Para instituto que realizou a pesquisa, índice mostra desconhecimento da população
Em
breve, farmacêuticos de todo o País poderão receitar, por conta
própria, medicamentos que não precisem de prescrição médica. A decisão
foi aprovada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) no último dia 30 e
começará a valer assim que for publicada no Diário Oficial da União. No
entanto, grande parte dos consumidores fortalezenses parece discordar da
medida. De acordo com um levantamento do Instituto de Pesquisa e
Pós-graduações do Mercado Farmacêutico (ICTQ), 67% dos entrevistados na
Capital não apoiam a prescrição farmacêutica.
Para
o diretor executivo do ICTQ, a medida ajudará a reduzir a superlotação
em postos de saúde. Resolução aprovada pelo Conselho Federal de Farmácia
permite que farmacêuticos receitem remédios que não precisem de
prescrição médica
O maior motivo, conforme os dados, é a
falta de conhecimento sobre o que diz a decisão do CFF e,
principalmente, das funções e capacidades do profissional de
farmacologia. Marcus Vinícius Andrade, diretor executivo do ICTQ,
explica que muitos brasileiros não sabem qual é o verdadeiro papel do
farmacêutico na saúde da população, dentro dos hospitais, das clínicas e
mesmo dos estabelecimentos que comercializam remédios.
Segundo
ele, boa parcela dos entrevistados na pesquisa desconhece até que o
farmacêutico possui formação superior. "Percebemos que muitos não sabem
que ele é o profissional na área de Saúde que mais entende de
medicamentos, que trabalha desde o princípio ativo do remédio até a
entrega e indicação ao consumidor. Muitas vezes, as pessoas não
conseguem nem reconhecer quem é o farmacêutico e quem é o balconista
dentro da farmácia", afirma Andrade.
Falhas
O
diretor executivo atribui o problema a falhas de comunicação e
conscientização por parte dos órgãos regulamentadores da profissão,
deficiência que ocasionou, ainda, o desconhecimento da resolução do CFF,
a qual estabelece que o farmacêutico pode indicar remédios e produtos
com finalidade terapêutica que dispensam receita médica, como
medicamentos industrializados, plantas medicinais e drogas vegetais, por
exemplo.
Ele destaca que, antes de ser aprovada, a medida foi à
consulta pública por vários meses, mas a pesquisa de opinião não chegou a
ser divulgada. "A sociedade ficou à margem dessa discussão e, por isso,
tendeu a rejeitar", pontua Marcus Vinícius.
Dentre os que
aprovam a prescrição farmacêutica em Fortaleza, número equivalente a 33%
dos entrevistados na pesquisa do ICTQ, 24% acreditam que a medida
poderá resolver doenças mais simples de maneira mais rápida e 18% creem
na redução das filas nos hospitais e postos de saúde. Para Álisson
Menezes, presidente em exercício do Conselho Regional de Farmácia do
Ceará (CRF-CE), essas, de fato, são algumas vantagens que a decisão pode
trazer.
"Vários outros países já adotam esse modelo e, pegando
esses exemplos, vimos que foi muito bom, porque, no caso dos males
menores, mais simples de tratar, tirou a sobrecarga dos médicos e
amenizou a superlotação dos postos de atendimento primário, deixando
espaço para quem realmente necessita de atendimento mais aprofundado",
afirma Menezes.
Ele também destaca que a medida pode contribuir,
ainda, para a redução dos índices de automedicação. Uma outra pesquisa
do ICTQ mostra que 38% dos fortalezenses consome medicamentos tarja
preta sem prescrição médica. Além desses, o presidente do CRF-CE cita
remédios como analgésicos e antigripais, que não exigem receita.
"Essa
medida torna a obtenção de medicamentos mais segura. Hoje, a pessoa vai
na farmácia e consegue com o balconista um medicamento sem receita,
sendo orientado por alguém que não é profissional. Com essa medida, você
teria um documento, uma garantia de que foi atendido por uma pessoa que
entende do assunto", diz Menezes.
SAIBA MAIS
Ranking de rejeição no Nordeste
1. Fortaleza (CE) 67%
2. Salvador (BA) 64%
3. Maceió (AL) 62%
4. Aracaju (SE) 57%
5. João Pessoa (PB) 59%
6. Recife (PE) 50%
VANESSA MADEIRAREPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário