quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Polícia investiga morte por troca de medicamento no PAI

Polícia investiga morte por troca de medicamento no PAI

Segundo a família, mulher recebeu receita para remédio para prevenir AVC, enquanto o fornecido é para baixar pressão
Receita mostra claramente que o remédio receitado foi o nimodipina; suposto erro pode ter causado a morte da aposentada
João Carlos Nascimento / O Liberal

A troca de medicamentos por parte de uma técnica em farmácia do PAI (Programa de Atendimento Imediato) do bairro Antonio Zanaga, em Americana, pode ter causado a morte da aposentada Maria Terezinha Chioquette Cabral, de 75 anos. É o que apontam familiares da vítima. O medicamento receitado por um médico da rede pública serviria para prevenir um AVC (Acidente Vascular Cerebral), enquanto que o fornecido pela unidade de saúde é utilizado para baixar a pressão, segundo o médico que assinou a receita. Após a constatação da troca, a família registrou um boletim de ocorrência. A Polícia Civil já abriu um inquérito para investigar o caso.

O medicamento que consta na receita médica, cuja grafia é legível, de acordo com a família, é o Nimodipina. Já os comprimidos apreendidos pela polícia são de Nifedipina. Em entrevista ao LIBERAL, o médico João Carlos de Pieri, que fez a prescrição do medicamento à paciente, confirmou que houve a troca e explicou a diferença entre eles. "A Nimodipina serve para dilatar a circulação sanguínea. Já a Nifedipina é para baixar a pressão. São medicamentos diferentes", afirmou o médico. No BO, registrado no 4º Distrito Policial consta que "a pressão da vítima caiu e a mesma passou mal".

Segundo o neto da vítima, o cozinheiro Ademir Rodrigues de Oliveira, de 35 anos, que buscou o medicamento na ocasião, a técnica em enfermagem "riu no momento em que ele (neto) entregou a receita médica". "Não houve problemas na interpretação da letra. Ela leu, riu e disse que o médico estava errado. Depois me entregou o remédio que, segundo ela, era o certo", relatou.

Família
Ainda abalada com a morte da mãe, a professora Márcia Cabral, de 39 anos, disse que convive com um sentimento de culpa. "Foi eu que a mediquei. Dei o primeiro comprimido, o segundo e, no terceiro, tivemos que levá-la correndo para o hospital. Infelizmente não teve jeito, ela faleceu", disse. O aposentado Manoel Cabral Filho, de 74 anos, diz sentir falta da esposa. "Foi uma tristeza o que aconteceu. Foram 60 anos de companheirismo", afirmou.

A outra filha da vítima, a aposentada Maria Aparecida Cabral, de 47 anos, disse que espera por Justiça. "Alguma coisa deve ser feita. Trata-se de medicamentos. A pessoa deve saber o que está fazendo. Ela nem se deu ao trabalho de ligar para o médico e tirar a dúvida", disparou.

Em julho, na inauguração do PAI, o prefeito Diego De Nadai (PSDB) disse que a unidade seria referência. "É com muita satisfação que entrego à população um local digno e que terá atendimento com qualidade", disse ele. A SPDM não respondeu aos questionamentos feitos pela reportagem por e-mail via assessoria de imprensa da Prefeitura. A Administração também não se manifestou.

fonte: http://www.liberal.com.br/noticia/B428C791475-policia_investiga_morte_por_troca_de_medicamento_no_pai

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