sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Vender remédios mais baratos: a quem não interessa?

Artigo
Por Benê Barbosa

O cruzamento da avenida Norte Sul com a 25 de Agosto é definido como marco central da cidade. Provavelmente as quatro esquinas do cruzamento são os imóveis mais valorizados no município. Em cinco quadras desse “centrão” estão instaladas pelo menos dez farmácias, sendo que meia dúzia ocupam terrenos de esquina.
 
Vinte e sete farmácias estão listadas nos guias de endereços comerciais e serviços em Rolim de Moura, mas esse número pode ser um pouco maior. Certo é que existe uma farmácia para atender cada grupo de no máximo dois mil cidadãos rolimourenses. Reclamar do sempre deficitário sistema de saúde pública até que é justo, mas qualquer queixa sobre a disponibilidade de medicamentos na rede privada não teria sentido. A clientela,tanto de Rolim de Moura quanto das diversas cidades do entorno, tem opções e muitas ofertas, já que os empresários do setor investem muito em publicidade e capricham em promoções. O ramo farmacêutico em Rolim é, como se vê, bastante concorrido e vai ficar ainda mais em pouco tempo.
 
A novidade no setor é a instalação de uma loja da rede de farmácias Pague Menos, talvez a mais competitiva nesse tipo de comércio, com filiais em centenas de cidades espalhadas pelo Brasil inteiro. A Pague Menos tem preços comprovadamente menores, coisa que sem dúvida incomoda empresários do setor, mesmo que não admitam isso.
 
Os preparativos para fincar base na cidade estão em andamento. A empresa constrói prédio em outra esquina nobre da cidade – em frente a Igreja Matriz – na avenida Norte Sul, também no centro da cidade. 
 
A chegada da Pague Menos tem apoio irrestrito da população regional não porque os preços praticados pela rede farmacêutica atual sejam elevados e sim porque quanto mais barato melhor.
 
O que seria apenas a chegada de um novo estabelecimento comercial na cidade, mais uma prova de que empresários de outros estados acreditam no potencial da região, transformou-se em curiosa discussão e até especulações sobre a existência de um cartel formado pelas farmácias da cidade, que estariam em movimento sério para dificultar a instalação da Pague Menos.
 
A discussão teve origem, segundo informações não oficiais, a partir de ação desenvolvida pelo Observatório Social de Rolim de Moura, que apontou irregularidades na obra do prédio que vai alojar a Pague Menos. Cumpre o seu papel a entidade quando chama atenção do Executivo Municipal para provável falha do setor de fiscalização de obras, além de colaborar para que a rede Pague Menos fique instalada num edifício seguro.
 
O caso é que José Roberto de Jesus, presidente do Observatório Social, é um dos três maiores empresários no ramo farmacêutico em Rolim de Moura. Foi essa condição a fonte inspiradora para os comentários dando conta de que Jesus estaria fazendo uso da instituição para defender interesses das farmácias. Enquanto alguns consideram real a existência de movimento para dificultar a entrada de um concorrente pesado no mercado o histórico da entidade e do seu presidente apontam para uma improbabilidade de dimensões oceânicas. Conformes diretrizes estatutárias, o OSRM atua para beneficiar a comunidade e não existem ações que sigam decisão pessoal do presidente. Sendo assim José Roberto nada poderia fazer sem o consentimento dos Conselhos, mesmo que eventualmente ficasse prejudicado comercialmente em qualquer situação.
 
O suposto pedido de embargo na obra do prédio da Pague Menos é questão de interesse social e só deixa a impressão de movimento corporativo das farmácias porque o presidente da OSRM é empresário no setor. Fosse ele um servidor público, por exemplo, nada se diria.

É coerente supor que o OSRM apóie a chegada da Pague Menos porque isso é bom para a comunidade, do mesmo jeito que não existe nada de estranho numa provável e compreensível preocupação dos empresários farmacêuticos, desde que mantida nos limites do bom senso. Mesmo que ofereça preços vantajosos, a Pague Menos terá que lutar para conquistar sua fatia de mercado. Primeiro tem que ganhar a confiança do consumidor, coisa que a maioria das farmácias da cidade já fizeram. Alguns centavos não vão fazer um cliente fiel a dez, quinze anos mudar de farmácia justamente pelos laços de confiança.
 
O comércio de medicamentos está longe de entrar em recessão porque não se vislumbra possibilidade do Governo atender as necessidades do povo gratuitamente. Na verdade, com a “importação” de médicos o setor vai ganhar mais fôlego; com mais médicos a quantidade de pacientes atendidos aumenta. Isso significa mais prescrição de medicamentos, que vira “receita” financeira no caixa das farmácias.
 
Falar em formação de cartel não é insanidade, mas é altamente improvável. Isentar o OSRM de qualquer intenção maliciosa é fazer justiça, principalmente porque de agora em diante a entidade estará, como sempre, seriamente empenhada em defender qualquer coisa que beneficie a população. E nesse caso, remédio mais barato é uma coisa excelente.
 
O autor é jornalista
Fonte: RONDONIAGORA

Autor: RONDONIAGORA

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