por Marta Cerqueira , Publicado em 29 de Abril de 2011
Farmácias ponderam avançar com a cobrança do aconselhamento. Clara Carneiro, do PSD, considera a ideia "interessante". Esquerda está contra
A proposta de cobrança dos serviços de aconselhamento prestados pelos farmacêuticos ao balcão não reúne o consenso dos partidos. Maria Antónia Almeida Santos, coordenadora da Comissão Parlamentar de Saúde dos Deputados do PS, garante ao i que, apesar de o assunto ainda não ter sido alvo de discussão entre os deputados, "um partido que apoia o Serviço Nacional de Saúde como o PS não pode concordar com a cobrança pelo aconselhamento nas farmácias". Para a deputada, a aprovação desta proposta seria "um acto desonesto e iria desvirtuar o papel das farmácias".
O deputado do Bloco de Esquerda João Semedo valoriza o papel crescente das farmácias mas relembra alguns valores que considera fundamentais: "As farmácias têm vindo a evoluir nos últimos anos mas o Bloco não acha recomendável a descaracterização do seu papel." Segundo o deputado, "alguns dos serviços de enfermagem e clínica prestados nas farmácias nem sempre são feitos por profissionais competentes, desvirtuando a importância da profissão".
Apesar de ter em consideração que a margem de lucro das farmácias portuguesas é a mais baixa da Europa, João Semedo acredita que os 20% de margem estipulados na lei já incluem esse tipo de serviços, considerando "inaceitável" esta cobrança extra.
À direita, porém, a medida não é tão mal vista. Clara Carneiro, da Comissão de Saúde do PSD, considera a ideia "interessante", apesar de também não ter sido ainda debatida dentro do partido.
"Sou uma defensora do papel dos farmacêuticos", salienta a deputada, "e acho que este projecto pode vir a ser aplicado com sucesso." No entanto, Clara Carneiro aconselha prudência e uma boa estruturação na criação do modelo a aplicar. "Não estamos a falar apenas de pagar por um serviço único, mas principalmente de um acompanhamento do doente por parte do farmacêutico", esclarece, aproveitando para aconselhar a aplicação de um projecto-piloto em algumas zonas do país.
Estudo Segundo dados de um estudo apresentado pelo investigador da Universidade Católica Miguel Gouveia, as farmácias portuguesas praticam anualmente 38,8 milhões de actos farmacêuticos não pagos. A maioria destes passa pelo aconselhamento terapêutico e pela avaliação.
Ao avaliar o valor de actos como o aconselhamento sobre problemas de saúde e medicamentos, a medição da tensão arterial e a realização de testes ao colesterol, de diabetes ou de gravidez, o investigador concluiu que estes valem cerca de 54 milhões de euros, o que corresponde a 1,2% das vendas e a 20,2% dos resultados brutos das farmácias.
Crise farmacêutica Contactada pelo i, a Associação Nacional de Farmácias (ANF) garante que este assunto não é uma prioridade. "O que nos preocupa neste momento é a situação difícil que as farmácias estão a passar no primeiro trimestre de 2011", salientou Paulo Duarte, secretário-geral da ANF. O responsável lembrou que os 20% de margem de lucro das farmácias portuguesas correspondem ao valor mais baixo da Europa, o que dificulta a sobrevivência de alguns postos de venda. A ANF anunciou em Março que há 1056 farmácias, 40% do total, que vivem momentos dramáticos, estando a sua sustentabilidade ameaçada.
Na Madeira, a ANF chegou a ponderar suspender a comparticipação de medicamentos, dada a dívida astronómica das farmácias da região autónoma à ANF. A sanção foi, porém, suspensa na semana passada, quando o Governo Regional da Madeira se comprometeu a pagar cerca de 80 milhões de euros à associação de farmácias, relativos aos reembolsos das comparticipações de medicamentos.
O deputado do Bloco de Esquerda João Semedo valoriza o papel crescente das farmácias mas relembra alguns valores que considera fundamentais: "As farmácias têm vindo a evoluir nos últimos anos mas o Bloco não acha recomendável a descaracterização do seu papel." Segundo o deputado, "alguns dos serviços de enfermagem e clínica prestados nas farmácias nem sempre são feitos por profissionais competentes, desvirtuando a importância da profissão".
Apesar de ter em consideração que a margem de lucro das farmácias portuguesas é a mais baixa da Europa, João Semedo acredita que os 20% de margem estipulados na lei já incluem esse tipo de serviços, considerando "inaceitável" esta cobrança extra.
À direita, porém, a medida não é tão mal vista. Clara Carneiro, da Comissão de Saúde do PSD, considera a ideia "interessante", apesar de também não ter sido ainda debatida dentro do partido.
"Sou uma defensora do papel dos farmacêuticos", salienta a deputada, "e acho que este projecto pode vir a ser aplicado com sucesso." No entanto, Clara Carneiro aconselha prudência e uma boa estruturação na criação do modelo a aplicar. "Não estamos a falar apenas de pagar por um serviço único, mas principalmente de um acompanhamento do doente por parte do farmacêutico", esclarece, aproveitando para aconselhar a aplicação de um projecto-piloto em algumas zonas do país.
Estudo Segundo dados de um estudo apresentado pelo investigador da Universidade Católica Miguel Gouveia, as farmácias portuguesas praticam anualmente 38,8 milhões de actos farmacêuticos não pagos. A maioria destes passa pelo aconselhamento terapêutico e pela avaliação.
Ao avaliar o valor de actos como o aconselhamento sobre problemas de saúde e medicamentos, a medição da tensão arterial e a realização de testes ao colesterol, de diabetes ou de gravidez, o investigador concluiu que estes valem cerca de 54 milhões de euros, o que corresponde a 1,2% das vendas e a 20,2% dos resultados brutos das farmácias.
Crise farmacêutica Contactada pelo i, a Associação Nacional de Farmácias (ANF) garante que este assunto não é uma prioridade. "O que nos preocupa neste momento é a situação difícil que as farmácias estão a passar no primeiro trimestre de 2011", salientou Paulo Duarte, secretário-geral da ANF. O responsável lembrou que os 20% de margem de lucro das farmácias portuguesas correspondem ao valor mais baixo da Europa, o que dificulta a sobrevivência de alguns postos de venda. A ANF anunciou em Março que há 1056 farmácias, 40% do total, que vivem momentos dramáticos, estando a sua sustentabilidade ameaçada.
Na Madeira, a ANF chegou a ponderar suspender a comparticipação de medicamentos, dada a dívida astronómica das farmácias da região autónoma à ANF. A sanção foi, porém, suspensa na semana passada, quando o Governo Regional da Madeira se comprometeu a pagar cerca de 80 milhões de euros à associação de farmácias, relativos aos reembolsos das comparticipações de medicamentos.
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