terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Entendendo o refluxo em bebês

Entendendo o refluxo em bebês

Um assunto bastante questionado em meu consultório é sobre o refluxo em bebês, e que é bastante comum nos primeiros meses de vida. Apesar de gerar preocupação nos pais, o refluxo gastroesofágico (RGE) tem, na maioria dos casos, uma evolução satisfatória, sem comprometer o crescimento, o desenvolvimento e o estado de saúde da criança. 

O refluxo se dá pela passagem de conteúdo gástrico para o esôfago, sendo um processo fisiológico normal em bebês, crianças e adultos saudáveis.

Os bebês em particular ingerem, ao longo do dia, quantidades consideráveis de leite, líquidos e alimentos, e passam 90% do tempo deitados, sendo normal a presença de quadros de refluxo. 

Em apenas 2% dos casos é necessária arealização de uma investigação. Dentro destes 2% é possível encontrar crianças portadoras da doença do refluxo gastroesofágico, causada por anormalidade anatômica ou funcional da cárdia (uma válvula que se localiza no limite do esôfago com o estômago). 

Nesta doença, o bebê apresenta sinais específicos, como vômitos e regurgitações que prosseguem após os seis meses de vida, falha no ganho de peso e resultados negativos às dietas, além de sintomas respiratórios como a asma.

A asma, na doença do refluxo gastroesofágico, se caracteriza por crises fortes de falta de ar podendo haver presença de restos alimentares ou mesmo do suco gástrico nas vias respiratórias. Quadros de apneia, broncoespasmo (chiado no peito) ou pneumonias de repetição necessitam de uma atenção maior, sendo imprescindível a realização de uma pesquisa investigativa para diagnosticar a doença. 

As manifestações clínicas da doença do refluxo também são diferentes em cada faixa etária pediátrica. Veja abaixo:

Bebês – 50 a 70% dos bebês têm refluxo e usualmente ele não é causado por doença. O pico de incidência acontece ao redor dos quatro meses de idade e melhora a partir de seis meses, tendendo a desaparecer em torno de um ano. Somente uma pequena minoria desenvolve irritabilidade, recusa alimentar, vômitos sanguinolentos, falta de ganho de peso e anemia.

Pré-escolares – crianças pré-escolares costumam apresentar regurgitação intermitente, podendo raramente apresentar também chiado no peito.

Escolares e adolescentes – estes pacientes apresentam sinais e sintomas semelhantes aos dos adultos, como queimação retroesternal (região do coração), e/ou regurgitações. 

Para evitar o refluxo em um bebê é importante alimentá-lo com alimentos mais densos, em pequenas quantidades e com maior frequência. É importante também deixá-lo em posição mais vertical o maior tempo possível, além de elevar a cabeceira de seu berço.

Como tratamento, já existem leites enriquecidos com espessantes - feitos principalmente de amidos -, medicamentos que ajudam a acelerar o esvaziamento gástrico e diminuir o refluxo, além dos protetores de mucosa. Entretanto, não devemos esquecer que tanto o leite como estes medicamentos devem ser prescritos e ter o acompanhamento de um pediatra ou gastroenterologista pediátrico. 

Por Dr. Sylvio Renan às 12h51

fonte: Blog do Pediatra Sylvio Renan

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