quarta-feira, 9 de maio de 2012

Estudo realizado com pseudoescorpiões machos dá conta de efeito nefastos na reprodução


2012-05-02
Investigadores avaliaram a qualidade dos espermatozóides dos 'Cordylochernes scorpioides'
Investigadores avaliaram a qualidade dos espermatozóides dos 'Cordylochernes scorpioides'
 
Os efeitos nocivos do antibiótico tetraciclina podem passar de uma geração para a seguinte. Num artigo publicado na «Nature», investigadores da Universidade do Nevada relatam que pseudoescorpiões machos tratados com este antibiótico sofrem de redução significativa da qualidade do seu esperma e passam os efeitos tóxicos para a sua descendência directa. Um efeito semelhante pode ocorrer noutras espécies, incluindo a humana.

Um pseudoescorpião (Cordylochernes scorpioides) é um aracnídeo com aparência de escorpião. O seu esperma é transferido externamente o que torna possível aos investigadores reunir e avaliar a qualidade e a quantidade dos seus espermatozóides.

Esta é a primeira investigação que mostra os efeitos transgeracionais dos antibióticos”, explica David Zeh, director do Departamento de Biologia da Universidade do Nevada e autor principal do estudo. A tetraciclina tem um efeito muito negativo sobre a função reprodutiva masculina, nomeadamente na viabilidade (não na quantidade) do esperma nestes aracnídeos – que fica reduzida a 25 por cento. Agora, sabe-se que esse esse efeito é passado para a geração seguinte, mas não é observada nas gerações subsequentes.

A investigação envolveu três gerações de pseudoescorpiões. Para controlar as influências genéticas, na primeira geração, os irmãos de cada uma das 21 ninhadas foram tratados com doses semanais de tetraciclina, um antibiótico comum utilizado na produção de animais e geralmente utilizado para o tratamento de infecções em humanos.

As ninhadas foram tratadas desde o nascimento até à idade adulta. As gerações seguintes não foram tratadas com o antibiótico. Este não teve efeito no tamanho do corpo nem das fêmeas nem dos machos, nem na reprodução feminina.

Estudos anteriores já tinham mostrado que “a tetraciclina tinha um efeitos negativo na reprodução dos vertebrados, incluindo os humanos”, esclarece George Gilchrist, director da Divisão de Biologia Ambiental (National Science Foundation), que financiou este estudo.

O estudo confirma o efeito negativo nos invertebrados, mas demonstra também que a toxicidade passa para a geração seguinte.

Artigo: From father to son: transgenerational effect of tetracycline on sperm viability

Fonte:  Ciência Hoje

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