Gazeta
Uma aposentada de 63 anos recebeu, da Farmácia de Alto Custo de Cuiabá,
duas caixas de medicamentos que estavam vencidos há 8 meses. Maria Dunga
Souza só se deu conta da situação após checar a validade do remédio
depois das denúncias de que falhas na gestão teriam causado um
desperdício de centenas de lotes.
Além de não sentir o efeito desejado e ter que conviver com dores, ela aguarda uma nova remessa para prosseguir o tratamento.
Maria conta que retirou duas unidades do medicamento Entanila
Transdérmica 8,4mg no dia 6 de maio deste ano. “Percebi que o efeito não
estava sendo o mesmo e mal conseguia me levantar de tanta dor. Minha
situação só piorou e hoje vivo em desespero”.
Há 6 anos, ela sofre de Radicolopatia Lombar Múltipla, fato que acarreta
muitas dores. Após ter visto as denúncias de que o Instituto
Pernambucano de Assistência Social (Ipas) mantinha em um depósito
medicamentos vencidos, decidiu olhar a data de validade dos seus
remédios. As caixas só poderiam ter sido usadas até setembro do ano
passado. “Na hora entrei em desespero, porque além de não ver o efeito
pensei que isso pudesse ter piorado minha situação e, às vezes, até
piorou.
Cheguei a ligar para a Polícia, mas me informaram que tenho que procurar
a Delegacia do Idoso para registrar uma queixa”. Mesmo depois de
constatar que o remédio estava vencido, ela continuou a fazer uso do
medicamento.“Não sabia o que fazer e achei melhor continuar a aplicar os
adesivos, mas é nítido que não faz efeito nenhum, é como se eu
estivesse sem nada, de tanta dor que sinto. Passo a maior parte do dia
deitada e mal consigo andar”.
Os problemas foram constatados após complicação em uma cirurgia na
coluna. “Os parafusos que foram colocados se quebraram na região lombar e
tive que fazer enxerto ósseo para tentar consertar, mas fiquei com uma
dor crônica”. Além desta operação, a aposentada passou por outras duas
intervenções cirúrgicas.
O remédio tem o nome comercial de Durogesic e é indicado para o alívio
da dor, considerado um analgésico narcótico. Cada caixa custa, segundo
ela, R$ 750.“Fui aposentada por invalidez há 3 anos e tenho um marido em
tratamento contra o câncer. Não posso pagar e conto com o Estado para
me fornecer o medicamento. Tenho medo que com tanto remédio vencido
minha situação tenha se agravado. Estou apavorada”.
Fonte: O Documento
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