Artigo
Por Benê Barbosa
O cruzamento da avenida Norte Sul com a 25 de Agosto é definido como marco central da cidade. Provavelmente as quatro esquinas do cruzamento são os imóveis mais valorizados no município. Em cinco quadras desse “centrão” estão instaladas pelo menos dez farmácias, sendo que meia dúzia ocupam terrenos de esquina.
Por Benê Barbosa
O cruzamento da avenida Norte Sul com a 25 de Agosto é definido como marco central da cidade. Provavelmente as quatro esquinas do cruzamento são os imóveis mais valorizados no município. Em cinco quadras desse “centrão” estão instaladas pelo menos dez farmácias, sendo que meia dúzia ocupam terrenos de esquina.
Vinte e sete farmácias estão listadas nos guias
de endereços comerciais e serviços em Rolim de Moura, mas esse número
pode ser um pouco maior. Certo é que existe uma farmácia para atender
cada grupo de no máximo dois mil cidadãos rolimourenses. Reclamar do
sempre deficitário sistema de saúde pública até que é justo, mas
qualquer queixa sobre a disponibilidade de medicamentos na rede privada
não teria sentido. A clientela,tanto de Rolim de Moura quanto das
diversas cidades do entorno, tem opções e muitas ofertas, já que os
empresários do setor investem muito em publicidade e capricham em
promoções. O ramo farmacêutico em Rolim é, como se vê, bastante
concorrido e vai ficar ainda mais em pouco tempo.
A novidade no setor
é a instalação de uma loja da rede de farmácias Pague Menos, talvez a
mais competitiva nesse tipo de comércio, com filiais em centenas de
cidades espalhadas pelo Brasil inteiro. A Pague Menos tem preços
comprovadamente menores, coisa que sem dúvida incomoda empresários do
setor, mesmo que não admitam isso.
Os preparativos para fincar base
na cidade estão em andamento. A empresa constrói prédio em outra esquina
nobre da cidade – em frente a Igreja Matriz – na avenida Norte Sul,
também no centro da cidade.
A chegada da Pague Menos tem apoio
irrestrito da população regional não porque os preços praticados pela
rede farmacêutica atual sejam elevados e sim porque quanto mais barato
melhor.
O que seria apenas a chegada de um novo estabelecimento
comercial na cidade, mais uma prova de que empresários de outros estados
acreditam no potencial da região, transformou-se em curiosa discussão e
até especulações sobre a existência de um cartel formado pelas
farmácias da cidade, que estariam em movimento sério para dificultar a
instalação da Pague Menos.
A discussão teve origem, segundo
informações não oficiais, a partir de ação desenvolvida pelo
Observatório Social de Rolim de Moura, que apontou irregularidades na
obra do prédio que vai alojar a Pague Menos. Cumpre o seu papel a
entidade quando chama atenção do Executivo Municipal para provável falha
do setor de fiscalização de obras, além de colaborar para que a rede
Pague Menos fique instalada num edifício seguro.
O caso é que José
Roberto de Jesus, presidente do Observatório Social, é um dos três
maiores empresários no ramo farmacêutico em Rolim de Moura. Foi essa
condição a fonte inspiradora para os comentários dando conta de que
Jesus estaria fazendo uso da instituição para defender interesses das
farmácias. Enquanto alguns consideram real a existência de movimento
para dificultar a entrada de um concorrente pesado no mercado o
histórico da entidade e do seu presidente apontam para uma
improbabilidade de dimensões oceânicas. Conformes diretrizes
estatutárias, o OSRM atua para beneficiar a comunidade e não existem
ações que sigam decisão pessoal do presidente. Sendo assim José Roberto
nada poderia fazer sem o consentimento dos Conselhos, mesmo que
eventualmente ficasse prejudicado comercialmente em qualquer situação.
O
suposto pedido de embargo na obra do prédio da Pague Menos é questão de
interesse social e só deixa a impressão de movimento corporativo das
farmácias porque o presidente da OSRM é empresário no setor. Fosse ele
um servidor público, por exemplo, nada se diria.
É coerente supor que o OSRM apóie a chegada da Pague Menos porque isso é bom para a comunidade, do mesmo jeito que não existe nada de estranho numa provável e compreensível preocupação dos empresários farmacêuticos, desde que mantida nos limites do bom senso. Mesmo que ofereça preços vantajosos, a Pague Menos terá que lutar para conquistar sua fatia de mercado. Primeiro tem que ganhar a confiança do consumidor, coisa que a maioria das farmácias da cidade já fizeram. Alguns centavos não vão fazer um cliente fiel a dez, quinze anos mudar de farmácia justamente pelos laços de confiança.
O comércio de medicamentos está longe de entrar em
recessão porque não se vislumbra possibilidade do Governo atender as
necessidades do povo gratuitamente. Na verdade, com a “importação” de
médicos o setor vai ganhar mais fôlego; com mais médicos a quantidade de
pacientes atendidos aumenta. Isso significa mais prescrição de
medicamentos, que vira “receita” financeira no caixa das farmácias.
Falar
em formação de cartel não é insanidade, mas é altamente improvável.
Isentar o OSRM de qualquer intenção maliciosa é fazer justiça,
principalmente porque de agora em diante a entidade estará, como sempre,
seriamente empenhada em defender qualquer coisa que beneficie a
população. E nesse caso, remédio mais barato é uma coisa excelente.
O autor é jornalista
Fonte: RONDONIAGORA
Autor: RONDONIAGORA
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