quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Fracionamento - Farmácias não cumprem legislação

Pesquisa mostra que farmácias não cumprem legislação sobre venda de remédios fracionados

Os pesquisadores tentaram comprar remédios de forma fracionada em 49 farmácias de cinco capitais do país


A venda de remédios de forma fracionada está autorizada há cinco anos no país. Entretanto, quem for à farmácia comprar uma quantidade de comprimidos diferente da contida na embalagem original dificilmente conseguirá. Esta é a conclusão de uma pesquisa realizada pelo Instituto Ethos e a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste).

Segundo o levantamento divulgado nesta quinta-feira, 4, os pesquisadores tentaram comprar remédios de forma fracionada em 49 farmácias de cinco capitais do país (Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro). Nenhuma delas vendia.

Com o objetivo de mudar este quadro, as entidades anunciaram também hoje o lançamento de uma campanha em que defendem que a venda de remédios fracionados deixe de ser facultativa e torne-se obrigatória em todas as farmácias do país.

Para a coordenadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolci, dessa forma, o consumidor poderia comprar a quantidade exata de comprimidos receitada pelo seu médico. Com isso, o risco de uso indevido de remédios e de automedicação seria menor. “O consumidor não guardaria mais os remédios que sobram em sua casa”, disse. “Assim, diminuiriam os casos em que o consumidor toma remédios sem passar por uma consulta ou mesmo remédios que estão fora do prazo de validade”, completou.

Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos, disse ainda que o consumidor poderia economizar comprando seus remédios de forma fracionada. Pagaria só pelos comprimidos que teria de tomar para completar seu tratamento. “As pessoas compram assim [em caixas] porque pensam que é assim, não conhecem a forma fracionada”, afirmou. “Mas a venda fracionada poderia ajudar em uma economia muito grande.”

De acordo com Grajew, dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estimam que 20% dos remédios comprados nas farmácias acabam indo para o lixo. Em um ano, R$ 20 bilhões em medicamentos são descartados por algum motivo. “O fracionamento é uma questão econômica”, disse. “As empresas não querem perder parte do que elas estão faturando com a venda de remédios como ela está [sendo feita atualmente].”

Em nota, o Sindicato da Indústria de Produtos do Mercado Farmacêutico no Estado de São Paulo (Sindusfarma) informou que é contra a obrigatoriedade, mas favorável ao fracionamento. Destacou, contudo, que a venda fracionada não avança por três fatores: baixa procura dos consumidores, poucas encomendas do varejo, e falta de hábito e informação de médicos e pacientes.

A Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) afirmou que discorda da campanha lançada pelo Proteste e o Instituto Ethos. Segundo a entidade, o fracionamento dificulta o controle e o combate à falsificação de medicamentos no país.

A Anvisa confirmou que a venda de remédios fracionada está aquém da esperada. Segundo o órgão regulador, "indústria e drogarias acreditam que vão perder lucro e, por isso, não há interesse [no fracionamento]."

Um projeto de lei em tramitação desde 2006 no Congresso Nacional prevê a obrigatoriedade da venda fracionada. O Proteste e o Instituto Ethos estão colhendo assinaturas para uma petição eletrônica que pede a aprovação da lei. Consumidores podem aderir à petição pela internet, no site www.proteste.org.br.
Agência Brasil
fonte: http://www.opovo.com.br/app/outras-noticias/saude/2010/11/04/noticiasaude,2060254/pesquisa-mostra-que-farmacias-nao-cumprem-legislacao-sobre-venda-de-remedios-fracionados.shtml

Um comentário:

  1. Na verdade não é a farmácia que não quer vender.
    A Indústria Farmacêutica, não tem interesse em vender as farmácias produtos em embalagens fracionáveis.

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