2012-05-02
Os efeitos nocivos do antibiótico tetraciclina podem passar de uma geração para a seguinte. Num artigo publicado na «Nature»,
investigadores da Universidade do Nevada relatam que pseudoescorpiões
machos tratados com este antibiótico sofrem de redução significativa da
qualidade do seu esperma e passam os efeitos tóxicos para a sua
descendência directa. Um efeito semelhante pode ocorrer noutras
espécies, incluindo a humana.
Um pseudoescorpião (Cordylochernes scorpioides) é um aracnídeo
com aparência de escorpião. O seu esperma é transferido externamente o
que torna possível aos investigadores reunir e avaliar a qualidade e a
quantidade dos seus espermatozóides.
“Esta é a primeira investigação que mostra os efeitos transgeracionais dos antibióticos”,
explica David Zeh, director do Departamento de Biologia da Universidade
do Nevada e autor principal do estudo. A tetraciclina tem um efeito
muito negativo sobre a função reprodutiva masculina, nomeadamente na
viabilidade (não na quantidade) do esperma nestes aracnídeos – que fica
reduzida a 25 por cento. Agora, sabe-se que esse esse efeito é passado
para a geração seguinte, mas não é observada nas gerações subsequentes.
As ninhadas foram tratadas desde o nascimento até à idade adulta. As gerações seguintes não foram tratadas com o antibiótico. Este não teve efeito no tamanho do corpo nem das fêmeas nem dos machos, nem na reprodução feminina.
Estudos anteriores já tinham mostrado que “a tetraciclina tinha um efeitos negativo na reprodução dos vertebrados, incluindo os humanos”, esclarece George Gilchrist, director da Divisão de Biologia Ambiental (National Science Foundation), que financiou este estudo.
O estudo confirma o efeito negativo nos invertebrados, mas demonstra também que a toxicidade passa para a geração seguinte.
Artigo: From father to son: transgenerational effect of tetracycline on sperm viability
Fonte: Ciência Hoje
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