O bastonário da Ordem do Farmacêuticos (OF) defendeu sexta-feira que as farmácias devem integrar a rede de cuidados de saúde primários e os farmacêuticos um papel mais interventivo na gestão da terapêutica dos doentes e nos centros de saúde, avança a agência Lusa.
"Não tenho dúvidas de que Portugal e os portugueses beneficiarão com a participação activa dos farmacêuticos nos cuidados de saúde primários, quer nas farmácias, quer nos centros de saúde", afirmou Carlos Maurício Barbosa no simpósio “Os Farmacêuticos e as Grandes Questões da Saúde”, que está a decorrer no Porto, no âmbito das comemorações do Dia do Farmacêutico (26 Setembro).
Para o bastonário, faz todo o sentido desenvolver o conceito de farmacêutico de família, com funções assistenciais de proximidade: "Definitivamente, o país não pode continuar a desperdiçar a capacidade e o potencial dos farmacêuticos em áreas como a gestão da terapêutica dos doentes crónicos e os cuidados de saúde primários".
"As farmácias comunitárias portuguesas, onde cerca de oito mil farmacêuticos exercem a sua actividade profissional, encontrando-se homogeneamente distribuídas no território nacional, são verdadeiras unidades de saúde, vocacionadas para a prestação de cuidados de saúde à população", sustentou.
Por isso mesmo, acrescentou, "entendo que as farmácias reúnem condições para integrar a rede nacional de cuidados de saúde primários".
Carlos Maurício Barbosa sublinhou ainda que Portugal tem de "apostar fortemente" nos cuidados de saúde primários, promovendo "um sistema de saúde cada vez mais centrado nestes cuidados", com a participação dos farmacêuticos na "promoção da saúde e prevenção da doença na população, com especial importância na educação para a saúde".
Promovendo também a realização sistemática de rastreios para identificação de indivíduos suspeitos de patologias crónicas e detecção precoce de fatores de risco. "Também nestas matérias, entendo que a intervenção farmacêutica pode e deve ser aprofundada", sublinhou.
O bastonário manifestou ainda preocupação com a situação em que as farmácias se encontram: "Neste momento, temos as mais fundadas reservas ou mesmo absolutas objecções quanto à adopção de medidas suplementares que possam trazer novas fragilidades e vulnerabilidades às farmácias".
Segundo o responsável, "várias centenas de farmácias" encontram-se "mergulhadas numa crise económica e financeira que até há pouco tempo era inimaginável". "A grande maioria das outras está no limite das condições necessárias à sua sobrevivência", referiu.
"No sector da saúde em Portugal são sobretudo precisas medidas que introduzam racionalidade, tenham carácter estrutural e melhorem expressivamente os índices de eficácia e eficiência. Não só através de cortes – especialmente quando eles são avulsos e pontuais – se garante a sustentabilidade do sistema de saúde", frisou.
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