Eu
já sofri bullying no colégio, uns diziam que eu era dentuço, outros
diziam que eu era magrelo, outros me chamavam de viadinho.
Eu já
vendi pulseirinhas de linha com nomes gravados nos tempos de colégio.
Tinha meus estoques, aceitava encomendas, ganhava meus trocados.
Fui
criado sem pai, mas com um amor de mãe gigante, com o amor da minha avó
maior ainda. Rodeado de primas lindas e maravilhosas,
o queridinho dos tios e das tias. O menino educadíssimo da rua e aquele
que quando passava era chamado de "limpiiiiinho" por um velhinho.
Nunca passei necessidades. Minha infância foi humilde, simples...mas nunca me faltou o essencial.
Aprendi a cozinhar, lavar, passar, trocar pneu de carro, resistência de
chuveiro, lâmpadas, fazer fiação de telefones, energia elétrica, o que
fosse preciso.
Fazia "bicos" numa locadora de VHS quando adolescente, só para poder assistir aos filmes sem ter que pagar por isso.
Eu já ajudei meus pais a embalar mercadorias no tempo que eles tinham
um mini-mercado, já fui montador e até mesmo vendedor de móveis nos
negócios da família. Já tive ciúmes dos meus irmãos, da minha mãe, já
quis ter outra vida.
Já ganhei prêmios de melhor ator nos meus tempos das aulas de inglês.
Cheguei a prestar mais de 20 horas semanais como voluntário no
laboratório de farmacognosia nos tempos de faculdade e fiz estágios e
mais estágios não remunerados, com o objetivo de aprender e crescer (na
vida e na profissão).
Já usei meu hobby de pintura em óleo sobre
tela para fazer dinheiro no começo da carreira (que a vida de
farmacêutico nem sempre é fácil);
Já fui proprietário de farmácia de
manipulação, gerente, propagandista e manipulador, com uma jornada de
trabalho de quase 16 horas diárias.
Com a necessidade, tornei-me web
designer, designer gráfico, professor, auditor e sou praticamente um
publicitário; Na carreira "formal", já fiz duas especializações e
mestrado.
Eu nada seria hoje se eu não tivesse corrido atrás dos
meus sonhos, dos meus objetivos. Nem todos nascem em berço de ouro ou
nascem com a "vida ganha".
Eu nada seria se tivesse deixado minha vida à margem do destino.
Hoje me orgulho do que sou. Não sou modesto (nem pretendo). Consegui
evoluir na vida, seja profissionalmente, pessoalmente e espiritualmente.
Colegas de profissão me respeitam e me admiram. Minha família me
valoriza e sente orgulho de mim. Às vezes sinto falta de amigos de
coração, amizades mais próximas, verdadeiras e menos interesseiras.
Sinto falta de poder viajar mais, conhecer mais culturas, línguas
pessoas.
Hoje tenho 33 anos, mas eu sei que ainda tenho um grande
trajeto a cumprir. Quem sabe daqui há alguns anos eu pare e pense neste
texto e chegue à conclusão que o que eu queria "hoje" eu já consegui.
Novos desafios e necessidades surgirão à frente? Com certeza! Mas neste
momento eu pensarei: "Já disse ao mundo o que vim fazer aqui".
Se
este texto servir para transformar sua trajetória em algo melhor eu já
me sentirei mais feliz. Este sou eu (ou um pouco de mim).
Marlon Barg.
Marlon Barg.
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