sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Anvisa adia decisão sobre venda de emagrecedores

Ellen Colombo -16/9/2011 10:11:00
 
Baseada em evidências de que os remédios apresentam riscos aos usuários, Agência analisa o cancelamento dos medicamentos

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) adiou no fim de agosto a decisão sobre a proibição de inibidores de apetite e deve decidir pela proibição da venda dos inibidores de apetite pertencentes ao grupo das anfetaminas e derivados (femproporex, anfepramona e mazindol) no país.

 Quanto à sibutramina, um dos mais populares emagrecedores, a tendência é que a venda continue liberada, mas sob restrições. Utilizada para inibir o apetite e ajudar no emagrecimento, a sibutramina pode trazer riscos ao coração e ao sistema nervoso central, é o que afirmam os técnicos Anvisa. O Brasil consome cerca de 55% de toda a sibutramina produzida no mundo. Esse é um dos dados que pesam para a avaliação da Anvisa ,que estuda desde o início deste ano, uma proposta de cancelamento do registro dos emagrecedores, baseada em evidências de que os remédios apresentam riscos aos usuários.

ALIADA
De acordo com a nutricionista Mariangela Mussi, especialista em nutrição clínica, os mecanismos de ação dos medicamentos diminuem a ansiedade, ou controlam a fome, ou diminuem a absorção de nutrientes ou mexem no metabolismo.

Para a médica, o problema maior fica para quem gostar de comer muito, nesses casos, o medicamento será uma solução temporária. “Você não corrige o problema pela raiz e depois que parar de tomar o medicamento engorda novamente.” Segundo Mariangela, se o problema é apenas hábito alimentar inadequado o melhor tratamento é a reeducação alimentar e a união de um psicólogo, nutricionista e um médico. “Muitas vezes temos hábitos inadequados porque somos ansiosos ou porque estamos estressados ou mesmo passando por algum problema emocional.” Ao que tudo indica, a Anvisa deverá banir o medicamento do mercado brasileiro, decisão que já foi tomada pela Europa, Estados Unidos e diversos países da América Latina como Argentina, Chile, Colômbia, México, Panamá e Uruguai.

No ano passado, um estudo apontou riscos de uso da sibutramina para pacientes com risco de problemas cardiovasculares. A pesquisa serviu de base para a decisão da Europa e para vários outros países. Para a médica endocrinologista Marcela Voigt, a sibutramina e os medicamentos anorexígenos não devem ser retirados do mercado. Para ela são os endocrinologistas, que trabalham diretamente com o tratamento de pacientes obesos, sabem que não são todos os pacientes que podem se beneficiar do tratamento farmacológico. “Mas não podemos impedir o uso da medicação, especialmente àqueles que podem usá-la”, afirma. Segundo Mariangela, os medicamentos são necessários para colaborar com o emagrecimento. Mas não se pode esquecer de cuidar da alimentação, do estresse e praticar uma atividade física. “Se o médico achar necessário que o paciente tome o medicamento, ele deve tomar. Mas é necessário descobrir a raiz do problema e fazer um tratamento adequado.”

RISCOS
No início do ano, a posição da Anvisa era de cancelar o registro de todos os medicamentos que contém sibutramina. Esta medida se baseou nos dados iniciais de um estudo que envolveu mais de 10.000 pacientes obesos, acima de 55 anos com diabetes, história de cardiopatia ou outros fatores de risco cardiovascular por um período de seis anos. O objetivo era avaliar os efeitos da sibutramina neste perfil de pacientes. A ocorrência de eventos graves como infarto, AVC, parada cardíaca e morte no grupo de pacientes em uso de placebo (cápsulas sem medicamento) foi de 10% enquanto no grupo que usava sibutramina foi de 11,4%. Embora pareça uma diferença pequena, ela é considerada estatisticamente significativa. Esta diferença foi relevante apenas em pacientes com história prévia de doenças cardiovasculares.

Segundo a endocrinologista, muitos dos seus pacientes estão em uso de sibutramina como coadjuvante no tratamento do excesso do peso. “O medicamento tem se mostrado bastante eficaz e seguro”, comenta. De acordo com ela, as contra-indicações do medicamento são respeitadas, mas é preciso fazer monitoramento mensal dos pacientes.

“Além disso, o uso está associado à significativa redução de hipertensão e diabetes”.
Uma nota divulgada pela Anvisa, explica que se for mantida a sibutramina será recomendada para o tratamento de obesidade em pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30% e que não tenham doenças cardiovasculares.

Além disso, o médico e os pacientes terão de assinar um termo de responsabilidade no caso da prescrição do remédio. Os pacientes terão de ser avaliados a cada mês e o médico será obrigado a notificar às autoridades de saúde qualquer reação adversa ao uso do medicamento.

ALTERNATIVAS
Em meio a todas as discussões sobre a proibição de inibidores de apetite, aparecem cada vez mais medicamentos que promete um emagrecimento rápido, barato e sem efeitos colaterais, os fitoterápicos. Para a nutricionista Mariangela, eles são recomendáveis. Ela conta que prescreve para seus pacientes. “Fitoterápicos são medicamentos feitos de partes de plantas e possuem princípios ativos em sua composição. Como exemplo temos os chás, extratos e tinturas que podem auxiliar no tratamento de várias doenças como hipertensão, má digestão e redução no apetite”, explica.

Muitos pacientes resolvem tomar o medicamento por não conterem efeitos colaterais, *Sandra, é um exemplo disso, ela quer perder cinco quilos e a acredita no efeito dos fitoterápicos. A decisão por tomar o medicamento, se deve ao receio do efeito sanfona causado por inibidores de apetite. Depois de ver um panfleto sobre um fitoterápico, resolveu iniciar o tratamento. Mas de acordo com a nutricionista, apesar de serem naturais não quer dizer que são inofensivos, como qualquer medicamento, as plantas também podem desencadear sérios efeitos colaterais. Os fitoterápicos não devem ser usados sem orientação, principalmente porque, dependendo da pessoa, podem causar efeitos adversos. “Por isso, esses medicamentos devem ser preparados de forma correta e utilizados em doses e horários definidos, sempre sob a orientação de um profissional capacitado.”, destaca.

*Nome fictício, a entrevistada não quis se identificar

fonte: http://www.adjorisc.com.br/jornais/correiodonorte/editorias/saude/anvisa-adia-decis-o-sobre-venda-de-emagrecedores-1.884067

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