segunda-feira, 6 de junho de 2011

Campanha de farmacêutica prega vida sem menstruação, informa Folha de S.Paulo

 Uma campanha na televisão e nas redes sociais está anunciando benefícios de suprimir a menstruação, informou nesta segunda-feira o jornal Folha de S.Paulo. Chamada de "Viva sem menstruar", a ação publicitária recomenda às mulheres perguntar ao médico sobre remédios para acabar com o ciclo, sem citar marcas.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proíbe a publicidade de drogas vendidas com receita.

A responsável pela campanha é a farmacêutica Libbs, que faz anticoncepcionais. "Viver sem menstruar é a melhor opção, pois o organismo da mulher não está preparado para tantas menstruações", afirmou a empresa, por meio de sua assessoria.

Mas, para Rogério Machado, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, isso não é verdade em todos os casos. "Há mulheres que têm prejuízos com a menstruação e elas merecem ter a opção de suprimi-la. Mas não são todas que têm queixas."

Parar a menstruação não prejudica a saúde. Mas a pílula de uso contínuo "um dos tratamentos para suprimir o ciclo" tem contraindicações, como o uso por fumantes acima de 35 anos, por risco de trombose.

César Fernandes, presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo, critica o estímulo para parar de menstruar. "Não se pode passar a mensagem de que menstruar faz mal." Mas, para Machado, "o importante é mostrar que dá para mudar a maneira de tomar a pílula."

Meninas atrasam a menstruação para ficar mais altas

As meninas estão menstruando cada vez mais cedo e têm cada vez mais informações sobre o assunto. Entre elas, a de que não poderão crescer muito mais depois da primeira menstruação e que adiá-la seria uma forma de ficar mais altas. "Existem protocolos para retardar a menarca. O problema é que as adolescentes ou as suas famílias estão querendo adiar a primeira menstruação por uma questão estética", diz a ginecologista Albertina Duarte.

Coordenadora do Programa de Saúde do Adolescente da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, Duarte diz que tem sido procurada por escolas para falar sobre o assunto. Segundo ela, muitas meninas buscam informações na internet e tomam medicação sem o conhecimento dos pais.

ABUSO DE HORMÔNIO

Há formas naturais de retardar a menarca, como praticar exercícios intensos, ter uma alimentação pouco calórica e dormir direito. Outras maneiras envolvem o uso de medicamentos, como progesterona, para impedir a ovulação, ou bloqueadores de gonadotrofina, responsável por disparar a fabricação de hormônios sexuais. "Hoje, há um abuso de medicamentos à base de progesterona [para adiar a menstruação]", diz Duarte.

Não há garantia de resultados, afirma Teresa Cristina Vieira, endocrinologista pediátrica do Hospital Sabará. "Pode estar na moda, mas não serve para nada. Se a puberdade não for precoce, retardar a menstruação não aumenta a estatura final."

A puberdade é considerada precoce quando chega antes dos oito anos. Hoje, por vários motivos ainda discutidos pelos médicos (obesidade infantil, por exemplo), a primeira menstruação chega mais cedo. "Era, em média, aos 13 anos, hoje passou para os 11. Em algumas meninas, valeria a pena retardar a menarca e ganhar alguns centímetros, mas é exceção", diz a ginecologista Denise Coimbra.

Para o ginecologista Elsimar Coutinho, autor de "Menstruação, a Sangria Inútil" (ed. Gente), o tratamento vale a pena. "Se a menina ganhar dez centímetros na vida, é uma vantagem grande."

Para esses casos, ele usa um anticoncepcional implantável, de progesterona. O hormônio começa a ser usado quando surgem sinais da puberdade ""brotos mamários e pelos pubianos. "A ideia é adiar a menstruação até os 14 anos. Eu faço muito isso com minhas pacientes. Principalmente filhas de médicos, porque eles sabem que isso é bom."

Albertina Duarte lembra que se a idade óssea da menina (que pode ser identificada por um raio-X do pulso) já está avançada, nenhum remédio faz crescer. "Isso pode gerar decepção e depressão. Sem contar que os próprios hormônios do tratamento podem levar a alterações do humor."


Fonte: Folha de S.Paulo 

divulgação: http://www.agenciaaids.com.br/noticias/interna.php?id=17024

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