Quando remédio causa reação adversa, somente 36% buscam o hospital.
Pesquisa foi realizada pelo Datafolha e ICTQ em 12 capitais brasileiras.
Mais de um terço da população de Fortaleza,
38%, consome medicamento controlado, tarja preta ou vermelha, sem
prescrição médica, segundo pesquisa realizada pelo instituto Datafolha e
o Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ). A pesquisa foi
realizada em novembro e dezembro de 2012 em 12 capitais brasileiras e
divulgada nesta semana.O percentual apresentado em Fortaleza é o maior do Brasil. Atrás da capital cearense, estão Goiânia (GO), com 33%, Salvador (BA) e Rio de Janeiro (RJ), com 25% e Belém (PA), com 24%. Segundo o estudo, o remédio virou um produto de uso comum e isso aumenta a compra sem receita.
O estudo mostra, ainda, que 83% dos consumidores veem a farmácia como um supermercado ou loja de conveniência e que 52% consumidores não conseguem identificar o farmacêutico dentro do estabelecimento, e acaba consumindo o remédio sem orientação. Quando o medicamento provoca uma reação adversa, somente 36% buscam o hospital e 13% pedem ajuda a um farmacêutico.
De acordo com Marcus Vinícius Andrade, diretor-executivo do ICTQ, a falta de médicos e a dificuldade de atendimento em hospitais e postos de saúde, acabando induzindo a automedicação. "Se a pessoa sabe que vai ter dificuldade para ser atendida, ela usa a mesma receita para comprar o remédio mais de uma vez", diz. Marcus Vinícius também aponta falhas na ficalização na venda desses medicamentos. "A atribuição é da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] e da vigilância sanitária [dos estados e municípios], mas nem sempre ela é feita com eficiência".
Vigilância sanitária
A gerente da Célula de Vigilância Sanitária de Fortaleza, Ivna Sidrão, contesta as 'falhas' na fiscalização da venda de medicamentos. "O controle é muito forte, o sitema é muito rigoroso. Cada médico é cadastrado na regional [Secretaria Executiva Regional - SER] onde atua. Nesse cadastro consta o registro no Conselho Regional de Medicina do Ceará (Cremec), a assinatura e a rubrica, e ele só pode receitar naquela área de jurisdição da regional. Se ele tiver um consultório em outra área, tem de fazer outro cadastro".
Ivna Sidrão, diz, ainda, que todas as irregularidades identificadas são alvo de sindicância. "Quando identificamos uma receita falsificada, por exemplo, isso é comunicado à Polícia Federal e ao Cremec para que sejam realizadas investigações. Se o médico perde ou tem o bloco de receitas roubado, ele também é obrigado a comunicar à Vigilância Sanitária para que ele seja bloqueado". Além disso, todas as farmácias recebem fiscalização contínua. "Nós sabemos quantas farmácias existem na cidade, distribuídas por regional. Se uma dela fecha ou abre, a gente atualiza o cadastro continuamente".
O estudo foi enviado aos Conselhos Regionais de Farmácia para incentivar uma discussão sobre o uso indiscriminado desses medicamentos. "O remédio que pode prevenir e curar doenças, também pode acarretar graves efeitos colaterais se não for prescrito da maneira correta. Além disso, o que é bom para uma pessoa, pode ser perigosa para outra", diz Marcus Vinícius.
Fonte: G1
-ceara/noticia/2013/07/38-compram-remedio-controlado-em-fortaleza-sem-receita-diz-estudo.html
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