A
Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) pretende fechar o
cerco às farmácias para fazer valer, na prática, a inscrição "vendido
sob prescrição médica" impressa nas tarjas vermelhas.
O alerta sinaliza a existência de contraindicações e risco de efeitos colaterais graves.
"Estamos preparando um esforço para informar as ações que as vigilâncias sanitárias devem fazer.
Dizer
'a venda de medicamentos de tarja vermelha sem receita é uma infração
sanitária de tal ordem e a penalidade é tal'. Essa é uma cultura que tem
de acabar", afirmou o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, à Folha.
Segundo
uma lei de 1977, a venda de medicamentos tarjados sem a prescrição
sujeita o estabelecimento a advertências, multas, interdição e
cancelamento de licença.
Mas,
como a receita não fica retida nesse caso, é raro que a prescrição seja
cobrada. A exigência de retenção de receita existe para drogas
controladas (tarja preta) e, desde 2010, para antibióticos.
Barbano afirma acreditar que é possível resolver a equação sem nova lei, apenas pela sensibilização das vigilâncias e farmácias.
"Vamos
dar um tempo para o segmento se sensibilizar. Se não funcionar, a
Anvisa pode tomar medidas do ponto de vista regulatório."
Para
Gustavo Gusso, professor de clínica geral da USP, é boa a ideia de
exigir receita para remédios como o anticoncepcional, mas ele ressalva
que no país há dificuldades de acesso a médicos que precisam ser
superadas.
"Onde
não existe médico, ou vai ter um médico para assinar receitas uma vez
por mês ou vai acontecer outra coisa. Entre o ideal e o real existem
muitas opções", diz.
Sérgio
Mena Barreto, presidente-executivo da Abrafarma (associação que reúne
farmácias e drogarias), tem opinião semelhante. "É simples o governo
dizer: 'É um problema na farmácia'. Não é, é um problema da sociedade
brasileira toda. É um problema de acesso."
Para ele, a saída envolve a modernização do sistema de receituário.
Mas,
segundo Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de
Clínica Médica, aumentar as idas ao médico para obter a receita se
justifica pelo desestímulo à automedicação.
Uma
forma de limitar as consultas ao necessário, acredita, seria fazer
receitas com datas de validade mais alongadas, de até seis meses.
A
Anvisa também trabalha na revisão e atualização da lista das drogas
isentas de prescrição e na revisão da portaria que regula a venda dos
remédios controlados.
Segundo
Barbano, a ideia é modernizar a venda das drogas controladas e amarrar o
novo sistema de venda de cada categoria de remédio à implementação do
rastreio dos remédios. Isso permitiria acompanhar os medicamentos da
fábrica ao paciente.
Fonte: Portal Softpharma
Fonte: Portal Softpharma
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