A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) vai
publicar, até a segunda quinzena de outubro, um edital público para formar um
grupo de interessados em discutir medidas para que a receita médica passe a ser
cobrada nas farmácias.
A proposta da agência, segundo adiantado pela Folha de
S.Paulo em agosto, é fazer valer a lei vigente, da década de 70, e estabelecer
como obrigatória a apresentação da prescrição do médico no ato da compra de
remédios com tarja vermelha - como anti-hipertensivos, anticoncepcionais e
anti-inflamatórios.
Parte dos medicamentos de tarja vermelha são vendidos nas
farmácias mediante a retenção da receita - caso dos antibióticos -, mas uma
parte expressiva é vendida apenas mediante a apresentação da receita no balcão
da farmácia. Na prática, nesse último caso, a receita acaba não sendo cobrada.
"Não há como negar que, se nós formos a dez, 20 ou mil
farmácias agora, nós vamos comprar anti-inflamatórios, anti-hipertensivos sem a
prescrição. E qualquer outro tipo de produto, a não ser aquele de que a Anvisa
passou a exigir retenção do receituário. Fica parecendo que os únicos
medicamentos que precisam de prescrição são aqueles que preveem a retenção da
receita", afirmou Dirceu Barbano, diretor-presidente da Anvisa, em
audiência pública para discutir o tema, hoje.
Os remédios alvo da Anvisa representam cerca de 65% do
mercado, segundo Barbano.
O diretor acredita que o grupo de interessados possa ser
reunido ainda este ano e apresentar as primeiras medidas no início de 2013. De
acordo com o diretor da Anvisa, as medidas mais imediatas devem ser campanhas
para difundir a necessidade da apresentação da receita junto a pacientes e
conselhos profissionais.
Segundo Barbano, a agência não pensa em pressionar as
farmácias com fiscalização num primeiro momento.
Indústria
Durante a audiência, representantes da indústria de
medicamentos e dos farmacêuticos apoiaram, em sua maioria, a proposta de fazer
valer a lei. Muitos, no entanto, fizeram ressalvas sobre os problemas ligados à
medida.
"São várias as ações para que isso aconteça. É preciso
um prazo adequado da validade da receita médica - hoje há vários prazos
previstos em normas, 30 dias, 120 dias, 180 dias -, perceber os usos
emergenciais - como a pílula do dia seguinte, que não pode esperar -, a
dificuldade de acesso a consultas médicas, a importância da revisão da lista de
medicamentos isentos de prescrição, a adoção de um receituário
eletrônico", resumiu Henrique Tada, da Alanac (Associação dos Laboratórios
Farmacêuticos Nacionais).
Cassio Sobrinho, do Sindifarma (sindicato dos farmacêuticos)
do Amapá, afirmou que as disparidades regionais de oferta de médicos devem ser
consideradas na discussão.
"Nosso Brasil é formado por vários "Brasis". O
amazônico é o que está na miséria, com menos assistência à saúde. Não queremos
infringir normas, mas queremos condição para isso. E não temos."
O deputado Antônio Roberto (PV-MG), único parlamentar
presente na discussão, disse concordar com a necessidade da receita, mas que é
preciso ter "prudência".
"Por questão de princípio, acho que tem que ter o mínimo
de determinação estatal na vida das pessoas adultas. Essa comissão poderá colocar
mais a realidade", afirmou o deputado.
Dados
Durante o debate, a Anvisa apresentou alguns dados sobre
eventos adversos e sobre a automedicação, coletados de pesquisas feitas no país
e fora do Brasil.
Segundo a agência, 35% dos medicamentos adquiridos são por
automedicação - dado que inclui medicamentos sujeitos à prescrição e os não
sujeitos a ela. Ainda de acordo com a agência, os medicamentos alvo da medida
respondem por 75% dos relatos de intoxicações por remédios feitos à agência.
Fonte: Paraná online
Fonte: Paraná online
-editoria/pais/news/627435/?noticia=ANVISA+VAI+PUBLICAR+EDITAL+PARA+DISCUTIR+A+EXIGENCIA+DE+RECEITA+MEDICA
ResponderExcluir