O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Carlos Maurício Barbosa, defendeu hoje à Lusa uma maior participação destes profissionais na sociedade, nomeadamente nas doenças crónicas e nos cuidados primários, pois "têm habilitações e formação".
"Os farmacêuticos podem ter uma maior participação, pois têm
competências e formação que lhes permite ter uma intervenção na
sociedade junto dos doentes crónicos, na área dos cuidados primários,
podendo haver ganhos em saúde para os portugueses quer do ponto de vista
clínico e humano, mas também de racionalização económica", afirmou o
bastonário.
O responsável fez estas declarações à Lusa á margem do Congresso
Nacional de Farmacêuticos que decorre desde sexta-feira em Lisboa, e
encerra hoje.
"O sistema de saúde deve contar mais com os farmacêuticos" cuja capacidade tem sido desperdiçada, rematou.
O ex-secretário de Estado da Saúde do Governo socialista Manuel Pizarro,
que participou hoje num debate no Congresso, disse à Lusa que "o
Governo está a por em causa o acesso dos portugueses aos medicamentos" e
referiu que há o risco de em 2013 serem encerradas "centenas de
farmácias".
"O Governo exagera nas medidas e vai além da `troika`", declarou,
defendendo "estabilidade para o setor" e desejando que o Governo
"dialogasse" com os farmacêuticos.
O deputado do PS referiu que durante o seu mandato no Executivo se promoveu uma atualização trimestral do preço dos genéricos.
"Agora que já reduziu em 50% o preço dos genéricos, será que se
justifica manter uma atualização trimestral, nós achamos que não",
disse.
O socialista defendeu ainda um aligeiramento de "certos regulamentos,
como horários, de modo a reduzir custos" das farmácias. Fora desta
proposta estão as "exigências técnicas", que devem ser mantidas.
Manuel Pizarro afirmou ainda que "se deve caminhar para o pagamento do ato farmacêutico".
João Semedo, do Bloco de Esquerda, que participou na mesma mesa redonda
que Pizarro, defendeu que "as próprias farmácias façam uma gestão que
reequilibre os seus custos".
"A estrutura de custos terá de evoluir", disse Semedo que alertou que
também "é preciso recompensar devidamente a importantíssima atividade
social e comunitária que as farmácias têm", disse.
"O sistema de remuneração das farmácias está desatualizado quer
relativamente ao serviço que prestam, quer às necessidades do seu
equilíbrio financeiro", disse o dirigente bloquista que apontou as
seguintes possibilidades para esse reequilíbrio: "alterar a proporção
das margens do custo do medicamento; alterar os escalões da
regressividade das taxas; ou colocar uma taxa fixa em função do
medicamento ou da receita".
Semedo afirmou à Lusa, o Bloco está preocupado com os "reflexos da atual
política do medicamento nas farmácias" e defendeu a remuneração do ato
farmacêutico, como contempla a terceira possibilidade, e que "é
praticada em muitos países da União Europeia e do resto do mundo".
O bloquista defendeu ainda que o Governo deve intervir na falta de
medicamentos que acontece no mercado nacional, uma situação que se deve à
baixa do preço do medicamento, o que "torna mais rentável, quer para o
produtor quer para o armazenista, vender esse medicamento para outros
países da União Europeia, e não tem depois medicamentos em quantidade
suficiente para abastecer a realidade nacional".
"Não aceitamos que se venda apenas lá fora porque se ganha mais e não se
abasteça o mercado de acordo com as necessidades dos doentes
portugueses", sentenciou.
Segundo dados revelados por Carlos Maurício Barbosa, há atualmente em
Portugal 9.000 farmacêuticos que trabalham em 2.900 farmácias,
"homogeneamente espalhadas pelo território nacional".
Fonte: RTP
/noticias/index.php?article=600576&tm=8&layout=121&visual=49
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