Câncer, obesidade e outras doenças não transmissíveis podem e devem ser prevenidas antes de se manifestarem
por Rogério Tuma
—
publicado
16/07/2014 04:14
Houve um tempo em que as epidemias que
colocavam a existência da humanidade em risco estavam ligadas apenas às
doenças infecciosas. Hoje, o que mais assusta são as doenças não
transmissíveis. O fato de o mundo ter se tornado “menor” com a
globalização pode ter facilitado o surgimento de pandemias por doenças
transmissíveis, mas a massiva aculturação da humanidade também
universalizou os maus hábitos, como fumar, beber e comer demais. Houve
um aumento na incidência das doenças não transmissíveis (DNTs), como
câncer, obesidade, diabetes e doenças cardiocerebrovasculares em
proporções maiores que as infecções.
Anos atrás, os habitantes de países ricos
morriam dos efeitos do cigarro, do álcool e da comida em excesso, e os
dos pobres morriam de doenças infecciosas, como tuberculose e malária.
Hoje, excetuando-se a região do subsaariana, todos sofrem mais com as
DNTs. Elas são responsáveis por 65% das mortes anuais e mais da
metade do custo econômico que todas as doenças provocam. O mais
assustador é que 85% desse custo e perda de vidas ocorrem nos países
mais pobres. Para Lawrence Gostin, diretor da Organização Mundial da
Saúde, o custo de tratamentos e o prejuízo com as mortes prematuras
somarão 47 trilhões de dólares por volta de 2030.
Cientistas identificaram alguns fatores
que, se controlados por legislação internacional, trariam dramática
redução na incidência das DNTs. A redução do uso do tabaco no mundo é um
exemplo. As regras de uso do tabaco da ONU são utilizadas em 178 países
por ratificação de um tratado, onde 51 deles incluíram em sua
legislação as regras, que recomendam altos impostos, proibição de uso em
locais públicos e controle de publicidade. Já a obesidade tem passado
ao largo desse sucesso. De acordo com Gostin, nenhum país signatário da
OMS conseguiu até hoje reduzir a taxa de obesidade. Focada em doenças
como Aids, tuberculose e malária, a organização gasta apenas 8% de seu
orçamento para controle das DNTs. A única ação da OMS foi em 2012,
quando definiu como objetivo global a redução de 25% das mortes
prematuras por DNTs até 2025.
Para o secretário-geral da ONU, Ban
Ki-moon, as leis para controle dessas doenças não são aplicadas porque
os governos estão ligados à indústria de alimentos, bebidas e tabaco;
seria o medo de perder uma indústria para o país vizinho. A ONU
recomenda uma lista de medidas de baixo custo que promovem alto impacto
na redução das DNTs. São elas:
Tabaco: Aumentar impostos, tornar as áreas públicas livres de cigarro.
Álcool: Aumentar impostos, restringir acesso a lojas e proibir propaganda.
Dieta: Reduzir sal e açúcar nos alimentos, substituir gordura trans por poli-insaturada nos alimentos industrializados.
Exercício: Fomentar programas de atividades físicas e esportivas no trabalho e escolas, aumentar vias para bicicletas .
Doença cardiovascular e diabetes: Identificar a doença e tratá-la precocemente.
Câncer: Imunizar
toda a população contra o vírus da hepatite B para prevenir o câncer de
fígado e identificar e tratar lesões de colo do útero para evitar
câncer uterino em mulheres.
Fonte: Carta Capital
Nenhum comentário:
Postar um comentário