sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Uso de remédio não melhora concentração de jovens saudáveis

22/12/2012 - 16h43
Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O desempenho da memória e da atenção de jovens saudáveis não é alterado após o consumo de Ritalina, medicamento indicado para pessoas diagnosticadas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. A conclusão é resultado de pesquisa do Departamento de Psicobiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo.

O metilfenidato (que recebe o nome comercial de Ritalina ou Concerta), quando aplicado corretamente, tanto em crianças, quanto em adultos, melhora a atenção e os níveis de concentração. No entanto, de acordo com a pesquisa, não foram observadas diferenças nas funções cognitivas dos indivíduos sadios.

Os 36 homens participantes do teste, com idade entre 18 anos e 30 anos, foram divididos em dois grupos, e apenas um deles recebeu o medicamento verdadeiro. Após isso, todos foram submetidos a uma série de testes cognitivos, que avaliaram diferentes tipos de atenção e de memória, além de algumas funções executivas, como planejamento.

“Comparamos o desempenho entre aqueles que tomaram a medicação e os que não tomaram. Não houve diferença no desempenho. A gente chegou à conclusão de que sendo os jovens saudáveis, tendo um funcionamento cognitivo saudável, a Ritalina não tem potencial benéfico como o apresentado no caso de pessoas com transtorno de déficit de atenção”, disse a coordenadora do estudo, Silmara Batistela.

Ela alerta que a droga só pode ser comprada com receita, mas, muitas vezes, é adquirida no mercado negro e consumida indiscriminadamente. “Há muitos relatos de pessoas que conseguem fazer a compra dessa medicação até pela internet, em fórum de concurseiros”, destaca.

De acordo com Batistela, as pessoas normalmente usam a droga para passar a noite estudando para uma prova, porque a Ritalina é um estimulante do sistema nervoso central. “A pessoa vai conseguir ficar a noite inteira acordada, mas a atenção dela não estará melhor, e ela não vai lembrar mais do conteúdo no dia seguinte”.

O professor de psiquiatria Dartiu Xavier da Silveira, ressalta, no entanto, que a droga pode provocar efeitos colaterais e dependência. “O problema é fazer alterações no ciclo de sono, o que provoca uma bagunça no funcionamento do cérebro. Outro risco é causar dependência. E, se o indivíduo exagerar na dose, mesmo com o coração saudável, pode ter uma arritmia”.

Atitudes simples adotadas no dia a dia podem favorecer o bom funcionamento do cérebro, como ter uma boa alimentação e praticar exercícios físicos. Dormir bem é fundamental para a atenção e concentração.
 
Edição: Beto Coura


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