"Técnica" pode levar a alterações na dosagem dos medicamentos
DA REDAÇÃO
A prática de quebrar um comprimido pela metade para alcançar a
dose prescrita pelo médico faz parte da rotina de milhares de
brasileiros, mas o que muitos não sabem é que esta prática pode
prejudicar o tratamento ou expor o paciente a uma superconcentração do
remédio, deixando-o vulnerável a efeitos tóxicos. Um estudo divulgado
pela Universidade Católica de Pelotas no Rio Grande do Sul reforçou o
alerta sobre a prática.Os pesquisadores descobriram que a quebra pode trazer riscos à saúde e provocar até intoxicação. O remédio analisado foi o diurético mais receitado para hipertensão no país. Durante os testes, foram partidos 750 comprimidos. Em nenhum deles as duas metades tinham a mesma quantidade do princípio ativo, que é a substância que age no organismo. A diferença, de acordo com a pesquisa, chegou a 15%, ou seja, um dos pedaços faz menos efeito que o outro.
Segundo o farmacêutico magistral e presidente da Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais - Regional Mato Grosso, Célio Fernandes, essa pesquisa vem reforçar outros estudos feitos em laboratórios que mostram que as metades obtidas na partição do comprimido apresentam uma variação de conteúdo além dos limites recomendados, resultando em “significativa diferença” de massa entre as partes e perda de partículas.
Muitas vezes, explica Fernandes, os comprimidos são de liberação sustentada, ou seja, após a ingestão, são absorvidos pouco a pouco pelo organismo. Segundo o farmacêutico, esse tipo de medicamento não deve ser partido em nenhuma condição. “A quebra é desaconselhável em qualquer caso mesmo quando o medicamento for fabricado com um sulco para facilitar a partição. “Vimos que a posologia (indicação de doses) acaba comprometida no momento da quebra”, diz.
Quando quebrado, além da falta de uniformidade, o medicamento pode sofrer alterações no teor ou se degradar em substâncias que tenham toxicidade.
“A farmácia de manipulação tem um papel importante nesse caso de evitar quebras de comprimidos, pois abre o leque de opções para o médico prescritor que irá adequar a dose para cada paciente. Além disso, o paciente levará para casa o estritamente necessário para o seu tratamento sem ter que partir ou interferir na integridade da fórmula e também sem sobras de medicamento, gerando economia e segurança para o mesmo”, diz.
Célio explica que uma das causas que tornaram a quebra dos medicamentos uma cultura enraizada na sociedade brasileira é o fator econômico. “Em alguns casos, o paciente faz reutilização de um medicamento que tinha sobrado na caixa e, em prescrição de dosagem menor, ele não reluta em fazer “economia”, partindo-o simplesmente”.
Fique Atento
Quando a partição não é recomendável?
A quebra pode ser prejudicial, especialmente, se o comprimido tiver ação sobre uma área específica do corpo ou for de liberação sustentada ou prolongada - quando tem seu teor liberado no decorrer do dia. Nesse caso, a medicação pode ser tornar ineficaz ou mesmo prejudicial.
Fonte: Midia News
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