22/12/2012 - 16h43
Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O desempenho da memória e da atenção de jovens saudáveis
não é alterado após o consumo de Ritalina, medicamento indicado para
pessoas diagnosticadas com transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade. A conclusão é resultado de pesquisa do Departamento de
Psicobiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de
São Paulo.
O metilfenidato (que recebe o nome comercial de Ritalina ou Concerta),
quando aplicado corretamente, tanto em crianças, quanto em adultos,
melhora a atenção e os níveis de concentração. No entanto, de acordo com
a pesquisa, não foram observadas diferenças nas funções cognitivas dos
indivíduos sadios.
Os 36 homens participantes do teste, com idade entre 18 anos e 30 anos,
foram divididos em dois grupos, e apenas um deles recebeu o medicamento
verdadeiro. Após isso, todos foram submetidos a uma série de testes
cognitivos, que avaliaram diferentes tipos de atenção e de memória, além
de algumas funções executivas, como planejamento.
“Comparamos o desempenho entre aqueles que tomaram a medicação e os que
não tomaram. Não houve diferença no desempenho. A gente chegou à
conclusão de que sendo os jovens saudáveis, tendo um funcionamento
cognitivo saudável, a Ritalina não tem potencial benéfico como o
apresentado no caso de pessoas com transtorno de déficit de atenção”,
disse a coordenadora do estudo, Silmara Batistela.
Ela alerta que a droga só pode ser comprada com receita, mas, muitas
vezes, é adquirida no mercado negro e consumida indiscriminadamente. “Há
muitos relatos de pessoas que conseguem fazer a compra dessa medicação
até pela internet, em fórum de concurseiros”, destaca.
De acordo com Batistela, as pessoas normalmente usam a droga
para passar a noite estudando para uma prova, porque a Ritalina é um
estimulante do sistema nervoso central. “A pessoa vai conseguir ficar a
noite inteira acordada, mas a atenção dela não estará melhor, e ela não
vai lembrar mais do conteúdo no dia seguinte”.
O professor de psiquiatria Dartiu Xavier da Silveira, ressalta, no
entanto, que a droga pode provocar efeitos colaterais e dependência. “O
problema é fazer alterações no ciclo de sono, o que provoca uma bagunça
no funcionamento do cérebro. Outro risco é causar dependência. E, se o
indivíduo exagerar na dose, mesmo com o coração saudável, pode ter uma
arritmia”.
Atitudes simples adotadas no dia a dia podem favorecer o bom
funcionamento do cérebro, como ter uma boa alimentação e praticar
exercícios físicos. Dormir bem é fundamental para a atenção e
concentração.
Edição: Beto Coura
Fonte: Agência Brasil
/noticia/2012-12-22/uso-de-remedio-nao-melhora-concentracao-de-jovens-saudaveis
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