Fonte: EM

RENAME 2014 - Lista atualizada pelo Ministério da Saúde

Saúde atualiza lista de medicamentos e insumos do SUS

Paula Laboissière - Repórter da Agência Brasil Edição: Denise Griesinger
 
Portaria do Ministério da Saúde publicada hoje (5) no Diário Oficial da União estabelece a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename 2014) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O texto atualiza a última lista de medicamentos e insumos, que havia sido publicada em 2012.

De acordo com a portaria, a descrição dos medicamentos atende à classificação Anatomical Therapeutic Chemical, da Organização Mundial da Saúde. A lista completa e atualizada de medicamentos e insumos utilizados na rede pública encontra-se disponível no site do Ministério da Saúde na internet.

A portaria entra em vigor em 120 dias, período em que, segundo o ministério, as comissões de intergestores bipartites devem enviar ao Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos as decisões tomadas sobre assistência farmacêutica básica em cada estado.

Fonte: Agencia Brasil

sábado, 3 de janeiro de 2015

Nova Resolução sobre Antimicrobianos - RDC 68/2014

A Anvisa publicou, nesta segunda-feira (1/12), a atualização da Lista de antimicrobianos de uso sob prescrição médica com retenção de receita. As novas substâncias incluídas na lista são: Besifloxacino, Rifabutina, Ceftarolina fosamila, Dactinomicina, Mitomicina, Nitrofural, Sulfacetamida Clorfenesina e Gramicidina. A nova determinação entra em vigor  a partir do próximo dia 16 de dezembro de 2014. Com isso, a lista de antimicrobianos sujeitos à retenção de receita chega a 128 substâncias.

As drogarias e farmácias privadas passarão a reter a 2ª via da receita de medicamentos à base das substâncias inseridas e escriturar no SNGPC (Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados). O sistema funciona de forma eletrônica e permite à Anvisa e às vigilâncias sanitárias acompanhar e fiscalizar a venda destes produtos em todo o país.

O objetivo da norma é reduzir os danos por conta do uso indevido ou sem orientação médica de antibióticos. O uso incorreto destes produtos leva ao aumento da resistência microbiana e a médio prazo torna os produtos menos efeitvos, tornando mais difícil o tratamento de determinadas doenças.


Farmácias e Drogarias
Os estabelecimentos farmacêuticos devem estar atentos a entrada em vigor da norma. Os primeiros arquivos enviados ao SNGPC, devem conter dados de movimentação destas substâncias e dos medicamentos que as contenham relativos a todas as movimentações realizadas a partir da 00h do dia 16/12/2014 em diante, respeitando o intervalo máximo de transmissão, que pode ser de até 7 dias.

A entrada desses medicamentos no sistema deve ser realizada normalmente como a dos outros antimicrobianos presentes na lista, para isso é necessário que essa atualização seja comunicada ao suporte do sistema informatizado de cada estabelecimento para as adequações necessárias.
 
Com relação aos estoques remanescentes de medicamentos contendo estas substâncias, que foram adquiridos antes de 16/12/2014, a escrituração deve ser mantida no sistema informatizado do estabelecimento, para controle e fiscalização pela autoridade sanitária.

A aquisição destes antimicrobianos posterior a 16/12 e venda decorrente desta aquisição posterior a 16/12 deverão ser escriturados normalmente no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC).

Exemplo: Um medicamento adquirido em 01/12/2014 e vendido pela drogaria em 17/12/2014 não deverá ser escriturado, pois sua entrada ocorreu em data que o medicamento ainda não era controlado (este não consta no inventário).

Orientação aos Prescritores
A prescrição de antibióticos deverá ser realizada em receituário privativo do prescritor (médico, odontólogo ou veterinário) ou do estabelecimento de saúde, não havendo, portanto, um modelo de receita específico.

A receita deve ser prescrita de forma legível, sem rasuras, em 2 (duas) vias e contendo os seguintes dados obrigatórios:

I - identificação do paciente: nome completo, idade e sexo;
II - nome do medicamento ou da substância prescrita sob a forma de Denominação Comum Brasileira (DCB), dose ou concentração, forma farmacêutica, posologia e quantidade (em algarismos arábicos );
III - identificação do emitente: nome do profissional com sua inscrição no Conselho Regional ou nome da instituição, endereço completo, telefone, assinatura e marcação gráfica (carimbo); e
IV - data da emissão.

Todos estes dados devem ser preenchidos pelo profissional. Entretanto, nos casos em que a receita não contenha os dados de idade e sexo do paciente, estes poderão ser preenchidos pelo farmacêutico responsável pela dispensação.

Segundo o Art. 5º da RDC nº 20/2011, a prescrição deve apresentar a identificação do emitente (prescritor): identificação do emitente: nome do profissional com sua inscrição no Conselho Regional ou nome da instituição, endereço completo, telefone, assinatura e marcação gráfica (carimbo).

