sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Antibiótico com novo princípio activo mostra promessa contra infecção bacteriana

21/12/2012 - 08:07

Cientistas no Instituto Karolinska, na Suécia, descobriram um novo tipo de antibiótico capaz de combater infecções bacterianas graves. O medicamento possui um novo mecanismo de acção baseado no bloqueio selectivo do sistema tiorredoxina nas células, que é essencial para o crescimento de certas bactérias. Os cientistas esperam ser capazes de tratar condições como úlceras do estômago, tuberculose e MRSA (Methicillin-resistant Staphylococcus aureus), avança o portal Isaúde.

"Ainda há muito trabalho a ser feito, mas acreditamos que será possível usar esse mecanismo, quando, por exemplo, antibióticos de amplo espectro não funcionarem", afirma o líder do estudo Arne Holmgren.

A pesquisa foi publicada no FASEB Journal.


O sistema tiorredoxina está presente em todas as células e é fundamental para a capacidade de produzir novo ADN (material genético). Também é importante para a protecção da célula de um processo conhecido como stress oxidativo, que ocorre quando radicais de oxigénio em excesso e outros agentes oxidantes são formados.

Isto pode ocorrer, por exemplo, durante o ataque de células brancas do sangue às bactérias, que pode danificar ou matar a célula. Os componentes mais importantes do sistema tiorredoxina são as enzimas e tiorredoxina e tioredoxina redutase, das quais a primeira é necessária no processo de criação de peças que dão origem ao novo ADN e a segunda garante que a tioredoxina permaneça activa.

Em adição ao sistema tiorredoxina, mamíferos, seres humanos e algumas bactérias têm um segundo processo bioquímico semelhante, que se baseia na enzima glutarredoxina. O sistema tiorredoxina e o sistema glutarredoxina agem como backup um do outro.

No entanto, muitas bactérias que causam a doença, como a Helicobacter pylori, que causa úlceras, a Mycobacterium tuberculosis, que causa tuberculose, e a bactéria Staphylococcus MRSA multirresistente, têm apenas o sistema tiorredoxina.

Segundo os investigadores, isto faz com que estas bactérias sejam muito vulneráveis a substâncias que inibem a tiorredoxina e a tioredoxina redutase. "Além disso, as tiorredoxinas redutases em bactérias são muito diferentes na composição química e na estrutura da enzima humana. E são justamente essas diferenças, e o facto de que certas bactérias não têm o sistema glutarredoxina, que sugerem que os fármacos que afectam a tioredoxina redutase podem ser usados como antibióticos. Isto é o que descobrimos", afirma Holmgren.

A equipa tem utilizado um candidato a fármaco conhecido como ebselen, que foi previamente testado no tratamento de acidente vascular cerebral (AVC) e de inflamação. Os cientistas descobriram que o ebselen e substâncias sintéticas similares inibem, entre outras coisas, a tioredoxina redutase em bactérias.

Os cientistas viram em experiências de laboratório como o ebselen matou certos tipos de bactérias e outros não. Eles foram capazes de modificar as propriedades genéticas de Escherichia coli (E. coli), que não são normalmente susceptíveis a ebselen e, desta forma, investigar os mecanismos subjacentes ao efeito antibiótico.

As bactérias que são resistentes a vários tipos diferentes de antibióticos são problemas graves e extensos em todo o mundo. O método de atacar bactérias impedindo a construção da sua parede celular, que foi inventado quando a penicilina foi descoberta no início do século XX, continua a ser utilizado. É por este motivo que a ciência busca encontrar novas formas de combater doenças causadas por infecções bacterianas.

Os cientistas que propuseram o artigo acreditam que o antibiótico com novo princípio activo pode ser parte da solução. "É particularmente interessante que MRSA e TB resistente a antibióticos também sejam susceptíveis oa ebselen e novas substâncias sintéticas. E é interessante notar que o ebselen é um antioxidante, como a vitamina C. Isso significa que ele também protege o hospedeiro contra o stress oxidativo", conclui Holmgren.



Um comentário:

  1. -actualidade/id/21-12-12/antibiotico-com-novo-principio-activo-mostra-promessa-contra-infeccao-bacter

    ResponderExcluir