Publicado 22/09/2011 às 09:21:39 - Atualizado em 22/09/2011 às 10:10:55
Duas pessoas morreram em Corupá após tomarem um medicamento “manipulado de forma errada”, segundo o Ministério Público. A farmácia não teria alvará sanitário para produzir o remédio, que foi comprado sem receita médica. O proprietário e a farmacêutica foram indiciados e podem pegar quatro anos de prisão.
O caso ocorreu há dez meses, mas o inquérito de 250 páginas ficou pronto agora. Segundo o delegado responsável pelo caso, Adriano Spolaor, os indiciados responderão por homicídio culposo e inobservância de regra técnica de profissão, que indica negligência por parte dos profissionais. O remédio deveria ter sido diluído 100 vezes.
Entenda o caso
Renato Wolf sofria há seis anos de gota, uma doença reumatológica que eleva os níveis do ácido úrico no sangue. O aposentado de 69 anos tomava o remédio chamado Colchicina. O medicamento foi ingerido por três anos sem prescrição médica. Segundo a filha, Marilene Wolf, um amigo com a mesma enfermidade havia indicado a droga. Marilene afirmou que a farmácia falsificava receitas do médico que tratava o pai para poder vender o produto.
O medicamento foi tomado por Wolf às 8h do dia 11 de novembro de 2010. “Naquele dia eles estava muito bem de saúde”, diz a filha. Os sintomas começaram a aparecer às 19h, quando ele começou a vomitar sem parar. A família achava que a causa seria intoxicação alimentar. Encaminhado ao hospital, Wolf não acordou após a endoscopia. Foi para a UTI às 20h do dia seguinte e morreu às 6h40 do dia 13, diagnosticado com pancreatite aguda fulminante.
O mesmo remédio foi doado três dias depois da morte de Renato, a Eduvirges de Amorim Carvalho, cujo marido, Osmari Carvalho, também sofre de gota. Ao sentir uma dor no pé, a agente comunitária, que tinha 48 anos, tomou uma cápsula de Colchicina.
Eduvirges começou a passar mal no mesmo dia, uma sexta-feira. Em anotação em uma agenda a qual ela escrevia todos os dias, o marido encontrou o recado: “tomei o remédio do Renato e passei mal”. A mulher faleceu no dia seguinte, 26 de novembro.
Segundo Marilene, Eduvirges não era hipocondríaca. “Tinha uma saúde invejável. Caminhava todos os dias”, afirma. Por ser mulher em idade fértil, o corpo dela passou por uma autópsia a fim de ser descoberto o motivo da morte. “Se ela não tivesse tomado, o Osmari ia morrer e não saberíamos a razão”.
Erro fatal
O frasco do remédio ficou praticamente cheio, pois apenas duas cápsulas haviam sido usadas. A Vigilância Sanitária enviou a droga para ser analisada em Florianópolis. O resultado constatou que a substância deveria ter sido diluída 100 vezes para poder ser ingerida. Havia em cada cápsula elementos suficientes para matar seis pessoas. A Vigilância fechou a farmácia dias após o caso.
O delegado Adriano Spolaor instaurou um inquérito e indiciou o proprietário e a farmacêutica que manipulou o produto por homicídio culposo e inobservância de regra técnica de profissão. O local não possuía autorização para comercializar a substância e a vendia sem receita médica.
Se condenados, eles podem pegar a pena de até quatro anos de prisão. A farmacêutica, que trabalha agora em uma farmácia de Jaraguá do Sul, também poderá perder o registro no CRF (Conselho Regional de Farmácia). De acordo com o delegado, ambos, em caso de condenação, serão culpados apenas pela primeira morte, já que não venderam o remédio para Eduvirges. O falecimento da mulher é considerado um acidente.
A única vontade de Marilena é que os dois sejam presos. “Não quero indenização em dinheiro, só a justiça”, declara. “Será que eles não foram responsáveis por outros casos?”, indaga.
Proprietário se declara inocente
O dono da farmácia de manipulação que vendeu a Colchicina alega que “nada ainda foi provado”. Segundo o empresário, Wolf apresentava receitas médicas nas compras e nega ser responsável por falsificações.