Não é necessário constar, obrigatoriamente, o endereço completo e telefone da instituição, uma vez que nem sempre o prescritor está vinculado a uma instituição.

A prescrição deve identificar quem é o responsável por ela, com seu nome, assinatura e informação do número de inscrição no seu respectivo Conselho Regional, sendo que estes dados não precisam ser apostos na receita na forma de carimbo, ou seja, podem ser dados já presentes em papel timbrado.

Intercambialidade Medicamento Referência x Medicamento Similar



Em 13 de Outubro de 2014 a ANVISA publicou a RDC 58/2014. Medida trata dos procedimentos para a intercambialidade de medicamentos similares com medicamentos de referência.

A medida entrou em vigor dia 01/01/2015.

As indústrias terão 12 meses para fazer as adequações nas bulas.

A lista dos medicamentos e seus referências, estão no link abaixo:
http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/503bca0046ae375dbdbdfd2e64280806/lista+site+15-12-14+PDF.pdf?MOD=AJPERES

A RDC 58/2014 pode ser lida na íntegra clicando aqui.
Matéria publicada pela ANVISA 
Publicada RDC sobre intercambialidade de similares
13 de outubro de 2014
A Anvisa publicou, nesta segunda-feira (13/10), a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) Nº 58/2014, que estabelece os procedimentos para a intercambialidade de medicamentos similares com o medicamento de referência. Ou seja, os requisitos necessários para que o similar possa substituir o medicamento de referência. Pela nova regra, os similares que já tenham comprovado equivalência farmacêutica com o medicamento de referência da categoria poderão declarar na bula que são substitutos ao de marca.

A medida poderá ser adotada pelos fabricantes a partir de 1º de janeiro de 2015 e terão 12 meses para fazer a alteração nas bulas. A Anvisa também vai manter uma lista atualizada dos similares intercambiaveis para orientar médicos, farmacêuticos e pacientes sobre quais produtos possuem equivalencia já comprovada na Agência.

Clique aqui e confira a resolução no Diário Oficial da União (DOU).

O psicodrama e a cultura dos medicamentos

Psiquiatra alerta para a banalização dos ansiolíticos e antidepressivos 
André Moraes
andre.moraes@jcruzeiro.com.br

"Vivemos na cultura do medicamento, do Rivotril". Essa frase define bem o teor da palestra ministrada pelo médico psiquiatra Paulo José Moraes no final de dezembro, em meio às atividades do projeto Tarja Branca, do Sesc Sorocaba. As palavras foram utilizadas para mostrar uma realidade que ocorre no Brasil, que se destaca como um dos países em que a população mais usa remédios tranquilizantes, como os ansiolíticos. Uma pesquisa realizada em 2013, pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor do Brasil, mostra que 45% dos brasileiros já utilizaram esse tipo de medicamento. O Rivotril se destaca entre eles, sendo que é mais comumente receitado para casos de ansiedade e depressão.

Para o psiquiatra, essa realidade assusta. Ele criticou bastante a classe médica, mesmo fazendo parte dela, por receitar o Rivotril, especificamente, para tudo. Paulo até chegou a brincar sobre o medicamento. "A bula do Rivotril vai daqui até Itapetininga e volta. Hoje o remédio é receitado para tudo, até para cólica".

O psiquiatra relata que o Rivotril, nome popular para o medicamento Clonazepam, foi feito, inicialmente, para tratamento de pessoas com epilepsia. Por isso, no meio da palestra, ele perguntou quantas pessoas já tomaram o remédio. Cinco pessoas levantaram a mão e então ele questionou para cada uma delas quantos ataques epilépticos elas já tiveram. "Nenhum" foi a resposta de todos. Então, Paulo veio com a informação de que o medicamento seria indicado para esses casos, porém agora, por ele ser tranquilizante, muitos médicos acabam indicando o remédio para muitas coisas. Inclusive para tristeza, que ele diz ser algo natural do ser humano. "Hoje parece que ninguém pode ficar triste mais. O luto, por alguém que morreu, a vontade de ficar sozinho, são sentimentos naturais do ser humano. Mas hoje parece que são vistos como doença", afirma.

Paulo possui um consultório em São Paulo e recebe muitas pessoas que acham que estão com alguma doença, simplesmente por algum desânimo que tiveram em suas vidas. "Porém digo que 70% das pessoas que me procuram não têm nenhuma doença, mas sim possuem sintomas naturais decorrentes de algum evento traumático de suas vidas", diz.

Por isso, o que ele mais pergunta para alguém que entra em seu consultório é o seguinte: "Qual a sua história?" Paulo ressalta que entender a vida da pessoa, saber de tudo que aconteceu com ela durante sua caminhada, ajuda muito mais a saber como fazer desaparecer algum sintoma surgido após algum trauma sofrido, do que simplesmente mascará-lo com algum ansiolítico.

