Ele pede que o farmacêutico "pare de perder tempo com picuinha".
Médico alega que se irritou com a burocracia para a compra do remédio.
Um médico, que atende no Hospital Municipal de São José dos Campos, se
utilizou de uma maneira pouco usual para mandar um recado ao
farmacêutico que se recusou a fornecer medicamentos a uma paciente. Ao
final da receita ele adicionou a seguinte frase: "Pare de perder tempo
com picuinha, grato".
A receita com o recado foi feita após a paciente, uma mulher de 66
anos, procurar o hospital em 26 de maio, quando precisava de remédios
para o controle de pressão. "Ele fez uma receita de 25 mg e o
farmacêutico disse que, pela farmácia popular, só tinha o produto com 50
mg", conta Maria Chagas, a paciente.
Ela então voltou ao hospital e o médico teria apenas alterado a quantidade na receita. "Voltei à farmácia e o farmacêutico não aceitou por causa das rasuras", diz Maria.
A paciente voltou pela terceira vez ao hospital e afirma ter sido destratada. "O médico disse que eu deveria mandar a farmácia popular 'plantar batata' e que meus retornos ao hospital ocupariam o lugar de outras pessoas", conta.
Na ocasião, a aposentada relatou a história apenas aos funcionários da farmácia. Na última segunda-feira o caso se tornou público quando a paciente comentou o caso com parentes. "Ela ficou com medo de irmos tirar satisfação com o médico. Ela reclamou para funcionárias, que apenas disseram que 'iam ver'", diz Bruna Chagas, neta da paciente.
Burocracia irritou médicoO G1 entrou em contato, por e-mail, com o Dr. Vitor Israel, que clinicava há dois meses no hospital e estava em período de experiência. "O paciente voltou ao hospital três vezes por algum detalhe de receita que queriam que mudasse, por não ter comprimido de 50 mg e ter que refazer a receita toda à mão para dizer duas cápsulas de 25 mg, sendo que não se pode rasurar receita. Na terceira vez em que reescrevia, me irritei com a farmácia", diz Vitor.
"Acredito no SUS público e na humanização da medicina. E perco o emprego sumariamente por me irritar com a burocracia. Acho que a profissão médica não permite que você se irrite com absolutamente nada, mesmo que o paciente esteja sendo explorado no meio", disse.
A farmácia onde os remédios foram comprados fica ao lado do hospital, região onde também reside a paciente. "A farmácia popular tem uma série de normas, se algo vai diferente, a farmácia tem que responder ao Ministério da Saúde. Os médicos reclamam mesmo e os pacientes lamentam conosco", relata uma funcionária.
Profissional será desligadoA Secretaria de Saúde de São José dos Campos foi informada do caso por meio da reportagem do G1. Em nota, a Secretaria informou que considera a conduta inadmissível e, por isso, o médico está sendo desligado do Hospital Municipal. A Secretaria informou ainda que o caso será encaminhado para a comissão de ética médica do hospital.
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) informou que vai abrir sindicância para apurar a conduta do médico. No caso de uma sindicândia, o resultado pode levar de 6 meses a 2 anos para sair.
Leia a íntegra da nota da Secretaria de Saúde:
"O Hospital Municipal de São José dos Campos considera uma conduta como essa inadmissível. Por isso, o médico está sendo desligado e o caso também vai ser encaminhado para a Comissão de Ética Médica do Hospital que também vai apurar o ocorrido dentro dos princípios da ética médica.
Lembrando, que essa não é conduta dos profissionais que trabalham no Hospital Municipal de São José dos Campos. É importante que ocorrências como essa sejam sempre relatadas no Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU) mantido pelo HM, que é um canal direto de comunicação do paciente com a diretoria. Assim o hospital pode averiguar e sempre corrigir falhas como essa".
Hospital Municipal de São José dos Campos
(Foto: Reprodução/TV Vanguarda)
(Foto: Reprodução/TV Vanguarda)
Ela então voltou ao hospital e o médico teria apenas alterado a quantidade na receita. "Voltei à farmácia e o farmacêutico não aceitou por causa das rasuras", diz Maria.