Ele também afirma que o estabelecimento possuía o alvará necessário para a produção do remédio, mas o documento teria sido “levado pela Vigilância Sanitária”. “Mesmo sem alvará, as empresas vendem a substância para qualquer um”, se defende.
O caso ocorreu há dez meses, mas o inquérito de 250 páginas ficou pronto agora. Segundo o delegado responsável pelo caso, Adriano Spolaor, os indiciados responderão por homicídio culposo e inobservância de regra técnica de profissão, que indica negligência por parte dos profissionais. O remédio deveria ter sido diluído 100 vezes.
Entenda o caso
Renato Wolf sofria há seis anos de gota, uma doença reumatológica que eleva os níveis do ácido úrico no sangue. O aposentado de 69 anos tomava o remédio chamado Colchicina. O medicamento foi ingerido por três anos sem prescrição médica. Segundo a filha, Marilene Wolf, um amigo com a mesma enfermidade havia indicado a droga. Marilene afirmou que a farmácia falsificava receitas do médico que tratava o pai para poder vender o produto.
O medicamento foi tomado por Wolf às 8h do dia 11 de novembro de 2010. “Naquele dia eles estava muito bem de saúde”, diz a filha. Os sintomas começaram a aparecer às 19h, quando ele começou a vomitar sem parar. A família achava que a causa seria intoxicação alimentar. Encaminhado ao hospital, Wolf não acordou após a endoscopia. Foi para a UTI às 20h do dia seguinte e morreu às 6h40 do dia 13, diagnosticado com pancreatite aguda fulminante.
O mesmo remédio foi doado três dias depois da morte de Renato, a Eduvirges de Amorim Carvalho, cujo marido, Osmari Carvalho, também sofre de gota. Ao sentir uma dor no pé, a agente comunitária, que tinha 48 anos, tomou uma cápsula de Colchicina.
Eduvirges começou a passar mal no mesmo dia, uma sexta-feira. Em anotação em uma agenda a qual ela escrevia todos os dias, o marido encontrou o recado: “tomei o remédio do Renato e passei mal”. A mulher faleceu no dia seguinte, 26 de novembro.
Segundo Marilene, Eduvirges não era hipocondríaca. “Tinha uma saúde invejável. Caminhava todos os dias”, afirma. Por ser mulher em idade fértil, o corpo dela passou por uma autópsia a fim de ser descoberto o motivo da morte. “Se ela não tivesse tomado, o Osmari ia morrer e não saberíamos a razão”.
Erro fatal
O frasco do remédio ficou praticamente cheio, pois apenas duas cápsulas haviam sido usadas. A Vigilância Sanitária enviou a droga para ser analisada em Florianópolis. O resultado constatou que a substância deveria ter sido diluída 100 vezes para poder ser ingerida. Havia em cada cápsula elementos suficientes para matar seis pessoas. A Vigilância fechou a farmácia dias após o caso.
O delegado Adriano Spolaor instaurou um inquérito e indiciou o proprietário e a farmacêutica que manipulou o produto por homicídio culposo e inobservância de regra técnica de profissão. O local não possuía autorização para comercializar a substância e a vendia sem receita médica.
Se condenados, eles podem pegar a pena de até quatro anos de prisão. A farmacêutica, que trabalha agora em uma farmácia de Jaraguá do Sul, também poderá perder o registro no CRF (Conselho Regional de Farmácia). De acordo com o delegado, ambos, em caso de condenação, serão culpados apenas pela primeira morte, já que não venderam o remédio para Eduvirges. O falecimento da mulher é considerado um acidente.
A única vontade de Marilena é que os dois sejam presos. “Não quero indenização em dinheiro, só a justiça”, declara. “Será que eles não foram responsáveis por outros casos?”, indaga.
Proprietário se declara inocente
O dono da farmácia de manipulação que vendeu a Colchicina alega que “nada ainda foi provado”. Segundo o empresário, Wolf apresentava receitas médicas nas compras e nega ser responsável por falsificações.
Ele também afirma que o estabelecimento possuía o alvará necessário para a produção do remédio, mas o documento teria sido “levado pela Vigilância Sanitária”. “Mesmo sem alvará, as empresas vendem a substância para qualquer um”, se defende.
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