Dramatizando eventos traumáticos

A palestra serviu como uma - grande - introdução para que ele apresentasse aos participantes do projeto Tarja Branca uma das formas que ele utiliza para ajudar as pessoas a se livrarem de seus traumas, sem a utilização de medicamentos. O psiquiatra Paulo José Moraes é especialista em Psicodrama, que é uma técnica criada pelo médico romeno Jacob Lévy Moreno, "um dos nomes importantes da psicologia e da psiquiatria que vieram depois do Freud", segundo Paulo.

Dentro do psicodrama, os pacientes, guiados pelo terapeuta, dramatizam algum evento traumático, para conseguir compreender o motivo daquilo ainda trazer muitos problemas em sua vida. Para isso, diversas técnicas do teatro são utilizadas. Portanto, Moreno teve muita ligação com a arte teatral, inclusive aplicou um método chamado de "teatro da espontaneidade" na Áustria, onde ele procurava criar peças teatrais sem a concepção de roteiros ou papéis pré-definidos, como forma de despertar a criatividade dos participantes.
"O que é importante é que pode tirar a pessoa do seu centro. Ou seja, ela está relatando um trauma e ao dramatizar esse trauma, você não precisa usar aquela pessoa, pode usar um ego auxiliar, alguém que ajuda o terapeuta, e a pessoa vê aquela cena. Com isso é possível fazer uma alteração de papéis. Muitas vezes a pessoa está muito fechada numa situação, por exemplo, o homem foi traído pela mulher, aí faz-se uma cena e ele interpreta a mulher. Com isso, consegue compreender outras motivações que ela teve, ou as dores que está sentindo", exemplifica o psicodramatista.

Nessa técnica, além do terapeuta que guia as dramatizações, há os ego auxiliares, citados por Paulo acima. Essas pessoas são também terapeutas que assumem papéis dentro das cenas criadas, para ajudar os pacientes durante a interpretação dos eventos traumáticos. "Por que é um terapeuta? Porque o ego auxiliar pode utilizar uma técnica, como o duplo (em que o ego auxiliar começa a imitar o paciente, para ele compreender melhor suas ações), e aí ele precisa de segurança no que está propondo. Ele precisa saber bastante do que ele está convocando", explica.

O principal de tudo no psicodrama é fazer a pessoa refletir sobre as mais diversas situações de sua vida, que ela busca compreender para conseguir se livrar de seus bloqueios. "Hoje aplicamos muitas técnicas. O ato espontâneo pode ser feito numa praça, por exemplo, para trazer uma reflexão sobre algo. No governo Martha Suplicy, independente de conotação política, foi feito em São Paulo um evento com 300 psicodramas ao mesmo tempo, em vários locais da cidade, como periferia e Centro, com a intenção de pensar um pouco na cidade", exemplifica Paulo.

Aspecto social

De acordo com o psiquiatra, o psicodrama pode ser aplicado individualmente, em consultórios, com a participação apenas do paciente e do terapeuta, porém o aspecto mais forte da técnica é o trabalho em grupos. "Ele cai bem em trabalhos com grupos, porque pode fazer mais abordagens psicossociais", diz.

Por ir mais para o lado social, o psicodrama também se assemelha com uma técnica criada pelo brasileiro Augusto Boal, chamada de Teatro do Oprimido. Boal buscava, por meio do teatro, fazer com que as pessoas dramatizassem aspectos de suas vidas, como forma de trazer para o consciente o que as estariam oprimindo, para então definir quais ações deveriam ser tomadas para superar isso. Porém, segundo Paulo, Boal ia mais para um lado político, por querer que as pessoas criassem um "levante" contra as amarras criadas pela sociedade.

Já o psicodrama de Moreno vai mais para o lado social, sendo mais terapêutico. "A proposta do Teatro do Oprimido é eminentemente de usar o conteúdo teatral e emergir algumas coisas, para trazer algumas possibilidades. O psicodrama faz isso com uma visão mais terapêutica, social e política também. A do Boal tinha um conteúdo eminentemente mais político", ressalta.

Depressão e ansiedade

Para pessoas que estão em estados depressivos e de ansiedade, o psiquiatra relata que técnicas psicoterapêuticas, como o psicodrama, podem ajudar bastante, para que elas possam entender os motivos desses sintomas e que possam trabalhá-los, para desbloquear o que precisa ser desbloqueado. "Eu acho que acima de tudo, que as pessoas possam perceber que elas não estão tendo nada de muito estranho e não se considerando doente por ter ansiedade ou depressão. Ter algum transtorno é comum e que procure lidar com isso com uma abordagem mais natural, não virando um dependente de medicações e tratamentos de entorpecimento", considera.
 
Fonte: Cruzeiro do Sul