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Marisa Arruda Barbosa O abuso de remédios “tarja preta” já tem sido chamado de uma epidemia da saúde pública nacional. Tal abuso tem afetado famílias em todo o país, e agora atinge a comunidade brasileira. Jan Siepierski Christo, de 19 anos, morreu no dia 22 de agosto, devido ao abuso de medicamentos. Mas a luta de Jan para voltar a ter uma vida normal depois de um acidente já se extendia por quase um ano. Os pais, Josiane Siepierski e Alfredo Christo, sentem-se injustiçados por um sistema jurídico e médico, contra o qual lutaram, ao lado de Jan, para conseguir uma cirurgia depois de um acidente de trânsito. Ao contrário, Jan sentia-se cada vez mais frustrado por, em vez de receber a liberação médica para fazer a cirurgia, voltava para casa com mais comprimidos de Oxycodone e Lyrica, medicamentos fortes adquiridos somente sob prescrição, que acabam com a dor, ou “pain killers”, segundo seus pais contaram com exclusividade ao Gazeta News. Isso tudo começou no dia 20 de outubro, quando Jan foi envolvido em um acidente na I-95, em Fort Lauderdale, entre a Oakland e a Commercial Blvd. Um carro atingiu a parte traseira de seu Honda Civic, e Jan, que usava cinto de segurança, bateu com a cabeça no parabrisa, já que o airbag não abriu, segundo conta seu pai, Alfredo. Desde então, começou a briga com as seguradoras e advogados, para que Jan recuperasse seu carro, e conseguisse uma cirurgia. Segundo seus pais, ele ficou com os discos 6 e 7 do pescoço comprometido. Jan começou a sofrer com muita dor nas costas, mas em vez de cirurgia, só recebia prescrições para remédios para dor, segundo seus pais. Ao longo dos últimos meses, Jan tentou suicídio duas vezes, segundo contou sua mãe. Quando isso aconteceu, ela procurou por seu advogado novamente, insistindo que seu filho precisava de uma cirurgia, pois a alta dose de medicamentos o levaram à depressão. “Meu filho me dizia: ‘Mãe, eu não aguento mais, preciso de uma cirurgia para acabar com tudo isso’”, conta Josiane, ainda desnorteada com o que aconteceu. Uma semana antes que Jan colocasse fim em sua vida, ele conseguiu fazer uma ressonância magnética de toda a coluna, que indicou que ele tinha érnia em vários discos, segundo sua mãe. Mesmo assim, os médicos não deram o laudo para que Jan fizesse a cirurgia. Josiane conta que isso foi a gota d’água para o desânimo de seu filho. Ele ficou desiludido e disse: “Mãe, vamos entregar isso para Deus?”. No dia 22 de agosto, Alfredo foi trabalhar e resolveu ligar em casa para ver se o filho havia levantado da cama. Ele falou com sua sogra, que disse que ele estava trancado no quarto. Alfredo tentou em vão ligar no celular de Jan, e então resolveu ir para casa. Ao chegar, viu que a porta estava trancada e que havia um móvel contra ela. Ele então ligou para a polícia, que abriu a porta e encontrou Jan deitado, e diferentes frascos de medicamento ao seu lado. “Tinha NyQuil, Aspirina, Tylenol e mais vários remédios que os policiais recolheram”, conta Alfredo. Alfredo conta que Jan foi levado ao hospital e morreu, em seus braços, às 11 da noite, depois de cinco tentativas de ressuscitá-lo. Os exames do hospital detectaram uma série de remédios em seus sistema, mas nenhuma droga ilícita. Consciência e planos de vida Ao longo de quase um ano, Jan tinha consciência de tudo que estava tomando, segundo sua mãe; ele tinha planos de procurar a clínica South County Mental Health para se desintoxicar. Mas antes disso, conta Josiane, ele precisava acabar com sua dor. Ela diz que sugeriu a seu filho que fossem para o Brasil para que ele fizesse a cirurgia, mas Jan tinha acabado de receber uma bolsa período integral para o College, e não queria perder a oportunidade. Jan estudou na Olympic Heights Community High School e agora pretendia estudar ciências políticas para ser diplomata, segundo sua mãe. Apoio dos amigos Amigos, colegas e professores têm visitado os pais de Jan constantemente. “Eu acho que recebemos quase 2500 pessoas em nossa