quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Cientista defende fim de mercúrio em vacinas infantis

O discurso do pesquisador ganha ainda mais força agora que o mundo assiste à assinatura da Conferência de Minamata

Ádlia Tavares - Da Secretaria de Comunicação da UnB

mília Silberstein/UnB Agência
 

O professor José Garrofe Dórea, do Departamento de Nutrição, foi o único pesquisador sul-americano convidado a participar como painelista da última Conferência Internacional sobre Mercúrio como um Poluente Global (ICMGP, sigla em inglês), na cidade de Edimburgo, Escócia. Dórea falou à comunidade científica sobre a contaminação de crianças com timerosal, substância à base de mercúrio usada como conservante, encontrada em vacinas administradas pelo sistema público de saúde brasileiro.

“Eu aproveitei meu tempo no evento para chamar a atenção sobre a vulnerabilidade das crianças no terceiro mundo”, destaca o professor. “Elas apresentam uma taxa de exposição ao mercúrio que não se compara à de crianças de países desenvolvidos da Europa e América do Norte”, revela. O professor da UnB é uma das maiores referências mundiais em pesquisas sobre contaminação por baixas doses de mercúrio e defende o fim da utilização do timerosal em vacinas para bebês e crianças.

De acordo com o pesquisador, os países desenvolvidos não utilizam mais o composto do mercúrio como conservador de imunizadores infantis. Talvez por isso, eles estão apáticos ao problema terceiro-mundista e não repercutiram a apresentação que Dórea fez na conferência internacional. O cientista brasileiro avalia que, infelizmente, os pesquisadores estrangeiros não têm interesse no assunto, pois o problema do mercúrio em vacinas infantis já foi superado por eles.

No Brasil, o uso do conservador à base de mercúrio não é uniforme. Medicamentos comercializados em clínicas particulares costumam não apresentar a substância tóxica. Já as vacinas administradas pela rede pública contêm o timerosal. “A substância barateia a comercialização”, explica Dórea. No entanto, a exposição ao composto pode acarretar impactos negativos ao desenvolvimento neuromotor de crianças susceptíveis, “principalmente durante os primeiros seis meses de vida, quando a criança toma mais vacinas”, destaca.

O cientista brasileiro dividiu a mesa de debates com representantes da Organização Mundial de Saúde, da Agência de Proteção Ambiental, do Instituto Nacional para a Doença de Minamata, e com o pesquisador de Harvard Philippe Grandjean. A 11ª ICMGP foi realizada entre 28 de julho e 2 de agosto.

CONFERÊNCIA DE MINAMATA – Segue até a sexta-feira (11) a Conferência Diplomática da Convenção de Minamata. O evento da Organização das Nações Unidas foi convocado para dar início ao processo de assinaturas de um tratado ambiental sobre a redução do uso e das emissões globais de mercúrio em produtos industriais.

O documento, que ficou conhecido como Convenção de Minamata, foi discutido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), na convenção de Genebra, que aconteceu em janeiro deste ano.  O texto terá força de lei, se for assinado por pelo menos 50 países membros da ONU e ratificado internamente por seus Congressos.

Todos os textos e fotos podem ser utilizados e reproduzidos desde que a fonte seja citada. Textos: UnB Agência. Fotos: nome do fotógrafo/UnB Agência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário