Resistência a antibióticos pode gerar crise sanitária
00h10m - Eduarda Ferreira
A falta de novos antibióticos, por desinteresse das farmacêuticas, pode levar ao descontrolo do já expressivo número de casos de multi-resistência microbiana. Especialistas reunidos em Boston afirmam que tal pode conduzir a uma crise sanitária mundial.
As sociedades podem vir a confrontar-se com um panorama idêntico ao das primeiras décadas do século passado, quando ainda não era usada a penicilina para combater infecções.
Este alerta foi lançado por infecciologistas reunidos numa conferência internacional, em Boston, EUA. Para a austríaca Ursula Theuretzbacher, os “graves problemas de resistência estão a tornar-se uma crise sanitária mundial”.
Adianta a agência France Press que este é um fenómeno observado tanto nos países ricos como nos que estão em desenvolvimento. No entender de participantes neste congresso sobre doenças infecciosas, a “indústria farmacêutica não está a responder às necessidades da medicina” neste campo, preferindo investir nos fármacos para doenças cancerígenas e cardiovasculares, por serem mais rendíveis.
Portugal está entre os países europeus com consumo elevado de antibióticos, numa situação idêntica à da Grécia, França e Espanha. Nos anos mais recentes deu-se uma travagem nessa espiral de recurso indiscriminado a este tipo de fármacos, muitas vezes por pressão do doente junto de médicos e farmacêuticos, quando também ainda não havia noção do problema grave de resistência que estava a ser criado.
Segundo Raquel Sá Leão, investigadora do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB) “em Portugal há resistência a antibióticos, mas ainda não é extremamente preocupante”.
Atenção maior deve ser dada às crianças, “pois elas estão mais frequentemente doentes que um adulto, com as otites e amigdalites, que levam ao consumo de antibióticos”. Mas, adianta, houve evolução nos últimos tempos e “os pais e os clínicos, particularmente os pediatras, já estão alerta e mais bem informados sobre o problema”.
Esta bióloga, que desenvolve trabalho no Laboratório de Genética Molecular dirigido pela especialista de crédito internacional em resistência aos antibióticos, Hermínia Lencastre, explicou ao JN que as várias classes (ou famílias) destes fármacos foram desenhadas para atingir diferentes zonas das bactérias (a membrana destas ou o seu DNA, por exemplo). Repetidos ataques a esses alvos criam as resistências. Por isso, a pesquisa científica está dirigida para a procura de novos alvos.
De acordo ainda com Raquel Sá Leão, “há descrições de casos de infecção por staphylococcus em que aos médicos já só resta usar um fármaco muito tóxico”.
“Se isso se expandir, a situação pode ir para níveis alarmantes”, refere a mesma investigadora. Ela constata também que a indústria farmacêutica não tem investido muito nesta linha de pesquisa; a que vai sendo feita está no domínio dos centros universitários e unidades congéneres.
fonte: http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1661761
Este alerta foi lançado por infecciologistas reunidos numa conferência internacional, em Boston, EUA. Para a austríaca Ursula Theuretzbacher, os “graves problemas de resistência estão a tornar-se uma crise sanitária mundial”.
Adianta a agência France Press que este é um fenómeno observado tanto nos países ricos como nos que estão em desenvolvimento. No entender de participantes neste congresso sobre doenças infecciosas, a “indústria farmacêutica não está a responder às necessidades da medicina” neste campo, preferindo investir nos fármacos para doenças cancerígenas e cardiovasculares, por serem mais rendíveis.
Portugal está entre os países europeus com consumo elevado de antibióticos, numa situação idêntica à da Grécia, França e Espanha. Nos anos mais recentes deu-se uma travagem nessa espiral de recurso indiscriminado a este tipo de fármacos, muitas vezes por pressão do doente junto de médicos e farmacêuticos, quando também ainda não havia noção do problema grave de resistência que estava a ser criado.
Segundo Raquel Sá Leão, investigadora do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB) “em Portugal há resistência a antibióticos, mas ainda não é extremamente preocupante”.
Atenção maior deve ser dada às crianças, “pois elas estão mais frequentemente doentes que um adulto, com as otites e amigdalites, que levam ao consumo de antibióticos”. Mas, adianta, houve evolução nos últimos tempos e “os pais e os clínicos, particularmente os pediatras, já estão alerta e mais bem informados sobre o problema”.
Esta bióloga, que desenvolve trabalho no Laboratório de Genética Molecular dirigido pela especialista de crédito internacional em resistência aos antibióticos, Hermínia Lencastre, explicou ao JN que as várias classes (ou famílias) destes fármacos foram desenhadas para atingir diferentes zonas das bactérias (a membrana destas ou o seu DNA, por exemplo). Repetidos ataques a esses alvos criam as resistências. Por isso, a pesquisa científica está dirigida para a procura de novos alvos.
De acordo ainda com Raquel Sá Leão, “há descrições de casos de infecção por staphylococcus em que aos médicos já só resta usar um fármaco muito tóxico”.
“Se isso se expandir, a situação pode ir para níveis alarmantes”, refere a mesma investigadora. Ela constata também que a indústria farmacêutica não tem investido muito nesta linha de pesquisa; a que vai sendo feita está no domínio dos centros universitários e unidades congéneres.
fonte: http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1661761
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