segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Portugal - DGS aperta controlo a erro de prescrição e desperdício

por DIANA MENDES - Hoje
DGS aperta controlo a erro de prescrição e desperdício
Já saíram duas das seis normas que os médicos terão de cumprir no tratamento de doenças prevalentes, como diabetes ou hipertensão. Excepções serão investigadas.

A Direcção-Geral da Saúde (DGS) quer melhorar a qualidade de tratamento dos doentes e reduzir o desperdício de recursos associado a erros de prescrição de medicamentos. Para isso, os médicos vão ter de cumprir um conjunto de novas regras de prescrição de medicamentos para as doenças mais frequentes. E as excepções, que terão de integrar o processo clínico do doente, "serão fiscalizadas pela DGS e pela Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS)", disse ao DN Alexandre Diniz, director do Departamento da Qualidade na Saúde da DGS.

Depois da osteodensitometria óssea, um exame para detectar a osteoporose, seguem-se novas regras, mas agora na área do medicamento. Duas delas, na diabetes e na hipertensão arterial, foram recentemente publicadas. "Optámos por começar com as doenças mais prevalentes", refere Alexandre Diniz. Além das referidas, "vão sair regras na área dos anticoagulantes, anti-inflamatórios não esteróides, anti-ulcerosos gástricos e antibióticos", refere (ver explicação na caixa em cima).

As normas, que têm de ser cumpridas por todos os médicos, "são o que consideramos ser a melhor forma de prescrever. Por isso, não há hipótese de se fazer de outra maneira. Estas regras destinam-se sobretudo aos médicos dos cuidados de saúde primários, por onde passam a maioria destes doentes. O especialista lembra, porém, que as fugas à norma serão investigadas e corrigidas, "mas de forma educativa. Não queremos um sistema punitivo", frisa.

O principal objectivo é "melhorar a prática clínica. É bom para o médico, que tem a certeza do que é mais indicado para cada doente, e é bom para ele, que é tratado da melhor forma. Por outro lado, são combatidas ineficiências que podem até ser maléficas para o doente". Numa altura de constrangimentos financeiros, considera que "se está a reduzir despesa e a tratar com melhores resultados".

No caso da osteodensitometria, "a Administração Central dos Sistemas de Saúde (ACSS) chegou à conclusão de que é possível poupar nove milhões de euros/ano por má prescrição. Nas restantes áreas só iremos saber quando começarmos a recolher dados". Com os antibióticos, e perante a elevada taxa de resistência por exagero de prescrição ou falha na adesão à terapêutica, a norma irá certamente reduzir em muito o desperdício - como o dos casos do seu uso em gripes - e contribuir para a queda das resistências a bactérias.

As normas têm uma base científica consensualizada por vários peritos, médicos de sociedades científicas ou colégios da especialidade da Ordem dos Médicos. "Todas as normas terão indicadores a cumprir e a avaliar. Temos uma parceria com a ACSS, que tem os sistema de informação e avalia o impacto financeiro destas normas."

Os médicos terão de as seguir à risca, a menos que justifiquem devidamente a opção nos processos dos doentes. "A DGS e a IGAS vão fazer auditorias clínicas às prescrições fora da norma e corrigir os casos em que não se cumpram as boas práticas", acrescentou. Haverá sempre casos em que as características individuais do doente terão de justificar outras opções terapêuticas.

As administrações regionais de saúde terão de adequar os sistemas de informação de forma a garantir as monitorização, e a Direcção-Geral de Saúde, em conjunto com a equipa dos programas de controlo de cada doença, "fará relatórios regulares de monitorização, possivelmente de seis em seis meses", acrescenta Alexandre Diniz.

No caso da hipertensão arterial, alguns indicadores que serão avaliados são a percentagem de doentes diagnosticados e a tomar anti--hipertensores, doentes vigiados a tomar diuréticos tiazídicos ou o custo médio por doente.

fonte: http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1753165&page=1

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