segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Portugal - Receitas de microbiologia: antibióticos à la carte

Projecto da UP sensibiliza público e promove utilização correcta de substâncias

2012-09-14
Projecto de Verão focado na resistência a antibióticos
Projecto de Verão focado na resistência a antibióticos
 
Um projecto de Verão focado na resistência a antibióticos de laboratório e antibióticos naturais – «Receitas de microbiologia: antibióticos à la carte» – demostrou ser uma estratégia eficaz para a sensibilização de alunos do ensino secundário acerca da resistência destas substâncias e da importância da utilização racional destes medicamentos.

Ao contrário das intervenções educativas tradicionais neste âmbito, que se têm baseado maioritariamente em campanhas informativas de larga-escala, este projecto foi desenvolvido com o objectivo de tirar partido dos reconhecidos benefícios do trabalho laboratorial, exigindo o envolvimento activo dos alunos na sua própria aprendizagem. O estudo é apresentado por um grupo de investigadores da Universidade do Porto (UP) na última edição da revista PLOS ONE.

«Receitas de microbiologia: antibióticos à la carte» é um projecto com a duração de uma semana e com um carácter vincadamente prático que, desde 2010, decorre no laboratório de microbiologia do Departamento de Biologia da Faculdade de Ciências do Porto. Este projecto está enquadrado na Universidade Júnior, um programa promovido pela Universidade do Porto, que visa promover o contacto de jovens dos ensinos básico e secundário com o ambiente universitário.

A disseminação da resistência bacteriana a antibióticos constitui um problema crescente de saúde pública, que exige esforços concertados ao nível do desenvolvimento de intervenções educativas destinadas a sensibilizar o público e promover a utilização correcta de antibióticos. Com este objectivo, vários programas educativos e recursos didácticos têm sido desenvolvidos em diversos países. Contudo, ainda não existem indicadores consistentes da eficácia da maioria destes recursos. Adicionalmente, estudos revelam que a população em geral continua mal informada sobre aspectos básicos relacionados com o modo de funcionamento dos antibióticos e adopta frequentemente comportamentos errados.

Contribuir para a literacia científica


Admitindo que os programas destinados à população mais jovem podem contribuir para a literacia científica de uma geração futura de utilizadores de antibióticos, o grupo de investigadores da UP desenvolveu, implementou e avaliou um projecto para estimular o interesse dos mais jovens e promover a sua consciencialização acerca das consequências da resistência a antibióticos.

“Estávamos interessados em incentivar o interesse dos alunos e promover o raciocínio científico sobre os processos envolvidos na resistência a antibióticos e na actividade de antibióticos naturais, estimulando a ligação entre os fenómenos observados e as ideias subjacentes. Verificámos que através da combinação de diferentes actividades, desde exercícios de bioinformática até a testes de antibióticos naturais, é possível ultrapassar concepções alternativas, aumentar o conhecimento dos alunos e promover o desenvolvimento de competências procedimentais”, segundo referiu Maria João Fonseca, uma das investigadoras envolvidas neste estudo.

Quanto aos benefícios que advêm da incorporação de actividades práticas em programas de educação em ciência, Fernando Tavares, o responsável pelo projecto acredita que "os dados recolhidos ilustram a forma como os ambientes de aprendizagem informal como o proporcionado pela Universidade Júnior, podem ter um impacto efectivo e mensurável nos nossos alunos, e contribuir para promover a literacia científico acerca de assuntos socio-científicos essenciais entre as gerações futuras”.
Fonte: Ciência Hoje

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