sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A culpa não é minha!

Em (18 de março de 2007)
Escrito por Luiz Marins
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O que fazer quando as pessoas não assumem a responsabilidade pelo que delas se espera?
O que fazer quando um coloca a culpa no outro e ninguém assume a responsabilidade?
O que fazer quando um deixa para o outro e as coisas simplesmente não acontecem?

Há pessoas especializadas em achar culpados para suas próprias responsabilidades.

Por mais incrível que possa parecer, outro dia, ao visitar uma empresa, vi um funcionário matando o tempo no serviço e quando perguntei por que não fazia a tarefa dele, ele me respondeu: “ - A culpa é do meu chefe que não me motiva”. Em seguida perguntei: “ - Por que você não deixa este emprego e procura outro que tenha um chefe que motive você?”. E ele respondeu: “ - Eu não. Ele se quiser que me mande embora”. Quando ainda perguntei o porquê de ele estar tão desmotivado, ele me respondeu: “- É porque nunca fui promovido nesta empresa”.

Fico impressionado ao ver que muitas pessoas não assumem responsabilidade alguma. Nem pela sua própria felicidade! A culpa é sempre do outro departamento, da outra seção, do fornecedor e até do cliente. A culpa é do sistema, do software, do provedor da internet, etc. Todos são culpados em algum momento. Menos ela, a pessoa que deveria ser a responsável pela tarefa ou função e que, além de não se responsabilizar, ainda se diz desmotivada por não ser promovida.

Nesta semana, pense se você não é das pessoas que culpa a tudo e a todos pelas coisas que deveria assumir e resolver. Pense se sua desmotivação não é fruto de sua ausência de responsabilidade.

Pense nisso. Sucesso!

Escrito por Luiz Almeida Marins Filho
estudou antropologia na Austrália (Macquarie University) e na USP, foi professor da Universidade Federal de São Carlos e outras universidades e com larga experiência em projetos no setor privado e público inclusive internacional..

Dirige a empresa Anthropos Consulting é a primeira empresa mundial de Antropologia Empresarial.

http://www.anthropos.com.br/index.php

4 comentários:

  1. A culpa não é minha!

    Érico Nogueira
    De São Paulo

    No período das eleições, a prática universal de colocar a culpa nos outros fica tão corriqueira que deixamos de notá-la. Não adianta negar, caro leitor: todo o mundo, desde Adão que culpou Eva que culpou a serpente, quer mesmo é tirar o seu da reta, incluindo eu e você, é claro. No fundo, não queremos ser responsáveis por nada, nem pelo que fazemos, nem pelo que dizemos. E preferimos atribuir aos outros, ou ao mundo que, cruel, nunca nos entende, a responsabilidade pelos nossos erros.

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  2. Isso não é exclusividade nossa, porém: também os santos e os mártires caíram nessa tentação, que parece ser uma das marcas da humana e universal tendência ao auto-engano. Vejam só o que diz o próprio Santo Agostinho nas suas Confissões (V, 10): "Naquela época, não me parecia que éramos nós os pecadores, mas que, dentro de nós, o que pecava era uma natureza estranha, e me deleitava, soberbo, com o fato de não ter nenhuma culpa, e, quando cometia algum mal, não confessava, para que Vós me redimísseis, Senhor, que eu pecara contra Vós, mas gostava de me desculpar e acusar um não sei quê, o qual, dentro de mim, não era eu".

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  3. O que Agostinho descreve continua válido até hoje - e mais hoje, talvez, mais do que nunca. Via de regra, quando não vamos logo botando toda a culpa no vizinho, culpamos um impulso, uma paixão, um deslize momentâneo, que, ainda que seja nosso, não conseguimos identificar com o nosso - perdão por esta palavrinha - "ser". É o procedimento comum das crianças, por exemplo, que nunca fazem nada "por mal", e sempre têm desculpa pra tudo.

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  4. Em O que é esclarecimento? (1783), o filósofo alemão Immanuel Kant o define assim: "Esclarecimento é o homem sair da minoridade que ele mesmo se inflige; minoridade é não ser capaz de fazer uso do próprio entendimento sem a direção de outrem". E aqui chego ao meu ponto: vamos tomar vergonha na cara, leitor, e sair da minoridade. A culpa dos males à nossa volta não é de entidades abstratas como 'a sociedade corrompida', 'a maldade dos homens', 'George Bush' ou 'o partido inimigo': a culpa é nossa, é culpa de carne e osso. Vamos parar de nos esconder no grupo, e assumir plenamente responsabilidade pelo que somos.


    Érico Nogueira é poeta e tradutor. Ganhou o "Prêmio Governo de MG de Literatura" de 2008 com O livro de Scardanelli. Escreve também no Ars Poetica, blogue de poesia. Atualmente vive em Roma, onde desenvolve pesquisa na área de língua e literatura grega.

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