Esses tipos de medicamentos ainda são evitados por uma parcela da população, mas são eficientes e rigorosamente fiscalizados
Desde 1999, os medicamentos genéricos foram efetivamente introduzidos
no Brasil e passaram a fazer parte do dia a dia de quem vai a uma
farmácia com uma receita na mão. Porém, nem todo mundo entende que
existe a vantagem de comprar um remédio mais barato e tão eficiente
quanto o daquela marca famosa.Mais de dez anos após tomarem as prateleiras das farmácias, os genéricos ainda enfrentam resistência, preconceito e são vítimas do desconhecimento de parte da população, que acaba optando até por um medicamente similar, mas não leva o genérico para casa. Mas haveria motivo para tanta desconfiança?
O oftalmologista Raul Gonçalves de Paula garante que não. O médico destaca que o medicamento genérico passa por um rigoroso processo de fiscalização e é obrigado a mostrar o teste de bioequivalência.
“O que seria o teste de bioequivalência? Você tem que mostrar que este remédio funcionou in vitro. Fez o teste e o laboratório realmente mostrou que o medicamento funciona naquela dosagem, com todos os testes feitos de maneira clínica. Você tem esta garantia de chamar de genérico aquele remédio que fez o teste bioequivalente”.
Raul explica que ainda é comum o engano no momento da compra de preferir um medicamento similar ao de referência em detrimento do genérico.
“As pessoas menos avisadas utilizam o medicamento similar e não o genérico. Porque as farmácias, às vezes, empurram um pouco o similar. A vantagem do genérico é que ele tem a bioequivalência idêntica ao medicamento de marca”, observa o oftalmologista.
O médico ressalta que bioequivalência é uma exigência apenas para os medicamentos genéricos. “O similar não tem esta obrigatoriedade legal. Por isso, o genérico tem esta garantia de ser um medicamento que funciona tão bem como o de marca”, reitera.
O oftalmologista salienta que muitos laboratórios que produzem os remédios de referência também já passaram a apostar nos genéricos e produzem medicamentos de ótima qualidade.
Fuja do ‘BO’
Raul alerta o consumidor para sugestões no momento da compra do remédio que podem até mesmo prejudicar o tratamento. “Existe na linguagem de farmácia o chamado medicamento “BO”. “BO” seria “bom para otário”. A pessoa chega para comprar um remédio X e falam: ‘não, eu tenho outro aqui, que é igual’. Pega e dá o chamado “BO”. Para cada medicamento que eles empurram no paciente, geralmente, a farmácia ganha outro”, relata.
No caso de ainda não existir o genérico, o conselho de Raul é mesmo optar pelo medicamento de referência e nunca pelo similar. “Muitos medicamentos não têm genérico. Aí, quando vai fazer por similaridade, é complicado. A resposta não é a mesma. Se não tiver genérico, tem que comprar o de referência”, pontua.
Nem sempre são mais baratos
Se a qualidade do medicamento genérico é incontestável, a economia que ele deveria proporcionar nem sempre se concretiza. Os genéricos registraram recente aumento de preço e, em alguns casos, ficaram mais caros do que os remédios de referência. A relação de preços é uma contradição, uma vez que a produção de um genérico é mais barata, pois dispensa pesquisas e estudos relativos a um medicamento inédito.
Porém, como o Jornal da Cidade noticiou recentemente, uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) constatou que alguns preços de medicamentos genéricos já estão mais altos do que os de referência.
A prática contraria o artigo 12 da resolução número 2 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que determina que o preço do genérico deve ser, no mínimo, 35% menor do que o produto de referência.
Segundo o estudo, o fato de os genéricos serem mais caros que os medicamentos de marca contraria uma resolução da CMED, órgão que reúne os ministérios da Saúde, Fazenda e Justiça responsável por regular o mercado e estabelecer critérios para a definição e o ajuste de preços.
Consultada pelo Jornal da Cidade, a Fundação Procon entende que não se configura ilegabilidade a venda de genéricos mais caros do que os medicamentos de referência. Em muitos casos, é o remédio de marca que teve o preço reduzido.
“Só existe sujeição à tabela de preço máximo da ABCFarma. Fora isso, o
que resta ao consumidor fazer é pesquisa de preço. A alegação é de que
há promoção dos medicamentos de referência, está havendo uma
competitividade de mercado. Poderia haver uma ligação de que existem
promoções dos remédios de referência porque estes laboratórios estavam
perdendo espaço no mercado”, explica Fernanda de Assis Martins Pegoraro,
coordenadora do Procon Bauru. “Desde que seja respeitado o preço máximo
da tabela da ABCFarma, não existe ilegalidade e não há nada que o
Procon possa fazer”, reitera.
Fonte: JCnet
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