segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Anabolizantes lideram vendas no Pará

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou na última semana a segunda edição do Boletim do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC). O documento traz dados relacionados ao comércio de medicamentos controlados no Brasil e revelou que os ansiolíticos Clonazepam, Bromazepan e Alprazolam foram as substâncias controladas mais consumidas pela população brasileira entre 2007 a 2010. No Pará a droga mais consumida pelos paraenses foi a testosterona, presente nos medicamentos anabolizantes, seguida do clonazepam (psicotrópico).

Esteroides Anabolizantes são drogas sintéticas fabricadas para substituírem o hormônio masculino, a testosterona, que é fabricado pelos testículos. Eles ajudam no crescimento dos músculos e no desenvolvimento das características sexuais masculinas como: pelos, barba, voz grossa. Os medicamentos esteroides anabolizantes utilizados no Brasil são: Durasteton, Deca-Durabolin, Androxon.

Já os medicamentos psicotrópicos são utilizados no tratamento dos distúrbios da ansiedade. E foram três tipos desse medicamento, Clonazepam, Bromazepan e Alprazolam, que ocuparam, durante todo o período analisado pela Anvisa, as três primeiras posições de venda. Só em 2010, foram vendidas cerca de 10 milhões de caixas do medicamento Clonazepam – o primeiro da lista.

No Pará os anabolizantes lideram as vendas. Foram 141.706 caixas do medicamento vendidas nas farmácias e drogarias do Estado somente em 2010. Os dados revelam uma média de 1,87 caixa vendida a cada 100 habitantes, ou 1,07 miligramas por habitante do Pará. O clonazepan vem atrás com 93.169 caixas vendidas, ou seja 1,26 unidades a cada 100 habitantes.

VÍCIO

Marcelo Brasil do Couto, conselheiro do Conselho Regional de Farmácia (CRF-PA), destaca o trabalho desenvolvido pela Anvisa. “Só assim saberíamos que foram vendidas 10 milhões de caixas de clonazepam só em 2010”, diz ele. Marcelo alerta ainda para o uso indiscriminado desse tipo de medicamento. “Muita gente utiliza esses remédios para dormir e acaba gerando o vício. E o mais interessante é que não são os psicólogos e psiquiatras, especialistas que deveriam indicar o uso desses medicamentos, responsáveis pela emissão das receitas, e sim de outras especialidades”.

Couto tem o mesmo pensamento com relação à prescrição da testosterona. Ele alega que não são os endocrinologistas que mais prescrevem esses medicamentos. “Um exemplo é o uso do receituário branco feito por odontólogos que foi o dobro dos utilizados pelos médicos de todas as outras especialidades. Não é para ser normal”.

Medicamentos podem trazer alívio e dependência

O boletim da Anvisa mostra que em 2010, dos quatro tipos de receituários existentes, os médicos veterinários utilizaram a notificação de receita especial de cor branca em 16 % das suas prescrições. Já os odontólogos a utilizaram em 15,4% dos casos, e os médicos, em 8% do total de suas prescrições.

As Notificações de Receitas Especiais de cor branca são utilizadas para prescrição de medicamentos da classe dos retinoicos, indicados, principalmente, para problemas dermatológicos.

O uso de medicamentos excessivos pode trazer consequências como a dependência o vício e ainda alterar o comportamento dos pacientes. Sara Goldfarb, nome fictício, conta que por dois anos fez uso de medicamentos como Lexotan, Diazepam e Haldol, todos indicados por um psiquiatra para o tratamento de uma depressão. “No primeiro momento trazem uma sensação de segurança e eles se tornam seus companheiros. Para o depressivo tudo está contra você e o remédio é sua força. Foram dois anos assim e hoje já estou há quase 10 anos sem remédios. Eles só ajudam a tirar você de órbita”, conta.

Atualmente Sara não utiliza nenhum tipo de medicamento para tratar a depressão. A dependência foi substituída por livros de autoajuda, muita leitura e experiências de vida.

FIQUE SABENDO

Os dados revelam uma média de 1,87 caixa vendida a cada 100 habitantes, ou 1,07 miligramas por habitante do Pará. (Diário do Pará)

Fonte: Diario do Para

Um comentário:

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