sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Crime à vista - Antibiótico sendo substituído por antiinflamatório

Sem receita, usuário aceita troca de antibiótico por outro remédio

Se há duas semanas era simples entrar em uma farmácia e sair de lá com um antibiótico, após a nova regra da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em vigor desde o último dia 28, não se compra o medicamento sem receita médica nas farmácias de Bauru. A reportagem do Jornal da Cidade foi a oito estabelecimentos e, em nenhum deles, conseguiu adquirir remédio à base de amoxicilina, indicado para combater infecção de garganta. Algumas delas afixaram no balcão a nova lista de medicamentos que exigem receita médica. Porém, a maioria dos estabelecimentos - sete - indicou anti-inflamatório.

A Anvisa proíbe a venda de antibióticos sem indicação médica. Como já acontecia com os medicamentos controlados, agora os pacientes precisam apresentar receita com duas vias, sendo que uma delas fica retida na farmácia. A medida tenta coibir a automedicação, fator que favorece o surgimento de bactérias super resistentes, como a KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemase), que tem deixado em alerta hospitais de todo o Brasil.

Apesar de as farmácias de Bauru visitadas pela reportagem estarem cumprindo as normas da Anvisa quanto ao antibiótico, os farmacêuticos orientaram o repórter - que simulava estar com dor de garganta - a comprar anti-inflamatórios para combater uma suposta infecção.




CrimeK


Para o médico Carlos Alberto Monte Gobbo, membro do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), indicar medicamento sem receita médica é uma prática criminosa. “É como tratar da dor de cabeça e da febre em um paciente com meningite. O anti-inflamatório pode aliviar a dor, mas não vai combater a bactéria. O medicamento vai mascarar a infecção, que poderá voltar a se manifestar de forma mais intensa”, aponta Gobbo.

Fábio Valentim, diretor da seccional de Bauru do Conselho Regional de Farmácia (CRF-SP), afirma que farmacêuticos não podem indicar o uso de medicamentos que exigem prescrição médica, mas ponderou que, em muitos casos, os profissionais procuram ajudar os clientes que não encontram atendimento no sistema de saúde. “Existe a preocupação com as pessoas que não podem ficar por horas na fila dos hospitais públicos (para consultar-se com médico) e mesmo com as que esperam muito tempo para conseguir uma consulta particular. Em muitos casos, trata-se de uma orientação consciente e responsável”, explica.

Balconistas sem formação especializada também indicaram ao repórter medicamentos anti-inflamatórios. Valentim explica que, nessas situações, o farmacêutico responsável deve responder pelas irregularidades. “Primeiramente eles são chamados para orientação no Conselho. Se acontecer de novo, pagam uma multa e podem até perder a carteira do CRF”, alertou.

• Serviço

Denúncias por irregularidades na venda de medicamentos podem ser no Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo pelo telefone 0800-7702273 ou pelo e-mail denuncia@crfsp.org.br


fonte: http://www.jcnet.com.br/mostra_manchete.php?codigo=3385

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