O discurso do pesquisador ganha ainda mais força agora que o mundo assiste à assinatura da Conferência de Minamata
Ádlia Tavares - Da Secretaria de Comunicação da UnB
Ádlia Tavares - Da Secretaria de Comunicação da UnB
mília Silberstein/UnB Agência |
O professor
José Garrofe Dórea, do Departamento de Nutrição, foi o único pesquisador
sul-americano convidado a participar como painelista da última
Conferência Internacional sobre Mercúrio como um Poluente Global (ICMGP,
sigla em inglês), na cidade de Edimburgo, Escócia. Dórea falou à
comunidade científica sobre a contaminação de crianças com timerosal,
substância à base de mercúrio usada como conservante, encontrada em
vacinas administradas pelo sistema público de saúde brasileiro.
“Eu
aproveitei meu tempo no evento para chamar a atenção sobre a
vulnerabilidade das crianças no terceiro mundo”, destaca o professor.
“Elas apresentam uma taxa de exposição ao mercúrio que não se compara à
de crianças de países desenvolvidos da Europa e América do Norte”,
revela. O professor da UnB é uma das maiores referências mundiais em
pesquisas sobre contaminação por baixas doses de mercúrio e defende o fim da utilização do timerosal em vacinas para bebês e crianças.
De
acordo com o pesquisador, os países desenvolvidos não utilizam mais o
composto do mercúrio como conservador de imunizadores infantis. Talvez
por isso, eles estão apáticos ao problema terceiro-mundista e não
repercutiram a apresentação que Dórea fez na conferência internacional. O
cientista brasileiro avalia que, infelizmente, os pesquisadores
estrangeiros não têm interesse no assunto, pois o problema do mercúrio
em vacinas infantis já foi superado por eles.
No Brasil, o uso do conservador à base de mercúrio não é uniforme. Medicamentos comercializados em clínicas particulares costumam não apresentar a substância tóxica. Já as vacinas administradas pela rede pública contêm o timerosal. “A substância barateia a comercialização”, explica Dórea. No entanto, a exposição ao composto pode acarretar impactos negativos ao desenvolvimento neuromotor de crianças susceptíveis, “principalmente durante os primeiros seis meses de vida, quando a criança toma mais vacinas”, destaca.
O cientista brasileiro dividiu a mesa de debates com representantes da Organização Mundial de Saúde, da Agência de Proteção Ambiental, do Instituto Nacional para a Doença de Minamata, e com o pesquisador de Harvard Philippe Grandjean. A 11ª ICMGP foi realizada entre 28 de julho e 2 de agosto.
CONFERÊNCIA DE MINAMATA – Segue até a sexta-feira (11) a Conferência Diplomática da Convenção de Minamata. O evento da Organização das Nações Unidas foi convocado para dar início ao processo de assinaturas de um tratado ambiental sobre a redução do uso e das emissões globais de mercúrio em produtos industriais.
O documento, que ficou conhecido como Convenção de Minamata, foi discutido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), na convenção de Genebra, que aconteceu em janeiro deste ano. O texto terá força de lei, se for assinado por pelo menos 50 países membros da ONU e ratificado internamente por seus Congressos.
Todos os textos e fotos podem ser utilizados e reproduzidos desde que a fonte seja citada. Textos: UnB Agência. Fotos: nome do fotógrafo/UnB Agência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário