14/11/2011 - 09:30
O dispositivo pode desobstruir uma artéria cardíaca e dissolver-se em dois anos, restaurando a função natural do vaso, de uma forma que não é possível com implantes permanentes.
O laboratório farmacêutico já conseguiu a sua aprovação nos países da Comunidade Europeia, mas noutros países, como nos EUA e Brasil, ainda está em fase final de estudos. No Brasil, três centros fazem parte do estudo: Dante Pazzanese, Instituto de Cardiologia de Uberlândia e o Hospital Albert Einstein, de um total de mais de 40 centros, de mais de 25 países, escreve o DE.
Nas últimas décadas, as doenças coronarianas resultantes da deposição de placas de ateroma (geralmente formadas por tecidos gordurosos ou fibrosos) no interior de uma dessas artérias foram tratadas com a técnica da angioplastia com colocação de stents, pequenas próteses de metal introduzidas por meio de um balão no local da obstrução.
Após a colocação, o stent fica fixo, não se descola e não se retira mais, passando a fazer parte da parede da artéria, liberando o fluxo de sangue e salvando a vida do paciente.
Centenas de milhares de vida foram salvas por esse procedimento. Actualmente, a técnica foi melhorada com a introdução do stent farmacológico, que aumenta a eficácia da angioplastia ao evitar que os pacientes tratados com o método sofram com novos eventos cardíacos, como o enfarte.
Com a chegada dos stents farmacológicos os pacientes ganharam uma opção de tratamento menos agressiva e até mesmo pessoas com problemas crónicos passaram a ter uma qualidade de vida melhor.
Revolução
"O dispositivo pode representar uma nova revolução no tratamento de obstrução arterial, já que permite resultados que não são possíveis com os stents metálicos tradicionais", diz o cardiologista Marco Antônio Perin, chefe da Divisão de Hemodinânica e investigador principal pelo Albert Einstein, citado pelo DE.
Desde que foi iniciado o estudo clínico no país, cerca de dez pacientes receberam o stent biodegradável, o último dos quais quinta-feira no Hospital Albert Einstein. Todos passam bem, mas é necessário esperar alguns anos para verificar a eficácia do tratamento.
O desenvolvimento do Biosorb®, como foi chamado, representou dez anos de pesquisas da Abbott e um passo importante em uma área promissora para a companhia. Apenas nos EUA, o mercado de cardiologia intervencionista deve alcançar algo como 570 milhões de dólares com a introdução do stent biodegradável e chegar a um total de 5 mil milhões de dólares em 2017.
Várias companhias buscam um polímero em substituição aos stents metálicos, que, apesar de inovadores, em alguns casos impedem a função natural da artéria pela inibição de sua capacidade em se dilatar e contrair-se em resposta às alterações normais de pressão sanguínea. O organismo também reage ao metal com inflamação e, em alguns casos, ocasionando coágulos que devem ser tratados com medicamentos por um longo prazo.
A Abbott chegou mais longe nessa busca, com um polímero feito de ácido polilático, um material biocompatível geralmente usado em implantes médicos, como suturas.O Absorb libera gradativamente, depois de implantado, o medicamento Everolimus® (anti-proliferativo) desenvolvido pela Novartis e licenciado para a Abbott para uso em dispositivos vasculares farmacológicos.
O Everolimus® tem demonstrado inibir o crescimento celular (reestenoses) em artérias coronarianas, verificado após implantes de dispositivos cardiovasculares. Prevendo o impacto que o Absorb® terá no tratamento das doenças coronarianas, recentemente o Wall Street Journal outorgou o seu prémio do Inovação Tecnológica à Abbott, na categoria dispositivos médicos.
http://www.rcmpharma.com/actualidade/id/14-11-11/abbott-cria-nova-tecnica-para-desobstruir-arterias
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