No primeiro semestre de 2010, Mato Grosso do Sul se destacou no país através de uma preocupante estatística: a do estado com maior número de intoxicações por medicamentos do Brasil. OS dados foram divulgados pelo Civitox (Centro Integrado de Vigilância Toxicológica).
De acordo com dados do Civitox, as causas dessas intoxicações são várias, com destaque para o acidente individual, erro de administração, uso terapêutico, prescrição médica inadequada, tentativa de suicídio e tentativa de aborto.
As intoxicações acidentais, geralmente são causadas por crianças, que por curiosidade ou por apreciar o sabor de determinados medicamentos (como alguns xaropes, por exemplo), ingerem os medicamentos. Já os erros de administração, são os acidentes causados pela troca ou confusão de frascos de remédios, como por exemplo, utilizar um descongestionante nasal como colírio, já que geralmente as embalagens são semelhantes.
Há também os casos de automedicação e tentativa de aborto, quando a pessoa está consciente da possibilidade de efeitos e conseqüências.
Os casos de erro de prescrição médica e intoxicação por terapêuticos são raros, mas podem ocorrer. As ocorrências mais comuns de intoxicação são as de tentativa de suicídio.
Dos casos registrados em Mato Grosso do Sul nesse primeiro semestre de 2010, a maioria ocorreu na área urbana e entre mulheres, cujas principais circunstâncias foram: 66% tentativa de suicídio; 1% tentativa de aborto; 2% automedicação; 4% erro de administração; 4% uso terapêutico e 22% acidente individual.
Entre os demais grupos, os índices registram que crianças até 9 anos de idade representam 26% das intoxicações por medicamentos; adolescentes até 19 anos representa 14%, adultos dentre 20 e 59 anos correspondem a 26% e idosos até 80 anos, 5%.
A farmacêutica do setor de intoxicação do Civitox, Flávia Luiza de Almeida Lopes, orienta a população quanto aos cuidados com os medicamentos, evitando locais de fácil acesso às crianças, pessoas com transtornos e intenções suicidas, idosos e pessoas que utilizam vários medicamentos e que podem se confundir.
“O ideal é deixar os medicamentos nas embalagens originais e com a bula, guardando-os em local arejado, sem excesso de luz, temperaturas altas e umidade. Locais como banheiro, porta-luvas de carros, em cima de geladeiras, bolsas, no mesmo local em que estão guardados agrotóxicos ou produtos de limpeza e próximos do fogão prejudicam o medicamento e facilitam acidentes. Os remédios devem sempre ser guardados em locais altos e de preferência em armários com chave”, explica.
A farmacêutica alerta ainda que para evitar vários acidentes, os pais nunca devem dizer às crianças que os remédios são gostosos, já que ao apreciar o sabor ou perceber que alguns remédios tem cores e formatos atrativos, ficam curiosas e tem interesse em consumi-los. Quanto aos adultos, medidas simples como a atenção ao ingerir um remédio podem evitar muitos casos de intoxicação. “É importante sempre conferir se o medicamento é o que a pessoa deve ingerir e a dosagem correta”.
Não descartar as medicações vencidas ou que não serão mais utilizadas em terrenos baldios, também evita acidentes com crianças, animais e para o meio ambiente. O ideal é que eles sejam entregues em unidades ou postos de saúde para ser posteriormente incinerados.
Por fim, a farmacêutica do Civitox alerta para que as pessoas comprem apenas remédios prescritos pelo médico, principalmente as tarjadas. No caso de dúvidas, o correto é buscar orientação com médicos ou farmacêuticos e jamais se automedicar ou seguir orientação de amigos ou parentes.
“Vale ressaltar também que em caso de intoxicações a população deve entrar em contato imediatamente com o Civitox para obter as primeiras instruções e posteriormente, encaminhar a vítima a uma unidade de saúde próxima”, finaliza a doutora Flávia.
O Civitox funciona 24 horas, todos os dias da semana. Em caso de dúvidas ou casos de intoxicação, o telefone é o 0800 722 6001 e a ligação é gratuita.
Conselho Regional de Farmácia alerta que casos são antigos
Para o CRF/MS estes dados assustam, mas não são novos e há muito tempo estamos tentando fazer com que as autoridades sanitárias e de defesa do consumidor enxerguem o risco iminente de saúde pública que a sociedade despercebida padece.
O presidente do CRF/MS, Ronaldo Abrão, ressalta que os dados do Civitox reportam casos graves, mas são apenas os casos agudos de intoxicação, no entanto, existe um quadro silencioso e avassalador que intoxica lentamente o cidadão pelo uso irracional de medicamentos, pela auto medicação irresponsável, pela empurroterapia com medicamentos inapropriados e principalmente pela falta de orientação profissional quanto ao uso de medicamentos, principalmente pelo farmacêutico e que lotam as filas de transplante e de diálises.
"Continuamos batendo na mesma tecla: enquanto as autoridades não tomarem consciência do risco dos medicamentos e olharem com maior atenç ão para este setor, impedindo estabelecimentos clandestinos, inclusive os públicos, funcionem como se fossem regulares e inofensivos, enquanto o judiciário não parar de dar liminares para técnicos atuarem como profissionais, que farmácia continue sendo tratada como conveniência, como se isto trouxesse algum benefício, como se o farmacêutico existisse apenas para regularizar papel, este quadro só tende a agravar", explica
"Lutamos pela farmácia ética e legal, pelo farmacêutico na farmácia e a farmácia para o cidadão. Saúde não é brincadeira e medicamento menos ainda", finaliza Abrão.
Mais informações no site do CRF/MS www.crfms.org.br
fonte: http://www.acritica.net/index.php?conteudo=Noticias&id=21929
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