Os diuréticos usados
para eliminar água do organismo com a "falsa ilusão de que emagrecem"
podem contribuir para aumentar a expulsão dos medicamentos (AP)
O Observatório de Interações Planta-Medicamento advertiu hoje que os diuréticos usados para eliminar água do organismo com a "falsa ilusão de que emagrecem", como o dente-de-leão e a alcachofra, contribuem para aumentar a expulsão dos medicamentos.
O alerta desta semana do observatório, inserido na campanha "Aprender Saúde entre as Plantas e os Medicamentos", dirige-se à população saudável que, de vez em quando, consome alguns medicamentos (antibióticos, anti-inflamatórios, diuréticos, laxantes) juntamente com produtos naturais (incluindo certos alimentos ou chás) ou outros produtos que "podem ter efeitos intensos no organismo e até mesmo causar algum dano"."Uma pessoa saudável pode comer quase tudo respeitando sempre doses baixas e quando não usa medicamentos", refere aquela estrutura, coordenada por Maria da Graça Campos.
O Observatório de Interações Planta-Medicamento (OIPM/FFUC) dá como exemplo a cafeína no café, chá verde ou preto, guaraná ou bebida de cola, que pode ter "um efeito estimulante moderado, mas usada em elevada quantidade pode ter efeitos tóxicos graves".
"A toxicidade está diretamente ligada à dose. No entanto, existem vários produtos que a contêm e que devem, quando associados, ter essa ação aditiva em consideração", sublinha.
Fernando Ramos, membro do observatório e docente/investigador na Faculdade de Farmácia na área da Nutrição, adiantou à Lusa que cuidados se devem ter quando, por exemplo, à toma de aspirina se adiciona concentrados de frutos vermelhos, chá de camomila ou produtos que contém angelica, gingko, ginseng, aloé.
"O risco nestas associações é de hemorragias ou aparecimento de nódoas negras mais frequentes do que o costume", disse Fernando Ramos, explicando que isto acontece porque todos estes produtos, tal como a aspirina, diminuem a agregação plaquetar que é fundamental nos processos de coagulação.
Maria da Graça Campos e o diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, da Direção-Geral de Saúde, Pedro Graça, advertem, por seu turno, que muitas substâncias termogénicas (que provocam calor) que aparecem em produtos publicitados para emagrecer podem conter substâncias cuja eficácia não foi comprovada.
Estas "podem interferir com a metabolização e ação de muitos medicamentos, entre os quais antidiabéticos, hipolipidémicos antineoplásicos, antiepiléticos, anticoagulantes e psicofármacos", salientam.
No caso dos psicofármacos, uma vez que alguns são compostos químicos como a cafeína ou outras substâncias estimulantes, o efeito destes produtos sobre o organismo pode ser de ansiedade, conduzindo a insónia e outras alterações do sistema nervoso central.
Segundo o observatório, uma chávena de chá verde e de chá preto, chás que provêm da planta camellia sinensis, contém a mesma quantidade de cafeína do que um café.
"Esta planta ou os seus extratos aparecem nos mais variados produtos e/ou programas de perda de peso, atribuindo-lhe poder diurético", explicou, alertando que o "consumo excessivo pode mesmo induzir morte súbita".
Também contém vitamina K e, como tal, quem toma medicamentos anticoagulantes, como a varfarina, não deve consumi-lo.
O observatório dispõe de uma linha de apoio à população e aos profissionais de saúde (239488484).
Lusa
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