Médicos que atendem doentes em clínicas particulares contribuem de forma significativa para a disseminação da resistência aos antibióticos, pois são mais propensos a prescreverem medicamentos de forma desnecessária. É o que aponta um relatório publicado online na revista Clinical Infectious Diseases, avança o portal ISaúde.
De acordo com a pesquisa, uma série de factores influencia a tendência de prescrição exagerada de medicamentos, incluindo maior procura por parte dos pacientes, como também pressão para interromper visitas dos pacientes mais cedo, medo que a negação da prescrição gere processos por erro médico, o uso por alguns planos de saúde de pesquisas de satisfação de doentes para contratação de médicos, entre outras.
O estudo constatou que a ocorrência de infecções difíceis de se tratar em hospitais dos EUA reflecte a taxa de prescrição de antibióticos nas comunidades atendidas por estes por estes centros de atendimento, geralmente apresentando uma elevação durante a época de gripe e queda nos meses de Primavera e Verão. Para ilustrar a ligação, os investigadores mapearam os resultados de uma análise de dez anos de dados que mostram um desfasamento médio de um mês entre o uso de antibióticos e picos e declínios paralelos de Escherichia coli resistentes à ampicilina.
Ampicilina é amplamente utilizado para tratar pneumonia, bronquite e infecções de ouvido e pele, bem como intoxicação alimentar por E. coli e Salmonella. O fármaco não é eficaz contra infecções virais como a gripe e a constipação comum, mas médicos usualmente prescreve-no juntamente com outros antibióticos para tratar essas queixas - muitas vezes por causa da expectativas dos doentes.
"As pessoas devem estar conscientes que quando exigem antibióticos e não precisam deles, isso tem um efeito sobre outras pessoas que realmente precisa destes medicamentos", diz o líder do estudo Eili Klein, da Universidade de Princeton. "Então se tiver que ser submetido a procedimentos médicos durante o Inverno num hospital, o risco de ter uma infecção difícil de tratar com antibióticos é maior”.
Entre as estatísticas mais surpreendentes do relatório é o facto de que em 1987 apenas 2% dos pacientes infectados com Staphylococcus aureus não responderam a meticilina, taxa que subiu para mais de 50% em 2004. Nos últimos anos, S. aureus resistente à meticilina (MRSA), que causa uma variedade de doenças desde infecções de pele à choque séptico, também se tornou resistente a vancomicina, um potente fármaco considerado o antibiótico de último recurso.
"Um dos pontos-chave que podemos entender disso tudo é que os padrões de prescrição de antibióticos tem reais efeitos adversos sobre o sistema hospitalar. Médicos prescrevem antibióticos e muitas vezes o fazem sem pensar como isso afecta a comunidade", conclui Klein.
Aceda ao artigo na íntegra (em inglês) aqui.
Fonte: RCM Pharma
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