segunda-feira, 6 de setembro de 2010

'Farmacinha' em casa, é sinônimo de perigo!

'Farmacinha' é sinônimo de perigo

Michelly Cyrillo
Do Diário do Grande ABC

A farmacinha que muitas pessoas têm em casa é considerada uma bomba para os especialistas. Mesmo um simples analgésico pode causar sérios danos à saúde ou mascarar problemas graves, como aneurisma. Medicamentos que antes eram expostos nas lojas em prateleiras e gôndolas estão agora atrás do balcão para evitar ou inibir a automedicação. Mas, mesmo dificultando o acesso, estes remédios são os campeões de vendas.

A caixinha com analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos, antiácido não é aprovada pelos profissionais da Saúde. "A pessoa deve tomar o remédio sempre após consultar o médico. As pessoas têm a ilusão de que os remédios que não precisam de receita médica não fazem mal. Mas todo medicamento é perigoso. Por isso, somos a favor da determinação da Anvisa de não permitir o acesso direto do consumidor a estes produtos", disse o presidente da Sincofarma ABC (Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos), Clóvis Parreiro Pimentel.

O cardiologista e professor da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) José Luis Aviz afirma que a automedicação é perigosa e pode trazer sérios danos à saúde.

"Um antiácido, por exemplo, muda a acidez do estômago. Se a pessoa toma outras medicações, essa acidez modificada do órgão mudará a absorção do outro remédio no organismo. Já o anti-inflamatório sobe a pressão. Se a pessoa tiver pressão alta pode ter sérios problemas. A dipirona pode trazer problemas na medula, e um analgésico pode estar mascarando um aneurisma. Todo remédio tem efeitos colaterais, por isso é necessário consultar um médico. O profissional irá orientar o paciente corretamente."

A gerente de vendas Lucia Santoro Almeida, 32 anos, conta que tem sempre um medicamento para emergências. "Desde que tive filhos sempre tenho uma caixinha com tudo, desde remédio para febre até antibióticos. Todo mundo têm farmacinha para esses casos."

"Tenho tendinite, já fui ao médico e sei qual remédio tenho que tomar. Por isso, já compro direto", disse o vendedor Vitor Capriciano, 28.
Valter Luiz Vendramine, 52, está há mais de 30 anos no ramo e afirmou que esses medicamentos sempre são consumidos. "É venda garantida, mesmo atrás do balcão as pessoas levam. O cliente que vem com receita para outro medicamento sempre leva dipirona, analgésico. Há ainda aqueles que vêm para comprar apenas estes itens." Nas 32 unidades visitadas pelo Diário, a resposta foi a mesma em relação ao consumo destes medicamentos.
REGRAS
Desde fevereiro, as farmácias têm de respeitar as regras da resolução 44 da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que visa combater a automedicação. A resolução determina que os remédios sem prescrição médica fiquem atrás do balcão. Os estabelecimentos que descumprirem a norma podem pagar multas de R$ 2.000 até R$ 1,5 milhão, ter a mercadoria apreendida e o cancelamento do alvará de funcionamento.

A fiscalização é feita por meio de visitas de agentes da Anvisa ou da Vigilância Sanitária. Todas as unidades visitadas pelo Diário estavam com os medicamentos corretamente armazenados.

As prefeituras informaram que não há periodicidade nas visitas, e que os agentes também avaliam outros itens, como o período de vencimento dos remédios e até se a prateleira está limpa. Nenhuma administração soube informar quantos estabelecimentos descumpriram a medida.

Farmácia mais antiga de S.Bernardo ainda usa caderneta

A família Plenamente trabalha há 51 anos na farmácia Anchieta, mais antiga de São Bernardo. Localizada na Rua Marechal Deodoro, no Centro, o estabelecimento ainda trabalha com cadernetas para manter a clientela fiel.

O farmacêutico Sergio Plenamente Junior relembra a história do comércio. "Meu pai abriu a farmácia e crescemos aqui. Depois eu e meus irmãos nos formamos em Farmácia e tocamos o comércio. Tem clientes que conheço desde criança. O meu pai faleceu há exatamente um ano."

A antiga caderneta é item que, segundo o farmacêutico, ajuda a manter a clientela. "Temos clientes fiéis e antigos e por isso trabalhamos ainda com as cadernetas. É uma relação de confiança e amizade que temos. E todos pagam direitinho. Vou marcando na agenda os produtos comprados."

O comerciante Clóvis Ferreira de Barros, 53 anos compra pela caderneta desde que chegou em São Bernardo, em 1991. "As vezes estamos sem dinheiro, e começamos a anotar e pagar no fim do mês. É um diferencial desta farmácia, porque no mundo de hoje confiar é arriscado. Mas aqui o cliente vira amigo, eles são ótimos comerciantes", elogia.

Além da caderneta, a atenção que os profissionais dedicam aos clientes é outro ponto forte. "Eles são atenciosos, explicam tudo direitinho, e acabam virando nossos amigos", disse a dona de casa Maria Lucia Costa, 45 anos.

fonte: http://www.dgabc.com.br/News/5829304/farmacinha-e-sinonimo-de-perigo.aspx

 

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