Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O governo federal deve publicar o edital para a implantação da logística reversa de medicamentos até julho. O texto foi concluído na semana passada pelo grupo responsável por esse sistema. A logística reversa é o processo de devolução e de tratamento ambientalmente adequado para os resíduos de alguns setores produtivos, como o de embalagens de agrotóxicos, pilhas, baterias, pneus e óleos lubrificantes. A medida foi incluída na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), criada quase oito anos depois do sistema para balizar medidas de consumo sustentável, redução dos impactos ambientais e geração de emprego e renda.
Apenas dois setores avançaram mais significativamente. O sistema envolvendo embalagens de agrotóxicos, um dos primeiros a aderir à logística reversa, já coleciona resultados como o recolhimento e o tratamento de 250 mil toneladas de embalagens. O setor de embalagens plásticas de óleos lubrificantes fechou o acordo em dezembro do ano passado, mas a indústria, o comércio e os consumidores ainda não têm resultados consolidados.
Os representantes do Comitê Orientador para Implementação da Logística Reversa e da consultoria jurídica do Ministério do Meio Ambiente (MMA) agora trabalham na expectativa de consolidar, nas próximas semanas, o acordo da gestão pós-consumo dos setores de lâmpadas e de embalagens em geral, que inclui bens de consumo como embalagens de comidas e bebidas.
“Recebemos três ou quatro propostas e vamos negociar com todos (associações representativas de cada setor que apresentaram as propostas). Quando tivermos o texto consolidado, colocamos em consulta pública para que qualquer pessoa possa dar sugestões”, explicou a arquiteta Zilda Veloso, diretora de Ambiente Urbano do MMA.
Zilda Veloso lembrou ainda que o edital para a indústria de eletroeletrônicos está em consulta pública desde o último dia 13 de fevereiro. Segundo ela, até o dia 22 de junho qualquer brasileiro pode contribuir com a proposta no site http://www.sinir.gov.br.
A
elaboração desses textos acaba se baseando em experiências positivas,
como a do setor de agrotóxicos. Mensalmente o sistema Campo Limpo,
formado por fabricantes de agrotóxicos, por representantes do comércio e
agricultores, vem batendo recordes de recolhimento de embalagens no
campo. Zilda Velos destacou que, hoje, 90% do que é produzido em
embalagens pela indústria é recolhido pelo sistema.
Segundo o diretor-presidente do Instituto Nacional de Processamento
de Embalagens Vazias (inpEV), João Cesar Rando, o crescimento acompanha o
mesmo ritmo da intensificação do uso de agrotóxicos em função do
aumento da atividade agrícola em algumas regiões do país.
“Hoje esse sistema chegou à maturidade e temos nove recicladores
distribuídos em alguns estados (Mato Grosso, São Paulo, Paraná, Minas
Gerais e Rio de Janeiro) para otimizar a logística e temos o sistema de
recolhimento itinerante, que responde por 12% a 15% do total de
embalagens recolhidas”, disse ele.
Rando explicou que os outros setores estão avançando, apesar de
alguns fabricantes enfrentarem dificuldades para implantar o sistema,
principalmente os que envolvem vários itens, como é o caso dos
eletroeletrônicos. Ainda assim, o representante do instituto disse que a
PNRS impulsionou a logística reversa no país que, até então, era
regulada pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).
Ainda existem pontos que precisam ser trabalhados. “O sistema depende
do quanto os governos estão preparados para implantar, por exemplo, o
sistema de coleta seletiva, um processo oneroso, que demanda recursos e
planejamento. As pontas precisam se encontrar. É um desafio tirar isso
tudo do meio ambiente e é um desafio igual encontrar formas sobre o que
fazer com esse material”, disse ele, lembrando que cidades como São
Paulo produzem mais de 10 mil toneladas de lixo diariamente.
Edição: Andréa Quintiere
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Fonte: Agência Brasil
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