O surgimento de bactérias resistentes a quase todas as drogas antimicrobianas desafia a medicina. O artigo de capa da CH de novembro fala sobre as principais superbactérias, responsáveis por um número crescente de infecções e mortes em todo o mundo.
Publicado em 17/11/2011 | Atualizado em 17/11/2011
A espécie ‘Staphylococcus aureus’ resistente à meticilina (na foto), conhecida pela sigla MRSA, está entre as superbactérias mais disseminadas no mundo, tanto no ambiente hospitalar quanto fora dos hospitais. (imagem: Janice Carr/ HHS)
O termo superbactérias, muito usado atualmente, refere-se a bactérias que acumularam vários genes determinantes de resistência, a ponto de se tornarem refratárias a praticamente todos os antimicrobianos utilizados nos tratamentos médicos, deixando clínicos e cirurgiões sem muitas opções para combater as infecções.
Sem dúvida, um dos mais importantes fatores envolvidos na proliferação de superbactérias é a ampla utilização de antibióticos no ambiente hospitalar, na população extra-hospitalar (comunitária) e na agropecuária.
É preocupante o aumento contínuo das taxas de mortalidade relacionadas a infecções por bactérias multirresistentes, em todos os continentes. A partir de dados (de 2009) de um grupo de estudo envolvendo o Centro Europeu para o Controle de Doenças e a Agência Europeia de Medicina, estimou-se que, a cada ano, cerca de 25 mil pacientes morrem dessas infecções na União Europeia.
Nos Estados Unidos, estudos realizados pelos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) avaliaram que mais de 63 mil pessoas morrem, a cada ano, de infecções bacterianas associadas a hospitais.
Mais inquietante é o fato de que a taxa de infecções graves por bactérias multirresistentes é ainda maior nos países em desenvolvimento, como o Brasil, onde os serviços de assistência à saúde são, muitas vezes, precários.
Perigo nos hospitais
As superbactérias têm surgido a partir de diversas espécies ou grupos de microrganismos, alguns dos quais podem ser encontrados normalmente em nosso corpo (na pele e nos intestinos, por exemplo).Entre as espécies mais associadas à resistência a antimicrobianos estão Staphylococcus aureus resistente à meticilina (conhecida pela sigla MRSA), Acinetobacter baumannii, Entero-coccus faecium, Pseudomonas aeruginosa, Clostridium difficile, Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae.
A MRSA está, sem dúvida, entre as superbactérias mais disseminadas no mundo, tanto no ambiente hospitalar quanto fora dos hospitais, envolvendo inclusive indivíduos saudáveis.
Em 2007, o CDC publicou relato, no Journal of the American Medical Association, estimando que o número de infecções por MRSA nos Estados Unidos estaria próximo de 100 mil por ano, com cerca de 19 mil casos fatais. O número de mortes, segundo o editorial que comentava o artigo, é maior que o das mortes atribuídas ao vírus da Aids naquele país, no mesmo ano.
Atualmente, em países mais ricos, como os Estados Unidos, 60% a 70% das amostras de S. aureus encontradas em unidades de terapia intensiva (UTI) apresentam resistência à meticilina (ou seja, são MRSA).
Pacientes hospitalizados são, particularmente, mais suscetíveis a infecções graves por MRSA, em razão do sistema imune mais comprometido e do uso de procedimentos médicos invasivos, como cirurgia e implantação de cateteres e próteses.
fonte: Instituto Ciência Hoje
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