segunda-feira, 13 de maio de 2013

Portugal - Ministério Público responsabiliza farmacêutico e técnica por cegueira


Publicado em 2013-05-09

Susana Otão*

Ministério Público atribuiu aos dois arguidos, um farmacêutico e uma técnica de farmácia, a responsabilidade na negligência que motivou a cegueira a seis pessoas após cirurgias oftalmológicas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e, nas alegações finais do julgamento, pediu ao tribunal para fazer justiça.
 
foto Jose Carlos Pratas / Global Imagens
Ministério Público responsabiliza farmacêutico e técnica por cegueira
Walter Bom, um dos doentes que ficou cego
 
O julgamento de um farmacêutico e de uma técnica de farmácia, acusados de seis crimes de ofensa à integridade física de forma negligente, no processo do Hospital Santa Maria, teve início há 15 meses. 

Em causa, neste processo, estão seis pessoas que cegaram total ou parcialmente depois de, a 17 de julho de 2009, terem sido submetidas a injeções intraoculares, alegadamente com Avastin, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Na acusação ao farmacêutico e à técnica de farmácia, o Ministério Público considerou que houve troca de medicamentos e que esta troca teria sido "provocada por falta de cumprimento dos deveres impostos pelo manual de procedimentos".

A defesa, por seu lado, alegou que, à data dos factos, não existia manual de procedimentos na Unidade de Preparação dos Produtos Citotóxicos, e denunciou a inexistência de supervisão e fiscalização dos profissionais por ordens superiores e por falta de meios humanos na secção.

Ao longo do julgamento ficou a saber-se que a Unidade de Produção de Citotóxicos não tinha manual de procedimentos para a elaboração de medicamentos, nem havia normas na rotulagem dos medicamentos.

Um manual de procedimentos, contudo, foi enviado para o Infarmed depois dos seis casos de cegueira, como sendo o manual que estava a ser utilizado à data dos factos.

Ficou ainda a saber-se que os medicamentos eram elaborados e ministrados segundo as orientações verbais da coordenadora do serviço de produção de citotóxicos, e que não havia supervisão e fiscalização dos profissionais que produziam os medicamentos por falta de meios humanos.

Durante as audiências foram ouvidos oftalmologistas que consideraram que a cegueira das seis pessoas terá tido origem tóxica e que os pacientes foram inoculados com um medicamento diferente do suposto - o Avastin (Bevacizumab).


*Com Agência Lusa

Fonte: Jornal de Notícias - Portugal

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