A paciente voltou pela terceira vez ao hospital e afirma ter sido destratada. "O médico disse que eu deveria mandar a farmácia popular 'plantar batata' e que meus retornos ao hospital ocupariam o lugar de outras pessoas", conta.
Na ocasião, a aposentada relatou a história apenas aos funcionários da farmácia. Na última segunda-feira o caso se tornou público quando a paciente comentou o caso com parentes. "Ela ficou com medo de irmos tirar satisfação com o médico. Ela reclamou para funcionárias, que apenas disseram que 'iam ver'", diz Bruna Chagas, neta da paciente.
Burocracia irritou médicoO G1 entrou em contato, por e-mail, com o Dr. Vitor Israel, que clinicava há dois meses no hospital e estava em período de experiência. "O paciente voltou ao hospital três vezes por algum detalhe de receita que queriam que mudasse, por não ter comprimido de 50 mg e ter que refazer a receita toda à mão para dizer duas cápsulas de 25 mg, sendo que não se pode rasurar receita. Na terceira vez em que reescrevia, me irritei com a farmácia", diz Vitor.
"Acredito no SUS público e na humanização da medicina. E perco o emprego sumariamente por me irritar com a burocracia. Acho que a profissão médica não permite que você se irrite com absolutamente nada, mesmo que o paciente esteja sendo explorado no meio", disse.
A farmácia onde os remédios foram comprados fica ao lado do hospital, região onde também reside a paciente. "A farmácia popular tem uma série de normas, se algo vai diferente, a farmácia tem que responder ao Ministério da Saúde. Os médicos reclamam mesmo e os pacientes lamentam conosco", relata uma funcionária.
Profissional será desligadoA Secretaria de Saúde de São José dos Campos foi informada do caso por meio da reportagem do G1. Em nota, a Secretaria informou que considera a conduta inadmissível e, por isso, o médico está sendo desligado do Hospital Municipal. A Secretaria informou ainda que o caso será encaminhado para a comissão de ética médica do hospital.
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) informou que vai abrir sindicância para apurar a conduta do médico. No caso de uma sindicândia, o resultado pode levar de 6 meses a 2 anos para sair.
Leia a íntegra da nota da Secretaria de Saúde:
"O Hospital Municipal de São José dos Campos considera uma conduta como essa inadmissível. Por isso, o médico está sendo desligado e o caso também vai ser encaminhado para a Comissão de Ética Médica do Hospital que também vai apurar o ocorrido dentro dos princípios da ética médica.
Lembrando, que essa não é conduta dos profissionais que trabalham no Hospital Municipal de São José dos Campos. É importante que ocorrências como essa sejam sempre relatadas no Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU) mantido pelo HM, que é um canal direto de comunicação do paciente com a diretoria. Assim o hospital pode averiguar e sempre corrigir falhas como essa".
Receita
enviada para a farmácia contém prescrição de remédios para controle de
pressão e um recado para o farmacêutico (Foto: Foto: Arquivo Pessoal/
Bruna Chagas)
Muitos médicos não todos, quando estão com o jaleco branco se acham deuses e esquecem que do outro lado tem profissionais que tem que responder por erros que eles cometem e que não aceitam que sejam contrariados e nem tem a humildade de assumir que errou e ficam colocando esse tipo de frase em uma receita e também não tem humildade de pedir ajuda a outro profissional de saúde como o farmacêutico clinico que é o verdadeiro conhecedor dos medicamentos.
ResponderExcluir"Acredito no SUS público e na HUMANIZAÇÃO da medicina". Destrata a paciente, manda recado pela receita ao invés de tentar entrar em contato com o farmacêutico responsável pela farmácia popular para esclarecer as dúvidas e ainda reclama por que tem que reescrever uma receita com apenas 2 medicamentos. É isso que ele chama de "humanização" da medicina.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirA CLASSE MÉDICA PRECISA ENTENDER QUE A SAÚDE NÃO É SÓ FEITA DE MÉDICOS , EXISTE TODA UMA ENGRENAGEM ONDE DEPOIS QUE ELE PRESCREVE O PACIENTE VAI SE DIRIGIR A OUTRO PROFISSIONAL TÃO CAPACITADO QUANTO ELE QUE PODE MUITO BEM ACEITAR OU NÃO SUAS RECEITAS.
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