Tadeu Breda
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Apenas 22% dos farmacêuticos de Ribeirão Preto - independentemente do sexo, faixa etária ou tempo de serviço - possuem conhecimento adequado da legislação sanitária e da regulamentação profissional. A constatação é um dos resultados da dissertação de mestrado de Luci Rodrigues da Silva, defendida no Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.
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O trabalho teve como objetivo caracterizar o perfil dos profissionais de farmácia e avaliar seus conhecimentos sobre as leis que regem a comercialização de medicamentos e as atribuições do farmacêutico.
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Luci aplicou um questionário a 100 farmacêuticos regularmente inscritos no Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP), escolhidos aleatoriamente entre os profissionais das 175 drogarias da cidade. "Observamos baixo conhecimento sobre pontos importantes da profissão", revela Luci. Um deles foi referente à comercialização de antibióticos.
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No Brasil, a venda de antibióticos somente é permitida mediante apresentação de receita médica. "No entanto, durante a entrevista, 47% dos farmacêuticos citaram pelo menos um antibiótico que consideram - erroneamente - como de livre comercialização", diz a pesquisadora. "Um outro ainda se referiu a um antiinflamatório como exemplo de antibiótico que pode ser vendido livremente." Para Luci, o dado reflete a força que a cultura da automedicação possui entre a população, sendo incorporada até mesmo à rotina do farmacêutico.
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A permanência de um farmacêutico responsável durante todo o funcionamento da farmácia ou drogaria, exigência estabelecida pela Lei Federal Nº 5.991/73, também é desconhecida da maioria dos profissionais. "A presença do farmacêutico no atendimento à população é imprescindível para que se possa fazer uma avaliação correta da receita médica e evitar a ocorrência de erros", esclarece Luci. Cerca de 60% dos farmacêuticos desconheciam essa norma.
Erros genéricos
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"Observamos também que apenas 29% dos profissionais entrevistados definiram corretamente o que é um medicamento genérico. Além disso, 85% não sabiam que é permitida a aplicação de penicilina injetável nas drogarias", completa Luci.
Segundo a pesquisadora, desconhecendo a legislação e suas atribuições profissionais, o farmacêutico dificilmente conseguirá lidar com as inúmeras situações que aparecem no dia-a-dia. "Tampouco poderá avaliar a prescrição médica e interferir corretamente no receituário dos pacientes", diz. "Isso pode levar o profissional a cometer infrações sanitárias, éticas, civis e até mesmo penais."
"Os farmacêuticos são os que mais deveriam prezar pelo cumprimento da legislação, mas, infelizmente, pouco a conhecem." Para Luci, os resultados da pesquisa refletem uma formação deficiente nas faculdades de Farmácia. "Se precisamos de um profissional capaz de garantir a qualidade do medicamento que iremos consumir, devemos formá-los adequadamente", finaliza.
Mais informações: (0XX16) 3977-9351 ou lrsilva@saude.pmrp.com.br
Fonte: http://www.usp.br/agen/bols/2004/rede149
Créditos e matéria:
http://www.portalfarmacia.com.br/farmaci
ìntegra do trabalho da Dra. Luci
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=
Mais uma vez se vê a necessidade de reformulação da grade do curso de farmácia.
ResponderExcluirQuando iniciei o curso colegas de outros semestres disseram que as matérias de legislação estavam sendo ministradas pra eles no final do curso, já na minha turma que era 1º semestre estavam sendo ministradas no começo do curso. Ao meu ver seria muito mais produtivo ministrar essa matéria realmente no fim do curso, que é o período onde fazemos estágios em drogarias e laboratórios e teremos constante contato e necessidade de conhecimento nessa área. Eu como recém formada ainda encontro dificuldades quanto legislação principalmente no quesito dispensação quando se trata de psicotrópicos. Precisamos mudar essa imagem do profissional farmacêutico, que acaba sendo visto como mau informado, e as vezes até sem aptidão para tal função que exige muita responsabilidade.