terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Desabafo de uma colega ao programa Giro Business da Band


 
Caros colegas farmacêuticos, fiquei indignada com uma reportagem do Giro business apresentado ontem pela Band News TV. Fiz uma reclamação a eles e agora reproduzo aqui. Ao lerem o texto vocês irão entender.
Programa Giro Business, domingo 23/02/14
Nesse dia o convidado do programa cometeu uma falha inadmissível, ao tentar exemplificar fatos que desmotivam formandos que ingressam no mercado de trabalho mencionou: "vejam o caso do farmacêutico que após se formar vai trabalhar como balconista".

Fiquei indignada com a ignorância do especialista entrevistado (não consegui recuperar o nome)que além de diminuir a importância do balconista (sem formação universitária) desconhece os aspectos legais brasileiros que determinam a necessidade do farmacêutico com curso superior em período integral para prestar a Assistência Farmacêutica aos clientes e pacientes além de cuidar do correto armazenamento, dispensação e manuseio de medicamentos e produtos para a saúde. Essa exigência faz parte dos cuidados com a Saúde Pública.
 
Somado a isso os farmacêuticos têm atuações importantes e destacadas em diversos segmentos como assim determina sua grade curricular: medicamentos, cosméticos, produtos médicos, alimentos, saneantes domissanitários, toxicologia, análises clínicas, ensino, etc.
 
Muitas das mudanças que aconteceram nos últimos anos nas áreas regulatória, fabricação, pesquisa e qualidade nesses segmentos têm a participação direta dos farmacêuticos.
 
São áreas de destaque:
- Pesquisa e Desenvolvimento: na descoberta ou melhoria de produtos, processo convencional ou biotecnologia;
- Área regulatória Governamental: destaque para a elaboração de legislações que colocaram a Anvisa à frente de agências reguladoras de destaque internacional;
- Atuação ímpar na inspeção sanitária do setor regulado nacional e internacional, principalmente na indústria farmacêutica, onde somente o profissional com esta qualificação pode atuar como inspetor;
- Forte presença na indústria farmacêutica, em diversos setores, assegurando o comprimento das legislações sanitárias vigentes e a qualidade dos medicamentos fabricados;
- Na área de logística: cuidando dos aspectos de manuseio, armazenamento e transporte de medicamentos e produtos afins;
- Na área de assuntos regulatórios: elaborando os dossiês para registro de produtos e atendimento a diversas legislações aplicáveis a cada segmento;
- Nas forças armadas: cuidando da fabricação, manuseio e distribuição de produtos farmacêuticos ou atuando nos hospitais militares ou prestando assistência farmacêutica a populações ribeirinhas, aldeias indígenas ou onde houver necessidade;
- Na academia: formando novos profissionais de farmácia ou de outras áreas da saúde, desenvolvendo pesquisas ou prestando serviços à empresas;
- Nos hospitais: cuidando do armazenamento, dispensação de medicamentos e produtos, fazendo parte da equipe multidisciplinar que cuida do controle da contaminação ou em qualquer atividade que for necessário;
- Na farmácia de manipulação: segmento complementar voltado ao atendimento de prescrições médicas e hospitalares;
- Na radiofarmácia: pesquisando e fabricando produtos com radioisótopos para o tratamento ou diagnóstico de câncer;
- Nas análises clínicas: na realização de ensaios para diagnósticos;
- Prestação de serviços: em toda a cadeia de pesquisa e fabricação de medicamentos e produtos afins.

Estas são apenas algumas das possibilidades de atuação do farmacêutico, daí minha indignação. Um grupo de importante como a Band não deve apresentar opiniões tão discriminatórias ou inverídicas.
 
O conhecimento dos especialistas convidados para discutir assuntos de interesse da população deve ser confirmado antes de uma exposição tão infeliz como aquela que assisti no último domingo.
Grata pela oportunidade de expressar minha opinião.
 
Ana Maria Pellim
Farmacêutica, empresária, educadora, auditora de qualidade e regulatória
Ex-proprietária de drogaria, ex-conselheira estadual e federal pelo conselho de classe, ex-funcionária da Anvisa.

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