terça-feira, 5 de junho de 2012

Futebol abusa dos analgésicos

Mais de 60 por cento dos jogadores tomaram-nos no Mundial 2010


Durante o Mundial 2010, 40 por cento dos jogadores tomaram analgésicos antes de cada jogo. E 60 por cento recorreram a medicamentos contra as dores em algum momento da competição. A conclusão é de um estudo conduzido pelo responsável médico da FIFA, que fala em «abuso» e alerta para as consequências dessa prática na saúde dos jogadores.

Jiri Dvorak publicou as conclusões da investigação, que teve por base informação prestada pelos médicos responsáveis pelas várias seleções, no «British Journal of Sports Medicine». Em causa está, além dos analgésicos, o uso de anti-inflamatórios, e as conclusões deste estudo confirmam as suspeitas existentes sobre o uso de medicamentos entre jogadores.

«Acho que podemos usar a palavra abuso, porque a dimensão já é excessiva. Infelizmente há a tendência para aumentar o consumo da medicação. É algo que temos de levar a sério e questionar», disse Jiri Dvorak à BBC, num alerta que surge a poucos dias do início de outra grande competição, o Euro 2012.

O uso excessivo de medicamentos pode causar vários problemas de saúde e é particularmente sensível no desporto profissional, onde o organismo é testado aos limites, e pode afetar nomeadamente a função renal. Além, claro, de bloquear a sensação de dor, que funciona como um alerta.

«O que vimos com os estudos da FIFA é que frequentemente os atletas tomam analgésicos de forma preventiva. O problema é que se desligarmos os sistemas de alarme que protegem os tecidos, pode ocorrer destruição irreversível dos tecidos», diz por sua vez Hans Geyer, responsável da Agência Mundial Antidopagem.

Jiri Dvorak acredita que por trás deste aumento do uso de medicamentos está a crescente pressão das equipas, seleções e clubes, para terem os jogadores disponíveis o mais rapidamente possível após cada lesão. «A maioria dos médicos das equipas estão sob pressão entre o diagnóstico e o tratamento adequado e a pressão para voltarem a pôr os jogadores a jogar. Se demoram muito podem ficar sem emprego», diz o médico da FIFA.

Jans Nowotny, ex-internacional alemão, confirma: «É difícil quando alguém do clube nos diz que importante jogarmos, pela equipa, e que o clube precisa de nós. A decisão é nossa, mas não podemos ignorar a pressão.»

Fonte: Mais futebol

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