quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Distribuição de Engov em festa causa polêmica

Prevista para ocorrer amanhã, a festa "Ressaca de Carnaval" anuncia a distribuição ilegal de remédios
Tomar medicamentos exige alguns cuidados, dentre eles a compra com prescrição médica e em locais adequados, como farmácias e drogarias. Porém, ignorando os riscos à saúde, muitas pessoas insistem em se automedicar. O objetivo é um só: se livrar do incômodo. Por conta disso, muitas vezes palpites de amigos acabam sendo bem vindos.

Entretanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alerta que, se utilizado de forma inadequada, o medicamento pode causar mais danos do que benefícios. A situação é grave e pode ser considerado um problema de saúde pública.

Em Fortaleza, uma festa que vem sendo divulgada pelas redes sociais, intitulada "Ressaca de Carnaval", está chamando a atenção de profissionais da área da saúde. Não pela festa em si, mas pelo fato de anunciarem a distribuição de Engov.

Ramon de Paula Pessoa, farmacêutico e mestrando em Farmacologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), ficou indignado com a banalização do ato. O profissional diz que entende a associação do Engov com a festa, mas destaca que, apesar de ser um medicamento que pode ser comprado sem prescrição médica, oferece riscos à saúde.

"Sinto muito, mas medicamento não é brincadeira nem brinde de festa. Os organizadores da festa deveriam ter mais respeito, não só pela comunidade farmacêutica, mas também pelos seus clientes. Acho que notícia de pessoas com intoxicação por alergia ao AAS ou à tartrazina, contida no Engov, não seria uma boa publicidade. Além disso, ainda estimula o uso com álcool, prometendo zerar a comanda de quem beber mais. Vergonha alheia", define Ramon em sua página do Facebook.

O especialista alerta que a combinação de medicamento com bebida pode ser perigoso, pois o álcool também é um irritante gástrico, portanto, as pessoas com pré-disposição a irritações gástricas, como gastrite ou refluxo gastroesofágico, não poderiam sequer beber, muito menos associar a medicamentos.

O mais grave é que a maioria das pessoas que irão participar da festa, provavelmente não fazem ideia dos riscos que estarão correndo. A AAS, uma das substâncias ativas presentes no Engov, pode causar sangramento estomacal e alergia em pessoas com hipersensibilidade.

A Lei número 5.991, de 17 de dezembro de 1973, é bastante clara quando diz, no artigo 6º, que a dispensação de medicamentos é privativa de farmácia, drogaria, posto de medicamento e unidade volante e dispensário de medicamentos.

Patrícia Quirino, farmacêutica da coordenadoria de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), afirma que medicamentos só podem ser comercializados em farmácias, postos de saúde ou hospitais.

"Eles têm direito de fazer a festa, mas com medicamento, não", frisa Patrícia. A venda de medicamentos em mercadinhos, supermercados e feiras livres é proibida. A Vigilância Sanitária informa que outra infração bastante comum é a comercialização de antibióticos sem prescrição médica nas farmácias. Em caso de flagrante, é feita a apreensão, o auto de notificação, e a farmácia fica notificada.

A festa anunciada nas redes sociais está prevista para acontecer amanhã, às 23h, na casa de shows Music Box Bar, na Rua José Avelino, 387. Tentamos contactar os organizadores do evento, mas não foi disponibilizado nenhum número para informações no panfleto eletrônico.

fonte: Diário do Nordeste

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