quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Médico utiliza receita para mandar recado a farmacêutico

Ele pede que o farmacêutico "pare de perder tempo com picuinha".
Médico alega que se irritou com a burocracia para a compra do remédio.

Renato Ferezim Do G1 Vale do Paraíba e Região
 
Um médico, que atende no Hospital Municipal de São José dos Campos, se utilizou de uma maneira pouco usual para mandar um recado ao farmacêutico que se recusou a fornecer medicamentos a uma paciente. Ao final da receita ele adicionou a seguinte frase: "Pare de perder tempo com picuinha, grato".

Hospital Municipal de São José dos Campos (Foto: Reprodução/TV Vanguarda) 
Hospital Municipal de São José dos Campos
(Foto: Reprodução/TV Vanguarda)
 
A receita com o recado foi feita após a paciente, uma mulher de 66 anos, procurar o hospital em 26 de maio, quando precisava de remédios para o controle de pressão. "Ele fez uma receita de 25 mg e o farmacêutico disse que, pela farmácia popular, só tinha o produto com 50 mg", conta Maria Chagas, a paciente.

Ela então voltou ao hospital e o médico teria apenas alterado a quantidade na receita. "Voltei à farmácia e o farmacêutico não aceitou por causa das rasuras", diz Maria.
A paciente voltou pela terceira vez ao hospital e afirma ter sido destratada. "O médico disse que eu deveria mandar a farmácia popular 'plantar batata' e que meus retornos ao hospital ocupariam o lugar de outras pessoas", conta.

Na ocasião, a aposentada relatou a história apenas aos funcionários da farmácia. Na última segunda-feira o caso se tornou público quando a paciente comentou o caso com parentes. "Ela ficou com medo de irmos tirar satisfação com o médico. Ela reclamou para funcionárias, que apenas disseram que 'iam ver'", diz Bruna Chagas, neta da paciente.

Burocracia irritou médicoO G1 entrou em contato, por e-mail, com o Dr. Vitor Israel, que clinicava há dois meses no hospital e estava em período de experiência. "O paciente voltou ao hospital três vezes por algum detalhe de receita que queriam que mudasse, por não ter comprimido de 50 mg e ter que refazer a receita toda à mão para dizer duas cápsulas de 25 mg, sendo que não se pode rasurar receita. Na terceira vez em que reescrevia, me irritei com a farmácia", diz Vitor.

"Acredito no SUS público e na humanização da medicina. E perco o emprego sumariamente por me irritar com a burocracia. Acho que a profissão médica não permite que você se irrite com absolutamente nada, mesmo que o paciente esteja sendo explorado no meio", disse.

A farmácia onde os remédios foram comprados fica ao lado do hospital, região onde também reside a paciente. "A farmácia popular tem uma série de normas, se algo vai diferente, a farmácia tem que responder ao Ministério da Saúde. Os médicos reclamam mesmo e os pacientes lamentam conosco", relata uma funcionária.

Profissional será desligadoA Secretaria de Saúde de São José dos Campos foi informada do caso por meio da reportagem do G1. Em nota, a Secretaria informou que considera a conduta inadmissível e, por isso, o médico está sendo desligado do Hospital Municipal. A Secretaria informou ainda que o caso será encaminhado para a comissão de ética médica do hospital.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) informou que vai abrir sindicância para apurar a conduta do médico. No caso de uma sindicândia, o resultado pode levar de 6 meses a 2 anos para sair.

Leia a íntegra da nota da Secretaria de Saúde:

"O Hospital Municipal de São José dos Campos considera uma conduta como essa inadmissível. Por isso, o médico está sendo desligado e o caso também vai ser encaminhado para a Comissão de Ética Médica do Hospital que também vai apurar o ocorrido dentro dos princípios da ética médica.
Lembrando, que essa não é conduta dos profissionais que trabalham no Hospital Municipal de São José dos Campos. É importante que ocorrências como essa sejam sempre relatadas no Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU) mantido pelo HM, que é um canal direto de comunicação do paciente com a diretoria. Assim o hospital pode averiguar e sempre corrigir falhas como essa".
Receita enviada para a farmácia contém prescrição de remédios para controle de pressão e um recado para o farmacêutico (Foto: Foto: Arquivo Pessoal/ Bruna Chagas)Receita enviada para a farmácia contém prescrição de remédios para controle de pressão e um recado para o farmacêutico (Foto: Foto: Arquivo Pessoal/ Bruna Chagas)

 Fonte: G1

4 comentários:

  1. Muitos médicos não todos, quando estão com o jaleco branco se acham deuses e esquecem que do outro lado tem profissionais que tem que responder por erros que eles cometem e que não aceitam que sejam contrariados e nem tem a humildade de assumir que errou e ficam colocando esse tipo de frase em uma receita e também não tem humildade de pedir ajuda a outro profissional de saúde como o farmacêutico clinico que é o verdadeiro conhecedor dos medicamentos.

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  2. "Acredito no SUS público e na HUMANIZAÇÃO da medicina". Destrata a paciente, manda recado pela receita ao invés de tentar entrar em contato com o farmacêutico responsável pela farmácia popular para esclarecer as dúvidas e ainda reclama por que tem que reescrever uma receita com apenas 2 medicamentos. É isso que ele chama de "humanização" da medicina.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. A CLASSE MÉDICA PRECISA ENTENDER QUE A SAÚDE NÃO É SÓ FEITA DE MÉDICOS , EXISTE TODA UMA ENGRENAGEM ONDE DEPOIS QUE ELE PRESCREVE O PACIENTE VAI SE DIRIGIR A OUTRO PROFISSIONAL TÃO CAPACITADO QUANTO ELE QUE PODE MUITO BEM ACEITAR OU NÃO SUAS RECEITAS.

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