Não seguir à risca as orientações médicas, tomar remédios sem
prescrição médica, com receitas repetidas, e ainda aumentar ou reduzir a
dose do medicamento por conta própria. Estas posturas podem prejudicar a
recuperação e, até mesmo, piorar o quadro clínico do paciente, alertam
especialistas.
As negligências mais comuns no tratamento envolvem medicamentos para
doenças cardiovasculares, hipoglicemiantes, além dos analgésicos. “Esses
somam mais de 85% dos casos”, calcula a médica do Hospital das Clínicas
da UFMG, Cristina Barbosa. Ela acrescenta que não seguir adequadamente o
tratamento pode ser ainda mais perigoso quando o paciente é idoso ou
usa múltiplos medicamentos.
São várias as situações de perigo. Em tratamentos com antibióticos,
por exemplo, o uso inadequado pode promover a seleção de germes
resistentes e aumentar o risco de infecção. Em casos mais graves, como
tumores, o abandono do tratamento com quimioterápico pode resultar no
retorno da doença. “Vários profissionais da área de saúde estudam formas
de evitar essa postura. Nos Estados Unidos e também no Brasil existem,
inclusive, organizações sem fins lucrativos que promovem a prática
segura no uso de medicamentos”, relata Cristina.
Na medida certa
Os horários para tomar os remédios também precisam ser respeitados.
Cada medicamento tem suas características farmacológicas próprias, com
um determinado tempo de ação. “Somente respeitando esse tempo é possível
ter o efeito desejado”, afirma o professor do Departamento de Clínica
Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Antônio Ribeiro de Oliveira
Júnior.
De acordo com ele, é razoável uma variação de até uma hora para mais,
ou para menos, na administração dos medicamentos. Quando se extrapola
esse limite, os prejuízos já podem ser observados.
Outra prática comum é aumentar a dose do medicamento para obter
efeitos mais rápidos ou adiantar o tratamento. Porém, como eles são
metabolizados principalmente pelo fígado e rins, a substância em excesso
pode ser acumulada no organismo e causar intoxicação.
Bom relacionamento
Para Cristina Barbosa, uma boa relação entre médico e paciente é a
principal medida para evitar esses tipos de falhas. “O paciente precisa
informar aos médicos todos os medicamentos em uso. É muito comum o
paciente ser acompanhado por mais de um especialista, e não informar
quais medicamentos o outro profissional prescreveu. Além disso, ele deve
informar sobre algum efeito colateral”, orienta.
Entretanto, a responsabilidade não é só do paciente. O médico deve
oferecer espaço para que o paciente tire dúvidas especificas sobre a
medicação. “Um dos principais problemas referentes ao uso incorreto da
medicação é a ineficiência da comunicação entre o médico e o paciente”,
alerta o professor Antônio.
A educação do paciente deve ser iniciada antes do tratamento, com
explicações sobre o motivo do uso do medicamento e quais os efeitos
colaterais previstos. “O paciente também deverá ser informado sobre
quais efeitos são mais sérios e que merecem comunicação imediata ao
médico ou visita ao pronto-socorro”, conclui o professor.
Fonte: Medicina UFMG
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