sábado, 16 de novembro de 2013

A visão de um Fiscal do CRF




  • "Queridos colegas de profissão:

    Guardem as facas e leiam (se informem e se divirtam um pouco, risos).
    Venho por meio desta redação simples, tentar expor o ponto de vista de um fiscal de Conselho profissional. O fiscal do conselho de farmácia, antes de tudo, é um farmacêutico (e sim, nós também pagamos anuidade, o que muitos acham que não fazemos). E como profissionais farmacêuticos, temos o mesmo interesse: o melhor para saúde da nossa população e a melhora da valorização da nossa classe. Muitos profissionais, infelizmente, pensam que estamos ‘’do lado contrário’’, que ‘’queremos que os farmacêuticos sejam escravos de um estabelecimento’’.

    Primeiramente gostaria de explicar o objetivo da fiscalização.
    A fiscalização objetiva, primeiramente, o acesso da população ao profissional farmacêutico. Fiscalizamos se o profissional está realmente fazendo seu papel, se está em dia com a sua documentação necessária e se ele esta realmente prestando assistência. Objetiva também, saber se ele cumpre com sua ética profissional, orientação (principalmente dos recém formados, que ainda não possuem tanta experiência). E objetiva gerar empregos. Sim, gerar empregos! Se não houvesse fiscalização, até hoje estaríamos com a maioria dos estabelecimentos sendo ‘’assinados’’ como antigamente. E infelizmente, até hoje presencio isso em alguns lugares.

    Ao “dar o nome’’ em uma farmácia/drogaria/laboratório, entre outros, saiba que você está prejudicando seriamente a classe. Você está atestando que o profissional não é necessário, já que com apenas uma assinatura sua ele continua funcionando sem a sua presença. Está atestando que a sua presença é totalmente dispensável.

    Quando fazemos fiscalizações noturnas e aos finais de semanas, não queremos que o mesmo farmacêutico trabalhe 24 horas.
    Isso é escravidão.
    Queremos gerar oportunidades para quem ainda não conseguiu sua colocação no mercado. Mudando um pouco de assunto: ESTUDE! SAIBA AS ATRIBUIÇÕES do CRF, do CFF, do Sindicato, da Vigilância Sanitária local, da ANVISA, do Ministério Público, da Policia. Procure saber a atribuições dos conselheiros regionais e federais, saber sobre os candidatos que vocês votam nas eleições de conselho e do nosso País.
    Saiba a Constituição que os rege! Antes de sair ‘’rasgando o verbo’’ com a instituição errada, saiba o que cada uma faz. Direito deveria ser uma matéria do ensino fundamental. Serve pra tudo, não só para sua profissão. E eu sei que você odiava Deontologia na faculdade, porque também não era uma das minhas matérias favoritas (risos)

    Atenção: Sindicato e Conselho são instituições diferentes.
    Só o sindicato pode brigar pelo piso farmacêutico.
    Muitos farmacêuticos não recebem o piso, e culpam o Conselho.
    O Conselho, quando registra um farmacêutico como RT de um estabelecimento, pede a carteira de trabalho do profissional com o piso salarial. Se o farmacêutico mesmo assim não está recebendo, se torna uma questão trabalhista.
    Receber abaixo do piso, é infração ética previsto no código de ética profissional.

    Se te registram na carteira com um valor e não te pagam, você deve procurar o Ministério do Trabalho e denunciar essa situação. Registrar alguém com um valor e pagar outro, é crime de falsificação de documento público, previsto no Código Penal Brasileiro art.297 §3º II.

    Outro assunto: “Ah, mas você? Você é concursada, você não trabalha, você ganha bem...”
    Em primeiro lugar: de onde o brasileiro tira essa ideia de que servidor público não trabalha?
    Prestar um concurso público agora é ganhar na loteria?
    Assim seria muito fácil hein? Por qual razão a Administração pública contrataria funcionários e abriria processos seletivos para onerar os cofres públicos, se não estivessem precisando de mão de obra? Em qualquer lugar deste país, tanto no setor público quanto no setor privado existem bons e maus funcionários. Existem os que querem trabalhar e os que não querem. No setor público isso não é diferente. Se você acha que estou mentindo, então estude e passe no mesmo concurso que passei, você verá que tudo tem seu bônus e se ônus. Mas não me venha dizer que não trabalho. Trabalho e não é pouco. Tenho horário para entrar e para sair, tudo é registrado. Tenho metas a cumprir. Tenho que trabalhar noites e finais de semana. Não pense você, que não está na minha pele que eu chego em casa e deito no meu travesseiro para dormir. Preciso organizar itinerários, relatórios, ler e-mails institucionais, estudar para que eu esteja sempre atualizada sobre as novas legislações para orientar os profissionais.

    Quanto ao meu salário, ele é divulgado para todo mundo ver.
    Procure saber se acha que ganho tão a mais que você.
    Faço tudo isso por uma razão: eu quero que o nosso mercado melhore, que os profissionais estejam mais capacitados, que nossa profissão seja bem vista. Cansei de ver que as drogarias não são mais estabelecimentos de saúde, e sim um mercado de caixinhas. Se por algum motivo eu voltar ao mercado de trabalho, quero que ele esteja melhor do que está atualmente, e por isso tento fazer um serviço bem feito.

    É uma pena mesmo que os fiscais sejam tão mal vistos, que os farmacêuticos pensem que estamos contra a classe.
    Uma pena também, quando estou em uma cidade, faço minha primeira visita e todos os outros estabelecimentos são avisados ‘’o fiscal tá aí, o fiscal tá aí’’.
    Caramba!?
    Qual o objetivo disso?
    Você estava lá trabalhando, o outro que só ‘’assina’’, que estava em casa no bem-bom, sai correndo pra farmácia... O bobo é você que avisou, não o fiscal.

    Fiscal não é idiota.
    Sabemos quem realmente presta assistência.
    Mais uma vez, você esta desvalorizando a classe. Se você precisa se ausentar da farmácia em algum momento, tem todo direito de fazer isso, Farmacêutico também é gente! Basta acessar o site e comunicar sua ausência com antecedência.

    É óbvio que imprevistos acontecem. Mas todas as vezes que eu estou na cidade, aconteceu alguma coisa e você não estava lá?
    Repito: fiscal não é idiota.

    Um abraço a todos os profissionais que lutam pela profissão! Continuemos juntos nessa batalha pela valorização!

    Livia Pimentel Ribeiro
    CRFMG 22950

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