casa até agora”, conta Alfredo. A página do Facebook de Jan é lotada, diariamente, com mensagens dos amigos inconformados. Alguns, surpresos, e outros mais próximos, acompanharam sua luta e transformação desde o acidente. “Ele mudou muito do ano passado para cá, esses remédios o estavam prejudicando muito, porque ele não conseguia mais dormir”, disse Emilly Barreto, uma das amigas mais próximas de Jan. “Pelo que sua mãe disse, os remédios eram para passar a dor, mas o efeito colateral era bem forte, e fazia com que ele mudasse o temperamento rapidamente”. Um mês atrás, quando Emilly o viu pela última vez, Jan parecia estar melhor, segundo conta. “Mas às vezes a gente se engana com a aparência dos outros”. Frank Weill, que foi chefe de Jan por alguns meses, conta que Jan tinha um bom coração, motivo pelo qual se tornaram bons amigos. “Quando ele tentou suicídio pela primeira vez ao tentar uma overdose, eu disse que ele poderia vir falar comigo se precisasse de alguma coisa”, conta Weill. “Eu me arrependo muito de não ter ajudado mais, pois ele era um jovem extraordinário e eu vou sentir falta de sua presença”. “O Jan era do tipo de pessoas que gostava de fazer todo mundo rir até chorar”, disse Bryan Sardinha, amigo de Jan no high school. José Marques, um amigo de Jan também na escola, conta que não o via há algum tempo, mas tinha a imagem de Jan como um jovem feliz e engraçado. “Eu não sabia que ele tinha problemas de depressão”. Operation Medicine Cabinet – Eventos para recolher medicamentos que não estão em uso O BSO faz frequentes eventos para recolher medicamentos que não estejam em uso. Quem quiser participar pode levar os medicamentos aos pontos de recolhimento sem terem que responder a nenhuma pergunta, e ganham um gift card de $5 para uma loja local. Para obter informações a respeito do evento mais próximo de sua área, acesse: www.sheriff.org/OMC. Como saber se seu filho está viciado em drogas sob prescrição? Um em cinco adolescentes já abusou de um medicamento para dor, e na Flórida, esses tipos de drogas já mataram 300% mais pessoas que drogas ilícitas, de acordo com o BSO. Jovens conseguem medicamentos com mais facilidade do que as ilícitas – tanto em casa, quanto na casa dos amigos ou farmácias online. O que os pais podem fazer: - Monitorar os medicamentos em casa. Contar quantos comprimidos você tem e coloque a data de quando deve comprar mais. Restrinjir a disponibilidade dessas suas substâncias em sua casa. - Falar com seus filhos abertamente. Explicar sobre os riscos do abuso de medicamentos e dos perigos de misturá-los a outras substâncias. Quando misturadas com álcool, o uso dessas drogas pode ser fatal. “Se não falar com realismo, ele estará exposto à realidade de qualquer forma quando estiver na rua”, diz Karina Lapa. Uma boa dica é participar dos eventos que recolhem medicamentos. Programa de monitoramento de compra de drogas sob prescrição entra em vigor dia 1º O programa estadual chamado Prescription Drug Monitoring Program finalmente entra em vigor no dia 1º de setembro. Para os adeptos do programa, sua implementação é bem-vinda em um estado onde o abuso de medicamentos atingiu quase proporções epidêmicas. Começando no dia 1º, qualquer profissional de saúde que vender uma substância controlada (incluindo OxyContin, Vicodin, etc), será obrigado a compartilhar informações com um banco de dados de monitoramento dentro de até sete dias depois da venda. A Flórida tornou-se notória por seus problemas de prescrição de drogas, e as estatísticas sobre o abuso de drogas são surpreendentes. Em 2010, 98 de 100 médicos prescrevendo Oxycodone no país foram na Flórida. Também em 2010, 126 milhões de comprimidos Oxycodone foram distribuídos pelas 100 maiores farmácias de manipulação na Flórida. (Na verdade, mais Oxycodone é distribuído na Flórida do que nos outros 49 estados combinados). |
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Comunidade perde jovem para “drogas legalizadas”
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