quinta-feira, 9 de junho de 2011

Procedimento correto para aplicação de injetáveis

O serviço de aplicação de injeções é muito importante dentro do atendimento como um todo na nossa farmácia. E realizá-lo com qualidade implica numa série de conhecimentos básicos que, se corretamente seguidos, vão conquistar a tranqüilidade e segurança de nossos clientes com relação ao nosso estabelecimento. Pretendemos, nessa matéria, transmitir algumas informações sobre o assunto, que poderão ser complementadas com cursos e treinamentos adequados. Para trabalhar corretamente, devemos observar nossa aparência pessoal, o ambiente (no caso, a sala de aplicações) e as técnicas para cada tipo de via de administração (injeção intradérmica, subcutânea, intramuscular e intravenosa).

l - Qualidade na aparência pessoal: é imprescindível para que o cliente sinta segurança, além do comportamento educado e gentil, é importante o cuidado com os cabelos, unhas, barba e uniforme.

Lembre-se que o aspecto humano conta muito na nossa atividade e nossa apresentação também significa respeito ao cliente.

2 - Ambiente: a sala de aplicação deve ser bem iluminada (luz natural ou branca), ventilada (veja: um local mal ventilado pode proporcionar a absorção de partículas dos medicamentos usados, ou facilitar a contaminação do aplicador, pois, se está junto de pessoas com diferentes enfermidades, inclusive as infecto-contagiosas) e absolutamente limpa (deve ser feita a limpeza e posterior desinfecção com álcool 70, água sanitária ou outro bom desinfetante, todos os dias; o balcão onde é feito o preparo da injeção deve ser desinfetado após cada aplicação. A limpeza inclui o chão, balcões e paredes da sala de aplicação - é muito desagradável perceber respingos de líquidos nas paredes (por sinal, essas perdas prejudicam a ação do medicamento, pois não é aplicada a quantidade necessária, e revelam falta de cuidado e de técnica). Móveis e utensílios: a sala deve possuir sala com torneira, balcão com gavetas (separado da pia), cadeira e suporte de braços, lixeira com tampa (acionada por pedal), suporte para papel toalha (ou toalha de pano que, se for utilizada, deve ser de cor clara e deve ser trocada no mínimo uma vez ao dia. Lembre-se que a toalha de papel é preferível, pois a toalha de pano torna-se um veículo de recontaminação das mãos), além de um anti-séptico (álcool iodado ou álcool 70, por ex.), um recipiente para o algodão, e caixa própria para o descarte dos materiais perfuro-cortantes.

Tenha, na sala de aplicação, todo o material necessário (seringas agulhas, algodão, todos guardados de forma organizada, nas gavetas do balcão). E embaraçoso quando, com um cliente na sala, precisamos abrir a porta para pegar algo que não estava ali. a mão, no momento.

3 - Lavagem das mãos: é um procedimento tão importante que deve merecer atenção especial. A lavagem correta vai diminuir a quantidade de microorganismos existentes nas mãos, reduzindo consideravelmente o risco de contaminação do nosso cliente. As mãos devem ser lavadas à vista do cliente, ensaboando bem as mesmas, entre os dedos e os pulsos (antes de começar a esfregá-las, lave primeiro o sabonete). Após a lavagem, deve-se enxugá-las, iniciando-se pelas pontas dos dedos e, por último, os pulsos. Após a aplicação da injeção, deve-se lavar novamente as mãos. Cuidado com as escovinhas para unhas, na pia! Elas ficam logo sujas, apresentando pontos pretos de bolor. Ou as lemos bem limpas, ou é melhor nem mantê-las na sala. Além do mais, as unhas devem estar bem cortadas, o que dispensa o uso de escovinhas.

4 - Preparo do medicamento: antes de tudo, devemos estar bem seguros com relação à prescrição médica, tendo plena certeza do tamanho da seringa e agulha utilizadas, da quantidade e dosagem a ser aplicada e da via de administração (se é uma injeção IM, IV, etc.).

Vamos:

a - abrir a embalagem da seringa e movimentar o êmbolo, para lubrificar o interior da mesma, tornando mais fácil a aspiração do medicamento;

b - recolocando a seringa sobre sua embalagem fazer a desinfecção da ampola com algodão embebido em solução anti-séptica, abrindo-a em seguida com os dedos polegar e indicador da mão direita (tenha o cuidado de envolvê-la com algodão ou gaze, para não se cortar). Retirar o protetor da agulha, deixando-o sobre a embalagem da seringa;

c - aspirar o conteúdo da ampola, segurando-a com os dedos indicador e médio da mão esquerda; com os dedos polegar, anular e/ou mínimo da mesma mão, segurar a seringa, introduzindo-a na ampola e ir, aos poucos, inclinando ampola e seringa. até que todo o líquido tenha sido aspirado.

d - tampar a agulha com o seu protetor. Lembre-se: em nenhum momento seus dedos devem tocar a agulha ou partes da seringa que tenham contato com o medicamento ou a pele do cliente:

e - retirar o excesso de ar da seringa e. se houver bolhas, bater levemente sobre elas com a ponta do dedo, para deslocá-las;

f- se formos retirar o conteúdo de um frasco ampola, devemos retirar o lacre médico e desinfetar a tampa de borracha. Homogeneizar o medicamento (pó + liquido), girando o frasco suavemente entre as mãos, e introduzir a agulha na rolha do frasco, fazendo a aspiração do mesmo como foi explicado no item c). Usar duas agulhas, uma para aspirar o líquido e outra para a aplicação (esse cuidado visa evitar o entupimento da agulha, ou desconforto para o cliente, pois a agulha, depois de introduzida na rolha de borracha, fica "rombuda", e machuca o local da aplicação). Para facilitar a aspiração do líquido, podemos primeiro aspirar um pouco de ar na seringa e introduzi-lo no frasco, retirando, em seguida, o conteúdo do frasco.

Durante o preparo do medicamento, não se deve. falar, pois isso pode contribuir para a contaminação do liquido estéril.

Fonte: Âmbito Farmacêutico 145 - Manual do Balconista no 1

Farmacêutica Vera Lúcia Pivello Gallina

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