Os médicos vão ser obrigados a justificar a prescrição de alguns antibióticos, uma medida que o director-geral da Saúde justificou esta terça-feira com a necessidade de se combater a resistência dos agentes infecciosos a estes fármacos, que é “preocupante”.
“Estamos na iminência de poder não ter antibióticos activos contra as
bactérias e o exemplo mais preocupante é o da tuberculose”, disse
Francisco George à margem de um encontro sobre Infecção Associada aos
Cuidados de Saúde em Portugal.
A monitorização da dispensa de antibióticos já está em vigor em
alguns hospitais, como o Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, e deverá
ser alargada a todas as unidades hospitalares do Serviço Nacional de
Saúde.
Na prática, quando um antibiótico for receitado para uma determinada
situação, em que não é considerado o mais adequado, ou durante demasiado
tempo, as comissões de controlo de infecção a funcionar nos hospitais
vão passar a questionar esta prescrição.
Francisco George transmitiu a sua preocupação com a questão das
resistências aos antibióticos, classificando-a mesmo como “um dos
grandes problemas em Portugal”. E apontou o dedo às administrações
hospitalares, que “não têm dado a devida importância à dimensão das
infecções e das resistências”.
“As comissões de infecção são pouco apoiadas pelas próprias administrações”, disse, advertindo: “Isto não pode ser”.
A mudança, disse ainda, passa precisamente pela “monitorização da
dispensa de antibióticos nas farmácias hospitalares”.“Os médicos vão ter
de dar explicações sobre esta prescrição”, adiantou.
Portugal é um dos países europeus com mais altas taxas de prescrição e
consumo de antibióticos e isso mesmo tem vindo a ser assinalado em
vários relatórios internacionais publicados nos últimos anos. O mais
recente surgiu no final de 2011, quando o Sistema Europeu de Vigilância
da Resistência aos Antimicrobianos colocou Portugal na 9.ª posição entre
os países da União Europeia com consumos mais elevados.
A própria Direcção-Geral da Saúde tem activo um Programa Nacional de
Prevenção das Resistências aos Antimicrobianos, que funciona como uma
espécie de “manual de boas práticas” de prescrição dirigido aos médicos
com dados sobre os tipos de infecção e de antibióticos adaptado à
realidade nacional.
Diário Digital com Lusa
Fonte: Diário Digital
-news.asp?id_news=601602
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